sábado, 29 de setembro de 2012

Yu-Gi-Oh! The Duelist of the Roses

Esta é a análise de Yu-Gi-Oh! The Duelist of the Roses, lançado pela Konami em 2001 para o Playstation 2.

File:Yu-Gi-Oh! The Duelists of the Roses Cover.png

Introdução

No final do século 20 e início do século 21, Yu-Gi-Oh! fazia um sucesso tremendo, principalmente no Japão. Tal sucesso fez com que a Konami corresse atrás de adquirir os direitos da série e produzir jogos relacionados. O Forbidden Memories foi lançado para Playstation em 1999 no Japão e, apesar de criticado por ser excessivamente difícil, mandou bem. O sucesso do primeiro fez com que a Konami lançasse o segundo, Duelist of the Roses, para Playstation 2, em 2001. Conforme a série e o desenho eram exportados para fora do Japão e faziam sucesso lá fora também, até mesmo no Ocidente, a Konami pensou em trazer a série ao Ocidente. Receosa a princípio, ela ainda demorou para fazer a transição. Forbidden Memories só saiu do Japão em 2002. Com o relativo sucesso do jogo no Ocidente, ela resolveu investir pesado e trouxe Duelist of the Roses para o Ocidente com toda a pompa que o jogo merece em 2003. E sua tentativa não foi em vão: o jogo vendeu muito bem, foi mais elogiado que o anterior e se tornou um Greatest Hits do console. Ainda não jogou esse game e está indeciso se vale ou não a pena? Acompanhe a análise e tome a sua decisão:

YU-GI-OH! THE DUELIST OF THE ROSES

trucos yugioh Download YuGiOh! The Duelists of the Roses (PS2 | Estrategia)

Informações técnicas

Publicado por: Konami
Desenvolvido por: Konami
Gênero: Card Battle
Plataforma: Playstation 2
Data de lançamento: 6 de setembro de 2001
Faixa etária: Everyone

Trilha-sonora da análise

Enquanto lê a nossa análise, que tal escutar o áudio que separamos mais abaixo?



Música de introdução do jogo.

Sobre a história (contém spoilers)

A história de Yu-Gi-Oh! The Duelist of the Roses é realmente uma bela de uma viagem na maionese. Acho que não tem como definir melhor esse enredo, já que ele não tem nada a ver com nada. Não é parecido com o desenho original da série, não é uma continuação dos jogos anteriores, enfim, é uma história completamente nova e totalmente nada a ver com nada. A Konami apenas se deu ao trabalho de usar os personagens da série para dizer que é um Yu-Gi-Oh!, mas poderia ser qualquer personagem.

A história do jogo tenta retratar de uma forma simbolicamente tosca a famosa Guerra das Rosas, uma luta entre poderosas dinastias europeias que ocorreu no século XV. Dois ramos rivais dentro da Casa Real de Plantagenet, os Lancaster e os York, lutavam para saber quem herdaria o trono de Rei da Inglaterra. Simbolicamente, eles eram referenciados como duas rosas, tendo os Lancaster adotado como o seu símbolo uma rosa vermelha e os York uma rosa branca. Ambos digladiaram em uma guerra que perdurou de 1455 até 1485.

E o quê que isso tem a ver com o jogo? A Konami teve a brilhante ideia de passar a luta entre os Lancaster e os York para o universo de Yu-Gi-Oh!. Cada um dos personagens da série se tornou um representando dos personagens mais famosos da guerra das rosas, perfeitamente divididos entre os Lancaster e os York. Yugi Mutou vira Henry Tudor VII, e seu tio Solomon Muto vira Jasper Tudor. Joey virou o padre Christopher Urswick, personalidade da época. Pegasus Crawford virou Thomas Stanley. E por aí vai, cada um dos personagens recebeu uma identidade de alguma personalidade da época. Tudo para servir como pano de fundo para uma série de batalhas entre eles.

Se a ideia parece estapafúrdia de cara, ela fica ainda mais estranha conforme se prossegue, e se percebe a tentativa da Konami de atribuir elementos da personalidade dos personagens do desenho às pessoas no qual eles se referem no século XV. Mas também não é só isso. A Konami pensou em incluir também diversos elementos místicos no meio da história, dando um toque especial.

Bom, vamos para a trama em si. Peço desde já a sua permissão para tomar algum tempo explicando não só a participação dos personagens do jogo, como também narrarei a biografia básica dos personagens reais dos quais eles representam, de modo a enriquecer a história.

O protagonista é um duelista místico que foi invocado através de magia por Simon McMooran.


Simon McMooran é a encarnação desse jogo de Simon Muran, personagem que sempre aparece nos jogos em papéis secundários de ajudantes de Yugi e subalternos que nos ensinam as regras e realizam os primeiros duelos de treino.

O duelista, conhecido como "Duelista das Rosas", não possui aparência ou nome próprio. Ele foi invocado com um motivo: auxiliar os Lancaster na luta contra os Yorks. Mas aí você deve estar se perguntando: "mas em quê que um duelista de cartas vai ajudar em uma guerra?". Bem, a Konami tratou de resolver isso transformando a guerra pela coroa britânica como uma guerra de cartas. Quase como um campeonato mesmo: aquele time que vencesse o maior número de duelos estaria mais próximo de conquistar as terras britânicas. Sim, é patético e até humilhante para a história da Grã-Bretanha esse tipo de comparação grotesca, mas é o que temos para hoje.

O líder dos Lancaster foi Henry Tudor, também conhecido como Henry VII:

File:King Henry VII.jpg

Esse grande homem foi o primeiro monarca da casa de Tudor e o mais nobre de seus membros. Tornou-se rei da Inglaterra e Lorde da Irlanda de 1485 a 1509. Ele conquistou o trono após vencer o até então rei Richard III em uma batalha, que seria lembrada como batalha de Bosworth Field. Foi o último rei da Inglaterra a conquistar o trono em batalha, e sua dinastia foi muito gloriosa e é lembrada até hoje pelos britânicos como sendo de estabilidade política, força econômica e restauração da paz.

No jogo, Henry Tudor foi representado por Yugi Mutou, sendo chamado de "Henry Yugi Tudor".


Sim, trata-se da versão Yami Yugi do protagonista genérico da maioria das sagas de Yu-Gi-Oh. Ele não poderia deixar de ter o papel principal, não é mesmo? Na versão do jogo, Henry Tudor era o maior duelista dos Red Roses e disposto a vencer a guerra das rosas através do "poder das cartas". Recuso-me a tecer maiores comentários acerca de tanta baboseira.

Acha que é só isso? Que nada! Se o Yugi é o líder dos Lancaster, quem você imagina que seria o líder dos York? Primeiro, vamos conhecer Christian Rosenkreuz:

File:Prosphil.jpg

Christian Rosenkreuz, ironicamente, se tornou um personagem muito mais célebre e conhecido mundialmente do que seu oponente, Henry Tudor, jamais foi. Afinal de contas, as lendas que cercam o líder dos York ultrapassaram gerações e perduram até hoje. Ele foi o fundador de uma importante Ordem mística do século XVII, a Ordem Rosa-Cruz (daí seu nome), a maior ordem de conhecimento místico e esotérico dos tempos antigos. Seus livros acumulavam todo o conhecimento esotérico de sua época, além de experiências próprias sofridas em suas peregrinações pelo Oriente Médio. Seu legado esotérico deu origem a todo o simbolismo que permeia a sua crença até os dias modernos.

Quem melhor para representar Rosenkreuz do que o Seto Kaiba, ou melhor, Christian Seto Rosenkreuz?

 

Pelo menos, a Konami se deu ao trabalho de tentar passar um pouco das teorias místicas e esotéricas de Rosenkreuz para Seto Kaiba, também, tornando-o uma mistura da arrogância que ele sempre apresentou no desenho com o ar de sábio místico desconhecido que Rosenkreuz possuía. Apaixonado por lendas, magia, poderes ocultos e simbologia, ele até que consegue representar mais ou menos bem seu personagem histórico. Dentro do mentalmente possível, é claro.

Seto aparece no momento do ritual do Duelista das Rosas para fazer uma proposta. De acordo com ele, para que o Duelista possa ser levado de volta ao seu tempo de origem, outro ritual precisa ser feito, e, para isso, é necessário que a pessoa tenha as 16 cartas de rosas, sendo 8 vermelhas e 8 brancas. Os Lancaster possuem 8 cartas de rosas, e os York outras 8. Cabe então ao duelista escolher se prefere se juntar aos York contra os Lancaster ou vice-versa.

Caso escolhe os Lancaster, o duelista se alia contra os mocinhos e passa a enfrentar os bandidos, por assim dizer. Diversos personagens anteriores e do desenho fazem sua aparição, como Weevil Underwood,


Rex Raptor,


e Bandit Keith, chamado no jogo de Keith Howard:


Esses personagens são secundários e possuem também um papel secundário na história do jogo, sendo apenas competidores dos quais temos de derrotar para seguir em frente. A coisa muda quando nos deparamos frente a frente com Thomas Stanley.

File:Thomas-Stanley-1st-Earl-of-Derby.jpg

Thomas Stanley era Rei de Mann, e padrasto de Henry Tudor. Possuía imenso poder a noroeste da Inglaterra, em Cheshire, Lancashire e Derby, onde sua autoridade era indiscutível. Chegou a liderar a Casa de Lancaster, mas, após se casar com Eleonor, parente de pessoas influentes da Casa de York, passou a ser um membro dos York. Quando a guerra das rosas estourou, ele ainda pertenciam à Casa de York, mas então ele tomou uma atitude que o consagraria para sempre: deixou de lutar contra sua antiga casa, e se manteve fora da guerra. Na batalha de Blore Heath, a poucas milhas de suas terras, se negou a participar, e os York perderam toda a moral. Até mesmo seu irmão, William Stanley, dos York, acabou sendo aprisionado e condenado. Como os York dependiam de sua influência e seus homens, a traição de Stanley foi crucial para que os Lancaster tomassem vantagem e consequentemente saíssem vitoriosos.

Thomas Stanley é representado no jogo por Maximillion Pegasus, ou Pegasus Crawford:


Pegasus interpreta bem o lado ambidestro de Thomas Stanley, poderoso porém não disposto a entrar em brigas originadas por outras pessoas. Assim como seu personagem histórico, Pegasus se recusa a atuar ao lado de Rosenkreuz e Richard III, o que ajuda os Lancaster a conquistarem as terras de York.

Por fim, o duelista ainda enfrenta o próprio Richard III!

File:Richard III earliest surviving portrait.jpg

Richard III foi o Rei da Inglaterra entre 1483 e 1485. Foi coroado após a descoberta de que Edward V, filho do então rei Edward IV, não podia subir ao trono devido à ilegalidade de seu casamento e suas relações com a coroa. Suspeita-se que tudo foi uma armação do próprio Richard III para tirar seus concorrentes ao trono, mas, depois que Edward V e IV sumiram misteriosamente (assassinados?), Richard conseguiu a coroa. Muitas conspirações foram feitas em cima dele, com diversas acusações, o que gerou muitas rebeliões e revoltas. Seu reinado foi muito conturbado devido a isso, sofrendo diversos ataques políticos de diferentes frentes. Foi o último rei da Casa de York, e pereceu em batalha, assassinado na famosa batalha de Bosworth Field, de modo que os Lancaster puderam finalmente tomar o poder e destronar o maldoso rei. Ele foi destronado pelo próprio Henry Tudor em batalha, encerrando o período dos York no poder. Sua memória é cantada até hoje em algumas peças famosas de William Shakespeare, uma inclusive leva o seu próprio nome.

Richard III foi representado por Heishin, ou melhor, Richard Slysheen of York:


Richard Slysheen representou bem Richard III, pois é um dos mais fracos de York. Muito simples de ser derrotado, talvez uma referência clara ao modo como seu personagem foi derrotado em batalha.

Após derrotar Richard III em batalha, os Lancaster vencem os York e se consagram vitoriosos. Henry Yugi Tudor se consagra como Rei da Inglaterra e a guerra das rosas chega ao fim. No entanto, Yugi ainda diz que devemos nos encontrar com Seto e acabar com ele de uma vez por todas. Ambos se encontram no Stonehedge, para uma batalha final. Após sair vitorioso, o duelista das rosas consegue as oito cartas vermelhas, mas Seto é quem ri. Ele revela que tudo não passou de um plano dele. Ele queria que os Lancaster invocassem o duelista das rosas, pois apenas ele seria capaz de conseguir todas as cartas vermelhas e brancas e reuni-las ali, exatamente ali, no Stonehedge. A ideia era que, com todas as cartas, ele pudesse realizar o maior ritual de todos, o Ritual da Grande Invocação, trazendo à vida o grande mestre das cartas, o invencível e místico lorde criador das cartas de duelo. Eis que ele invoca Manawyddan Fab Llyr, divindade da mitologia celta, representada pelo antagonista do jogo anterior, o Darknite.


Após derrotar essa divindade, os planos macabros de Seto finalmente vão por água abaixo, e ele acaba sendo finalmente derrotado. A história acaba aqui.

A outra versão do jogo, caso o duelista das rosas se junte aos York contra os Lancaster, não tem lá tantas variações, mas os oponentes que enfrentamos são totalmente diferentes. Nesse caso, devemos enfrentar os membros da Casa Lancaster, como Elizabeth of York.

File:Elizabeth of York from Kings and Queens of England.jpg

Elizabeth of York começou York antes de se tornar Lancaster. Ela foi filha de Edward IV, monarca da Inglaterra, irmã de Edward V, outro monarca da Inglaterra, sobrinha de Richard III, o então monarca, todos de York, e por fim acabou por se casar com Henry Tudor, de Lancaster, depois que ele sucedeu ao trono, sendo portanto relacionada a nada menos do que quatro importantes monarcas ingleses.

Elizabeth of York foi representada no jogo pela Tea Gardner, ou apenas Tea.


Depois, é a vez de Thomas Grey.


Thomas Grey foi um nobre influente inglês que se tornou nobre a princípio devido aos casamentos de sua mãe, o que o levaram a ser declarado conde e marquês de Dorset. Depois, ele fez fortuna com seus próprios casamentos, casando-se com Anne de York, duquesa de Exeter, e depois com Cecily Bonville, baronesa de Harington, ambas damas podres de ricas.

Thomas Grey foi representado pelo Tristan Taylor, ou melhor, Thomas Tristan Grey:


A seguir, o duelista se depara com Lady Margaret Beaufort:

File:Lady Margaret Beaufort from NPG.jpg

Margaret Beaufort foi a personagem feminina mais importante da guerra das rosas. Mãe de Henry Tudor e matriarca da Casa de Tudor, ela regia uma grande e imponente figura dentro da Casa de Lancaster, coordenando diversas operações e tomando a frente em alguns pontos. Sua influência a levou a ser a regente da Inglaterra em pontos no qual seu filho não conseguia administrar. Excelente administradora, ela chegou a fundar duas escolas de Cambridge no país.

Como não poderia deixar de ser, Beaufort foi representada no jogo pela principal personagem feminina da série, Mai Valentine, ou melhor, Margaret Mai Beaufort:


A seguir, eles vão para a França, onde encontram outros personagens, como por exemplo Christopher Urswick:


Christopher Urswick foi um padre e confessor de Margaret Beaufort. Reitor de Puttenham, Hampshire e Windsor, ele lutou lado a lado de Henry Tudor na guerra das rosas, mas não no campo de batalha, e sim por fora, reunindo refugiados, coordenando estratégias e ordenando tropas de retirada e mantimentos, além de guiar os inocentes e feridos para locais seguros. Homem de confiança de Henry Tudor, teve participação ativa na vitória dos Lancaster.

Urswick foi representado no jogo pelo Joey Wheeler, ou apenas Joey:


Só escolheram o Joey para representá-lo porque ele é o melhor amigo de Yugi no desenho, assim como o Urswick era muito amigo de Henry Tudor na história.

Depois, chega a ver de enfrentarmos John Morton.


John Morton foi o arcebispo de Canterbury, uma pequena personalidade na época. Ele se tornou arcebispo depois da vitória dos Lancaster, devido ao fato de que, no período da guerra, ele era um lutador ativo (naquela época, era comum os padres e bispos lutarem em guerras). Entre seus mais corajosos atos está o plano de tomada do Castelo de Brecknock. Mais tarde, tornou-se cardeal da Igreja de Anastasia, em Roma, ao lado do Papa Alexander VI.

John Morto foi representado no jogo por Shadi, ou melhor, John Shadi Morton:


A Konami escolheu o Shadi porque ele não tem expressão nenhuma. Só por isso.

Próximo da lista: Jasper Tudor:


Jasper Tudor foi o tio de Henry Tudor. Ele foi praticamente o arquiteto de todas as campanhas militares do sobrinho, contando inclusive com a tomada ao castelo e a Batalha de Bosworth Field.

Como era de se imaginar, ele foi representado no jogo por Solomon Muto, tio de Yugi, chamado no game de Jasper Dice Tudor:


Nem preciso dizer que escolheram o Solomon porque ele é o parente mais próximo que o Yugi pode ter de um tio, não é mesmo (ele é avô do Yugi no desenho)?

Então, eles se deparam com Jack Cade:


Jack Cade não pertencia aos Lancaster, na verdade. Ele era um habitante de Londres da época, mas que se tornou famoso mundialmente ao liderar uma revolta dos trabalhadores contra o rei Henry VI. Lutando contra a pobreza do povo e a corrupção do regime, ele liderou uma revolta popular em Kent e em Londres, juntando mais de 5000 homens, o suficiente para expulsar os homens do exército real da área. Morreu anos mais tarde em uma emboscada em London Bridge.

Jack Cade foi representado no jogo pelo Bakura:


Não sei porquê eles escolheram o Bakura, não me pergunte.

Depois, chega a vez de enfrentar o próprio Henry Tudor, que, como sabe, é representado pelo Yugi Mutou. Após ser derrotado, os Yorkists conseguem todas as cartas brancas e vermelhas, que é a intenção de Seto desde o começo. Ele usa as cartas para invocar o mesmo Manawyddan Fab Llyr, apenas para ser derrotado que nem da outra vez. Depois, seguindo a veracidade da história, Thomas Stanley trai os Yorkists e os Lancaster vencem a guerra do mesmo jeito.

Basicamente, não há grandes alterações entre escolher o caminho dos Lancaster ou dos York, já que no final os Lancaster vencem a guerra das rosas do mesmo jeito, Seto acaba desfalecido após invocar a divindade e Henry Yugi Tudor se torna o rei da Inglaterra. Fim da história.

Sobre o jogo

O tempo passou, e a franquia Yu-Gi-Oh! finalmente chegou à nova geração. Com a franquia atraindo cada vez mais jovens e usuários para as disputas de cartas de ação, um jogo de videogame baseado no famoso jogo não seria nenhuma surpresa. Seria até mesmo simples adaptar o jogo de cartas convencional para o mundo virtual, apenas fazendo versões digitais das cartas, colocar animações dos personagens mais famosos, e pronto, está tudo certo. Mas a Konami não pensou assim.
A Konami quis fazer algo bem improvável: mudar todo o sistema que poderia ser de sucesso. Ela desafiou a obviedade ao desenvolver um jogo totalmente não convencional, misturando jogo de cartas com boas doses de Strategy e até Tactical Role-Playing Game. Tudo para tentar adequar o jogo à nova geração.
A história do jogo, como pôde ver, é a mesma de sempre, mas com uma inusitada inspiração na guerra das rosas que definiu a coroa britânica no final do século XV. Perante tantos personagens históricos (e algumas bizarrices também), a história se desenvolve, e os personagens famosos do desenho aparecem aqui e ali. Nessa frente de batalha, somos um duelista sem nome e sem pátria, vindo de outra época e livre para escolher qual lado defender. O destino da guerra (que mais parece um campeonato de cartas) é decidido por nós, em meio a viagens passando pela Inglaterra e pela França.
As regras derivam daquelas que conhecemos do jogo anterior, Forbidden Memories. Vale lembrar que as regras de Forbidden Memories não eram 100% fiéis ao jogo real de cartas, possuindo muitas novas possibilidades e coisas impensáveis de se fazer no jogo real, como fusões em tempo real e a possibilidade de se lançar qualquer carta a qualquer momento sem necessidade de rituais ou polimerização. Agora, a Konami extrapolou ainda mais, e tirou do jogo um elemento que sempre lhe foi constante: o tabuleiro.
O tabuleiro no qual as cartas são lançadas não é mais aquele comum, uma fileira de cinco colunas para cada lado. Agora temos um quadrado com 49 espaços, divididos em 7x7. As cartas podem se movimentar livremente pelo cenário, locomovendo-se para posições mais estratégicas. Apenas essa alteração alterou completamente o modo como o jogo é jogado, visto e pensado.
Vai ser preciso re-explicar completamente as regras. Tentarei ser o mais sucinto possível. Cada duelista forma um deck composto obrigatoriamente por 40 cartas, como antes. Ao início do duelo, cada um saca cinco cartas para a sua mão, e saca-se uma nova carta a cada turno. Desta vez, cada duelista possui 4000 pontos de vida, sendo que ele possui ainda um representante em campo, uma carta que simboliza o jogador e que se movimenta em campo. Essa carta especial, chamada de "Líder", não ataca e nem defende, apenas serve para ser atacado, e qualquer dano sofrido se reflete em perda de pontos de vida. Perde o duelo aquele que ficar sem pontos de vida primeiro.
A única forma de se atacar os pontos de vida do oponente e invocando cartas-monstro ao tabuleiro, e atacando diretamente o líder adversário (uma breve exceção às cartas mágicas que atacam o líder diretamente). Invocar monstros e outras cartas é a principal função do líder, que pode invocar suas cartas em qualquer espaço livre ao seu redor. Por isso, a movimentação do líder é importante. Aproximar o seu líder do adversário lhe permite invocar monstros mais próximos do oponente, mas também abre espaço para ser atacado mais rapidamente. É preciso pensar no ataque e na defesa a qualquer momento.
E tem novidades. Diferentemente do jogo anterior, agora não podemos mais sair invocando os monstros a torto e a direito. A ideia de sacrifício, existente do jogo real, faz sua aparição, mas não do modo como estamos acostumados. Chega a ser parecido, mas não idêntico. Cada carta de monstro possui um custo para ser invocado, que varia de 1 estrela a 10 estrelas. Para pagar esse custo de invocação, usa-se moedas de sacrifício. A única forma de se juntar moedas de sacrifício é passando os turnos. Ganhamos três novas moedas de sacrifício a cada turno que se passa. Pode-se juntar até 12 moedas de sacrifício. Cabe ao jogador decidir se vale a pena ou não esperar mais alguns turnos acumulando moedas de sacrifício para poder invocar monstros mais poderosos.
Os monstros podem se enfrentar em batalha. Cada carta-monstro possui dois índices usados para combate: ataque e defesa. Quando a carta é posicionada na vertical, isso indica que ela está em posição de ataque, e, na horizontal, em posição de defesa. Qualquer carta-monstro em posição de ataque pode atacar uma carta-monstro adversária, em posição de ataque ou de defesa. O índice de ataque do atacante confronta o índice de ataque do oponente, se ele estiver em modo de ataque, ou de defesa, se ele estiver em modo de defesa. Se for superior, a carta é destruída, se for inferior, a carta atacante é destruída, se o oponente esteve em ataque, ou permanece se o oponente esteve em defesa. De qualquer forma, o número resultante do combate é deduzido do montante de pontos de vida do atacante ou do defensor.
Diferentemente do jogo anterior, não é mais possível perder por ficar sem cartas. Mesmo que o duelista tenha sacado e usado todas as suas 40 cartas do baralho, o duelo continua em frente. Também não somos mais obrigados a usar uma carta todos os turnos. Isso permite uma liberdade maior nos duelos, mas, em contrapartida, a Konami colocou um contador de turnos no jogo. Há um limite de turnos, que geralmente começa com 99. Quando esse contador chegar a 0, a batalha acaba e aquele que tiver mais pontos de vida no momento se torna vencedor. Isso impede que aconteçam batalhas eternas. Elas podemos demorar muito, mas uma hora têm de acabar. Também é possível acabar com tudo imediatamente de uma forma especial: invocando a carta mais rara de todas, Exodia the Forbidden One.
E assim ocorrem os combates do jogo. É claro que o jogo não se resume apenas a cartas-monstro: ninguém consegue vencer com um deck só deles, mesmo que sejam fortes. É preciso saber mesclar cartas monstro com cartas mágicas, que possuem vários poderes distintos, como tirar pontos de vida do oponente, encher pontos de vida, matar monstros adversários, reviver monstros mortos, controlar monstros adversários, enfim, uma grande variedade de opções, para todas as estratégias. Há ainda cartas armadilha, que se acionam quando um monstro se aproxima, e podem virar uma partida quase perdida a seu favor. Há, ao todo, 853 cartas diferentes para serem adquiridas, selecionadas e utilizadas, permitindo milhares de possibilidades de estratégias diferentes.
Se o combate permaneceu inalterado, as possibilidades de estratégia evoluíram e muito. A começar pelo tabuleiro, no qual há diversos tipos de terreno que podem ser atravessados. Os terrenos são os mesmos que já conhece: floresta, oceano, montanha, planície, deserto, trevas e assim por diante. Cada terreno fornece atributos para determinados tipos de monstro, sejam positivos ou negativos. O terreno deserto, por exemplo, favorece os monstros do tipo dinossauro, zumbi e rocha, enquanto prejudica monstros do tipo água, planta e serpente marinha. Há ainda terrenos especiais, como o labirinto, no qual apenas algumas cartas-monstro podem atravessar, e ainda o novo terreno Crush, o qual destrói automaticamente qualquer monstro com menos de 1500 pontos de vida.
Cada batalha possui um tabuleiro com terrenos diferentes, dispostos a melhor dar vantagem ao oponente, é claro. Cabe ao jogador entender a estratégia rival e bolar uma que possa vencê-la. Não adianta encher o seu deck de monstros fortes e poderosos se o tabuleiro rival é repleto de terrenos Crush, por exemplo. Se o adversário é especializado em monstros de água e possui um tabuleiro todo de oceano, levar um deck com muitos monstros do tipo fogo é uma péssima ideia. E por aí vai.
Alguns tabuleiros podem ainda parecer verdadeiras dungeons, tamanha a variedade na disposição dos terrenos. Usando cartas de labirinto, intransponíveis pelo líder, os tabuleiros possuem designs peculiares que nos fazem sentir dentro de uma dungeon de um verdadeiro RPG. Para facilitar a visão e a tomada de estratégia, possuímos total controle sobre a câmera. Podemos virá-la, aproximá-la, afastá-la, e movê-la em qualquer direção. Também podemos limpar a tela de estatísticas e outros efeitos visuais, deixando a tela do seu modo predileto, com muitas informações ou o mínimo de distrações possível.
Duelist of the Roses reforça ainda mais a ideia de "para cada oponente, um deck diferente" do que antes. Não há mais como montar um deck universal, que é capaz de derrotar qualquer oponente do jogo. Primeiro, por questões táticas e estratégicas de cada oponente, que são bem diferentes entre si, e segundo, por causa de um fator incluído no jogo, o "Deck Cost", ou DC. Cada carta tem um valor atribuído a ela, que é vagamente relativo ao seu "poder". Somando-se o valor individual de cada uma das cartas, chega-se ao montante de valor geral do deck, que é chamado de Deck Cost. Por princípios impostos pelo jogo, não se pode duelar contra um oponente  usando um deck que tenha Deck Cost superior ao deck dele. Tem de ser, no máximo, igual. Isso impede que o jogador crie um deck fodão com as melhores cartas do jogo e queira usá-los em todos os duelos. Não vai funcionar.
Boas cartas valem bastante. Portanto, para enfrentar os oponentes com pouco DC, é preciso saber mesclar bem cartas valiosas com cartas não tão valiosas, porque temos de ter 40 cartas no deck e o valor somado delas não pode ultrapassar o DC do oponente. Quer colocar aquela carta mágica excelente, mas de valor alto? Pode colocar, mas vai ter de trocar outras cartas por cartas de menor valor para poder compensar o excesso daquela carta. Saber montar um bom deck para enfrentar cada oponente, que seja capaz de se sobressair à estratégia dele, e que ainda por cima tenha um DC menor ou igual ao oponente, é uma das peças-chave para a vitória. Mais do que nunca, um deck bem pensado e bem montado, com uma estratégia definida, já equivale a 90% da vitória.
Para se montar um bom deck (ou vários) são necessárias boas cartas. No Forbidden Memories, ganhava-se uma carta a cada partida vencida. Muitas vezes, a carta que recebíamos era uma carta tosca que não servia para nada, mas tínhamos que nos contentar com aquilo. Esse panorama desolador foi muito bem alterado nessa versão, para um modo mil vezes mais eficiente de ganhar cartas. Como o jogador depende dessas cartas para montar bons decks, é inútil querer tornar essa tarefa um pesadelo, não é mesmo?
Em Duelist of the Roses, após vencer cada duelo, todas as cartas que foram usadas pelo oponente, secretas ou não (com raras exceções), são colocadas em uma espécie de roleta, ou caça-níqueis para ser mais exato, chamada de Graveyard Slot, para que o jogador possa tentar a sorte, ou a habilidade, se ele pegar a manha da roleta. Ele pode faturar até três cartas por duelo, o que não é mais do que justo. Como as cartas são as que foram usadas pelo oponente e estão no cemitério, não tem perigo de conseguirmos uma carta inútil: se enfrentamos um oponente forte, só podemos receber cartas boas! É possível conseguir diversas relíquias e muitas excelentes cartas de forma relativamente simples, basta pegar as manhas que poderá adquirir com relativa facilidade um Change of Heart, um Monster Reborn, um Raigeki ou mesmo um Blue-Eyed White Dragon. Basta que seu oponente use tal carta, e terá a chance de adquiri-la para si. Simples assim. Sem contar que, se conseguir a façanha de selecionar a mesma carta três vezes ao final de um duelo, poderá adquirir cartas especiais de bônus ainda mais poderosas e raras! Vale ou não vale a pena agora, lutar contra aqueles oponentes chatos diversas vezes só para adquirir suas cartas especiais? E tudo isso com um tempo infinitamente inferior ao do jogo anterior.
Isso remonta a estratégias ainda mais fundamentais para se adquirir cartas. Sabendo-se que há oponentes que adoram usar cartas armadilha, por exemplo, sabe-se onde é uma boa voltar para treinar sempre que sentir a necessidade de adquirir mais cartas armadilha, por exemplo. Com alguma paciência, dá para se realmente pensar em querer colecionar todas as 853 cartas do jogo (o que, no jogo anterior, era tão difícil que pode-se dizer que era uma coisa para loucos ou fãs realmente apaixonados pelo jogo).
O jogador ainda precisa saber se acostumar com o intrincado esquema de fuões de monstros, apesar de que esse recurso se torna bem menos necessário do que no jogo anterior. O sistema de fusão permaneceu praticamente inalterado, de modo que, caso se lembre das fusões nos jogos anteriores, não terá problemas com esse, já que são as mesmas. A Konami apenas tratou de excluir algumas fusões entre cartas mágicas, populares no jogo passado. Mas algumas fusões lendárias ainda são lembradas (como, por exemplo, a do Thousand Dragon ou a do sempre importante e requisitado Twin-Headed Thunder Dragon).
Uma coisa que a Konami fez o favor de esquecer (ainda bem) do jogo anterior foi o esquema de Star Guardians, ou Estrelas Guardiãs. Era ridículo decorar aquilo, além de totalmente sem sentido e nada a ver com nada. Eles jogaram aquela ideia estranha fora.
Outra coisa que a Konami resolveu tirar do jogo foram os duelos em sequência. No Forbidden Memories, era comum ter de enfrentar dois, às vezes três oponentes em seguida, sem a chance de poder salvar o jogo ou se preparar entre um e outro. Dessa forma, se perdesse para o último oponente, teria de voltar tudo de novo, o que desencorajava demais a estratégia individual, e forçava o jogador a querer montar um deck "universal", capaz de se adequar a qualquer tipo de situação, ao invés de bolar um deck específico para quebrar determinada estratégia, e tal.
Alguns saudosistas dirão que essa alteração deixou o jogo muito fácil. Em tese, sim, é verdade. Duelist of the Roses é muito mais fácil do que o anterior, mal chega a ser sua sombra no quesito dificuldade. Enquanto Forbidden Memories era humilhantemente complicado, por N fatores, Duelist of the Roses conseguiu manter o mesmo espírito mas simplificando e facilitando em diversos pontos, deixando essa versão quase uma brincadeira de criança de tão simples. Salve antes de cada oponente. Perdeu e não tolera a derrota? Dê Load Game e tente de novo, ou nem precisa, pois não há Game Over. Poderá tentar quantas vezes quiser e voltar de onde parou. Consegue-se boas cartas com facilidade, os oponentes possuem estratégias fechadas que raramente mudam, e o jogo é inteiramente linear. Não precisa mais ser um gênio das cartas ou ter uma paciência do tamanho do universo para conseguir fechar esse jogo. Basta ir se concentrando em um oponente por vez, e tomar o cuidado de bolar bem o deck. Mesmo parando para treinar e jogar várias vezes com cada um, talvez precise de menos de 130 duelos ao todo para conseguir formar um deck forte o bastante para derrotar o último chefe. Não é nenhum bicho de sete cabeças.
Um bom passo para se ter um deck forte pode começar por ter um líder forte. No começo do jogo, há diversos decks pré-montados que podemos escolher para jogar. Cada deck possui um líder diferente, e uma personalidade diferente, com cartas selecionadas para estratégias definidas, e tal (uns possuem monstros mais fortes, enquanto outros possuem mais monstros-efeito e outros possuem mais cartas mágicas, por exemplo). Mas você não precisa se contentar com esse deck, obviamente. É possível mudá-lo completamente, inclusive alterando o líder. Praticamente qualquer carta-monstro pode se tornar um líder de deck, contanto que tenha nível suficiente para tal. Sim, agora as cartas possuem níveis. Quanto mais vezes elas são usadas em batalha e se tornam úteis para a vitória, elas acumulam pontos de evolução, de modo a irem subindo de ranking. Dessa forma, é possível evoluir as suas cartas prediletas, como se fosse um jogo de Monster Breeding, ou um RPG. Evoluir as cartas não causará qualquer diferença no uso da carta em si, porém, permite que aquela carta possa se tornar um líder de deck, quando no nível máximo. Treinar diferentes cartas pode revelar diferentes líderes de deck, cada um com suas próprias habilidades especiais de líder, que podem muito bem vir a calhar em algumas estratégias mais precisas.
Após fechar o jogo, o jogador receberá um password. Esse password pode ser convertido, na tela de códigos, em uma carta especial inteiramente de brinde. Há várias cartas especiais, algumas realmente úteis, outras nem tanto, mas todas elas interessantes. Como podemos recomeçar o jogo do começo usando o deck que fizemos no jogo anterior, fica ainda mais fácil (graças a Deus) fechar pela segunda, terceira ou quarta vez. Poderá fechar quantas vezes quiser. Vale a pena fechar o jogo várias vezes, só para conseguir essas cartas especiais. Algumas delas são extremamente raras de se conseguir de outros modos! Como são 34 cartas especiais ao todo, precisará fechar o jogo 34 vezes para conseguir todas elas. Vale o sacrifício e o tempo empregado? Você é que sabe.
Mesmo após cansar de fechar o jogo de novo e de novo, o game ainda apresenta algumas coisas a mais. Há o modo Custom Duel, onde pode enfrentar o Duel Master (um ser controlado pelo computador que sua exatamente as mesmas cartas que você. Excelente para treinar fraquezas e forças do seu deck). O legal é que, nesse modo, pode-se definir completamente as regras, para se adequarem ao seu gosto. Dá para alterar a quantidade de pontos de vida, os turnos restantes, os pontos de sacrifício que se ganha a cada turno, enfim, cada detalhe. Dá para montar um tabuleiro customizado do jeito que quiser, enfim, tem várias e várias coisas legais que pode fazer para passar o tempo.
E é claro que não poderia faltar o modo versus. Ainda é possível interagir com outros duelistas, contanto que eles tragam seus próprios Memory Cards. Além de trocar cartas, é possível duelar, e ainda por cima alterando as regras de um modo que possa agradar a ambos, montando o tabuleiro e tal. Essas possibilidades tornaram o modo Versus ainda mais interessantes de se enfrentar. Finalmente, poderá mostrar quem é o melhor duelista. E aí, vai encarar o desafio?

Minha análise do jogo

Gráficos
Pois é, Card Battles não costumam apresentar grandes obras no quesito gráfico e não é de hoje. Se os gráficos de Forbidden Memories não impressionavam em nada, a Konami não pareceu ter se esforçado muito em reverter a situação no Playstation 2. Para não ser injusto, tudo bem, o jogo foi lançado no segundo ano do console, os games ainda não conheciam todo o potencial do console, mas isso não é desculpa nesse caso. Duelist of the Roses apresenta gráficos dignos de um 32 bits com alguns efeitos especiais aqui e ali. Com os diálogos e cenas todas desenhadas ao estilo anime, de modo a atrair os fãs do desenho (e não muito diferente do que foi apresentado no jogo anterior), essa parte ficou quase inalterada. O que, numa transição de console e de geração, é péssimo. O trunfo da vez, mais uma vez, se dá por conta das batalhas estilizadas em 3D. A digitalização dos monstros, totalmente poligonais, ficou muito bem feito, e muito superior ao apresentado no jogo anterior. As animações das cartas ficaram estilizadas e repletas de efeitos especiais, causando um show à parte e dando um toque dramático para algumas batalhas mais intensas. É nessas cenas de batalha que podemos realmente ver que se trata de um console 128 bits, apesar de que o cenário de fundo nem está tão bem trabalhado assim, e tal... Fora isso, o design das cartas está fiel ao original, o que pesa a favor também, mas não muito. No todo, não tem como dizer que ficou bom. Razoável, no máximo, e ainda assim por causa dos efeitos especiais das batalhas digitalizadas, porque, se não fosse por elas, aí sim teria sido vexaminoso! Tratando-se de um novo console e tão promissor quanto o Playstation 2, esperava-se muito mais da Konami. O empenho que ela teve com os gráficos foi mediano.
● Nota pessoal: 2/5 (Empenho Mediano)

Som
Duelist of the Roses teve uma seleção de músicas bem melhor do que o jogo anterior. Enquanto no jogo anterior a música era sempre a mesma e apresentava raríssimas variações, aqui as músicas variam diversas vezes. Elas são levemente semelhantes entre si, nas batidas e tal, mas dá para se perceber as nuances que refletem a calmaria de se estar enfrentando um inimigo complicado ou a adrenalina de estar diante de um dos piores duelistas do jogo. O que importa é que a música acompanha o jogador, o que por si só já é uma evolução e tanto. A música ficou mais participativa e não tão omissa quanto no jogo anterior. Vale lembrar ainda que os efeitos sonoros dos monstros nas animações ficaram interessantes. Mas isso não compensa a ausência de dublagem, o que, em um console de 128 bits e com tantos diálogos quanto esse, teria deixado tudo muito mais divertido e as cenas bem mais interessantes. Entre boas novidades e os mesmos pecados capitais e erros fatais de sempre, Duelist of the Roses se mostrou apenas um pouquinho melhor do que o antecessor, tendo ainda um longo caminho a percorrer se quiser ser lembrado pelos jogadores pela parte sonora. O empenho da Konami foi considerável, nada mais do que isso.
● Nota pessoal: 3/5 (Empenho Considerável)

Jogabilidade
Um dos maiores pecados do jogo anterior é que ele não possuía qualquer tipo de tutorial que ensinasse os jogadores a jogar. O jogo simplesmente deixava o jogador sozinho para aprender sobre o game do jeito que melhor lhe conviesse, enquanto jogava. O resultado é que muitos jogadores se frustravam porque não entendiam bulhufas das regras do jogo (pior ainda se nunca tivessem jogado o jogo de cartas real, ou mesmo nunca tivessem ouvido falar em Yu-Gi-Oh!) e as regras eram complicadas demais. Desta vez, a Konami trouxe regras ainda mais complicadas, variações ainda mais subjetivas e mais e mais fórmulas e coisas para decorar, além de estar ainda mais diferente do jogo de cartas real do que jamais foi, mas, pelo menos, ela trouxe junto um tutorial! Não ficaremos mais tão perdidos quanto antes, apesar de que o tutorial não cobre tudo sobre o jogo: cerca de 30% das regras e das possibilidades de jogo passam totalmente em branco no tutorial, de modo que o jogador ainda tem de recorrer à velha fórmula da tentativa-e-erro para entender o jogo por completo. Quanto aos duelos em si, e as estratégias empregadas, elas estão ainda melhores e mais instigantes. Como não é só o deck de um oponente que temos de compreender, como também o cenário, os obstáculos, seus pontos fortes e fracos, e o custo de deck para poder enfrentá-lo, o jogador pode se ver entretido por ainda mais tempo manejando o deck e bolando uma estratégia para derrotar cada oponente. O sistema de custo de deck tornou tudo muito mais nivelado, pois impede que o jogador leve um deck forte demais para um oponente meia-boca, o que acabava com a sensação de desafio nos jogos anteriores. A jogabilidade em si sofreu grandes alterações, e o modo como podemos customizar as telas e a câmera a nosso favor também conta como um quesito positivo do jogo, sempre permitindo ao jogador escolher a forma como gostaria de jogar. A possibilidade se poder montar vários decks de uma vez também realmente foi uma excelente novidade. Analisando de forma geral, as mexidas que a Konami realizou na jogabilidade tornaram o jogo bem mais completo, variado e inteligente do que o anterior, o que é um feito e tanto. Empenho excelente com a jogabilidade.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Longevidade
Você se surpreenderia se eu dissesse que esse jogo é menor do que o anterior? Pois é, Duelist of the Roses é bem menor do que Forbidden Memories. Há duas campanhas diferentes que podemos escolher no começo do jogo, com dez oponentes ao todo em cada um dos caminhos. Isso quer dizer que teremos de passar por 10 oponentes para fechar uma vez e ao todo 20 oponentes para se fechar os dois modos de jogo e ver tudo o que é possível ver. Só a quesito de comparação, o jogo anterior possuía um único modo de jogo, porém 30 oponentes ao todo (e já achava pouco). Poderá fechar o jogo em menos de 15 horas, se for experiente no jogo. O problema é que, para vencer os oponentes mais complicados, precisará de um bom deck, e para isso precisará dedicar um tempinho extra lutando contra os mesmos oponentes mais e mais vezes, até conseguir cartas boas para montar uma estratégia boa. Assim como no jogo anterior, só que, como agora os oponentes possuem estratégias definidas, fica ainda mais claro que não se pode criar um deck universal, bom contra todos os oponentes. Cartas boas de todos os tipos se tornou ainda mais necessário, ou seja, prepare-se para muitas e muitas batalhas. Mesmo assim, o jogador não precisará de mais do que entre 15 e 20 horas para fechar o jogo. A Konami tratou de incluir uma boa quantidade de conteúdo no jogo, para os fãs do jogo de fato, como um total de 853 cartas ao todo para colecionar (contra 722 do jogo anterior), sendo várias delas extremamente raras. Além de conseguirmos cartas com os oponentes, há cartas escondidas nos cenários, o que faz com que o jogador queira explorar melhor os cenários. O jogador também ganha uma senha cada vez que fecha o jogo. Essa senha libera uma poderosa carta secreta. Sendo assim, o jogo incentiva o jogador a fechar várias e várias vezes, de modo a conseguir as cartas secretas. Levando em consideração que sempre poderá recomeçar o jogo quantas vezes quiser usando o mesmo deck, isso só fornece ao jogo uma longevidade ainda maior. E nem comentei que podemos duelar ou trocar cartas com outros oponentes no modo versus, com direito a customização de vários decks e também customização total do cenário e regras, podendo deixar o duelo do jeito que quiser, o que é sensacional. Considerando todos os pontos, a longevidade desse game ficou ainda maior do que o jogo anterior, que já era grande. Empenho máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Inovação
Forbidden Memories foi o primeiro Card Battle do Playstation, e a Konami não poderia deixar de repetir seu feito no novo console! Duelist of the Roses foi o primeiro Card Battle do Playstation 2 também. Como se não bastasse ser o precursor de seu gênero no console, e de ter por trás a fama de um dos mais populares jogos de cartas do mundo, a Konami ainda sempre inventa de querer criar uma experiência própria com seus games. Ela foi além do jogo real e trouxe novos elementos, novas regras, um estilo completamente diferente e original de montar os decks, e ainda consertou diversas reclamações que os fãs fizeram em relação ao jogo anterior. Duelist of the Roses não se parece nem com o jogo real, nem com o jogo anterior e nem com qualquer outro Card Battle no mercado, fora que misturou elementos de outros gêneros de uma forma até então impensável. Ainda não é o bastante para dizer que se trata de uma evolução do gênero, mas que esse game se encontra muitos passos à frente dos demais ele se encontra. Não é nenhum divisor de águas, mas mostra todo o empenho que a Konami teve em tentar reproduzir um jogo que fosse o mais diferente de tudo possível. Uma bela continuação, sem sombra de dúvida, inovadora o bastante para servir de exemplo aos próximos Card Battle Games que viriam a seguir.O empenho da Konami com a inovação foi máximo, por fugir dos paradigmas óbvios e fazer um jogo fora do comum.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Diversão
Aqui está uma das maiores reviravoltas que a Konami realizou com esse game. Entre cada dez reclamações dos jogadores acerca de Forbidden Memories, nove eram sobre a frustrante e absurda dificuldade do jogo. A crítica caiu pesado em cima do jogo nesse sentido, e o jogo chegou a ser eleito um dos mais difíceis do console. Isso não é boa fama para ninguém. Correndo atrás do prejuízo, a Konami sabia que tinha de mudar isso, ou ela poderia acabar enterrando a franquia para sempre. E ela acertou em cheio. Duelist of the Roses deu uma repaginada total e trouxe um jogo muito, mas muito mais fácil do que o anterior. Alguns mais experientes podem até achar o jogo um pouco "simples demais", mas os novatos e jogadores casuais encontrarão um jogo nivelado, à altura do desafio a que se propõem. As regras complexas e o sistema de jogo pouco comum não atrapalham, e o jogo pode ser desfrutado por jogadores de todas as idades e todos os níveis de habilidade, raciocínio e paciência. Deixou de ser uma referência entre os jogos desafiantes, mas se tornou uma referência de um jogo equilibrado e que soube atender a seu público, tanto que agradou e muito bem nas vendas. Enquanto eu não podia aconselhar o jogo anterior a muitas pessoas (apenas os mais hardcore e mais fanáticos, é verdade), Duelist of the Roses é o típico jogo que todos podem conhecer sem medo. Sem contar que esse jogo é bem menos repetitivo e muito mais variado nas estratégias e nas exigências de duelista para duelista do que o jogo anterior, além de possuir muitas novidades e muito mais coisas para se fazer e modos de customizar os duelos. Isso também conta, é claro, para deixar o jogo mais divertido. Na verdade, só o que atrapalha a diversão mesmo são algumas falhas básicas na mecânica do jogo em si, o que permite que alguns jogadores "espertinhos" se saiam muito melhor no jogo do que os jogadores que realmente querem bolar uma boa estratégia e tal. Duelist of the Roses possui bem mais chances de apelação e dá mais espaço para o jogo bruto do que o jogo anterior, tirando um pouco da graça de algumas batalhas, que poderiam ter sido melhor elaboradas. Mas isso não apaga completamente a graça do jogo, que sempre acaba agradando mais àqueles que se dedicaram de verdade ao jogo. Empenho excelente por parte da diversão.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Soma Final: 23/30 (Muito Bom)

Em resumo: Duelist of the Roses se mostrou uma belíssima evolução em relação ao jogo anterior. A Konami se deu ao trabalho de ouvir os jogadores e realizar alterações drásticas em seu desenvolvimento. Algumas alterações foram bem-vindas, outras nem tanto, mas o jogo se tornou menos repetitivo e levemente mais estratégico do que o anterior, e infinitamente mais simples e mais fácil. Desta forma, o jogo pôde agradar a um número maior de jogadores, e o resultado é isso: sucesso de vendas. Pena que o jogo não agradou tanto assim a crítica, até porque não é nenhuma obra-prima dos games, é verdade. A Konami demorou para resolver trazê-lo ao Ocidente, mas não se arrependeu de tê-lo feito, e antes tarde do que nunca. É um jogo acima da média, um dos melhores em seu gênero e ainda consegue ser referência em inovação. Indicado para todos os fãs do desenho e fãs de um bom Card Battle Game.


Análises profissionais

A média pela Metacritic para Yu-Gi-Oh! The Duelist of the Roses é 59/100.

Detonado em vídeo

Este é o detonado em vídeo mais completo disponível na internet sobre esse game. Ele mostra todas as estratégias para arrasar contra todos os oponentes do jogo, seja jogando pelo lado Red ou pelo lado White. Além de ensinar como montar bons decks e como usar de estratégia contra cada um dos oponentes, os vídeos ainda estão em boa qualidade de som, vídeo e edição. O detonado possui comentários contendo dicas adicionais sobre possíveis estratégias, caso entenda alguma coisa de inglês. Vale a pena conferir.

Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5


Parte 6


Parte 7


Parte 8


Parte 9


Parte 10


Parte 11


Parte 12


Parte 13


Parte 14


Parte 15


Parte 16


Parte 17


Parte 18


Parte 19


Parte 20


E aí, o que achou desta análise? Curtiu? Deixe-me seu comentário, ou entre em contato comigo pelo e-mail: adm_melhorfinal@hotmail.com ou pelo twitter: @AdmMelhorFinal.

19 comentários:

  1. Gostei man, mas eu ja derrotei o manawyddan fab Llyr das rosas vermelhas e brancas, dai eu faço mais o que? ou ja zerei? e já zerei ficou horrível. :S:S

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    1. Se você derrotou o Manawyddan pelos Yorkists e pelos Lancaster, então pronto. Fechou os dois caminhos, fez tudo o que se pode fazer pelo modo história. É curto mesmo. Agora, se recomeçar e fechar outras vezes, conseguirá senhas que lhe rendem cartas raras pelo modo Password. Mas é isso mesmo, só lhe resta agora (se quiser, claro) conseguir todas as cartas, lutando várias vezes com os personagens já habilitados, ou tentar novos estilos de jogo no modo Custom Duel. E você achou o jogo horrível? Puxa vida.

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    2. Me diz como faço pra zerar outras vezes , so colocar em new game ? Se fizer isso vou perder minhas cartas atuais ? E os códigos são os mesmos que encontramos na net ?

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  2. Não tem outro jogo de yu-gi-oh com a mesma jogabilidade que o duelista das rosas

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    1. Verdade, eles incrementaram bastante na jogabilidade, distanciando do jogo padrão de cartas, mas ao mesmo tempo trazendo alguns aspectos interessantes ao game.

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  3. Cara esse jogo não teve muito sucesso por que eu acho que não ficou muito conhecido consequentemente poucos jogaram, sinceramente eles deviam fazer outro com o mesmo estilo de jogo, um jogo desses online com cada um montando seu deck acho que faria bastante sucesso.

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    1. É, esse jogo não foi necessariamente um sucesso de crítica. Mas vendeu bem, muito bem aliás. A Konami não resolveu dar sequência a esse estilo de jogo porque o público deixou mais que claro que preferiu o modo mais próximo do original. E já tem vários sites que fornecem Yu-Gi-Oh online na internet, só que nenhum com esse estilão do Duelist of the Roses. Talvez até fizesse sucesso mesmo, viu?

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  4. Esse jogo é um dos meus favoritos e queria saber se não tem nenhum outro jogo pelo menos parecido?

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    1. Se você estiver se referindo a "parecido", com outro jogo desse estilão, no qual se pode andar pelo cenário e tal, a resposta é não. Aparentemente, a ideia não agradou muito o público, que deu preferência ao estilo mais convencional do jogo. Tanto que a Konami já preferiu nem continuar arriscando comercialmente e passou a fazer jogos menos "diferentes" a partir de então.

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    2. YUGI OH CAPSULE MONSTER COLLISEUM!!É IGUAL ESSE GAME SO QUE MELHOR

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    3. yu gi oh duelist e melhor

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  5. Poxa vida tenho certeza que não agradou o publico por quasa da dificuldade de jogar, só pode ser isso...

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    1. Até que Duelist of the Roses agradou o público... Um pouco. Eles esperavam mais. Eu acho que nem foi por causa da dificuldade (o jogo ficou bem mais fácil e simples do que Forbidden Memories, por exemplo), e sim por causa das diferenças grandes entre esse estilo de jogo e o jogo de cartas original. Isso pode ter desmotivado alguns fãs a comprarem o game.

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  6. Esse eu ja zerei, qual yu-gi-oh vc me aconselharia a jogar para pc ou ps2?

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    1. Se você já zerou Duelist of the Roses, então o outro Yu-Gi-Oh que eu aconselho enormemente que você conheça e jogue é o Capsule Monster Coliseum. Outro ótimo Yu-Gi-Oh.

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  7. como eu posso baixar esse jogo no PC ?

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  8. O grande "X" da questão esta exatamente na plataforma do jogo que é única e exclusivamente para ps2, se faz então necessário que se junto um grupo de adoradores do jogo para assim tentar converte-lo para pc, porque usar emulador é furada no termino de uma das partes acaba (congelando) por causa da altíssima velocidade das imagens. Por fim eu desejaria muito que alguém com bom conhecimento, em programação, design etc, resolvesse passar o jogo para Pc!

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  9. se vc tiver outro memorie card no inicio va em trade la terá como trocar as cartas que não estão sendo usadas então vá no jogo que voçê quer salvar as cartas escolha digitar códigos de cartas ou selecionar as que vc não quer ou então mande cartas de outro jogo que vc não quer mais e as ponha no seu deck salve e volte no titulo vá em trade de novo selecione todas as cartas que quer e mande para o outro memory card e não é necessario vc dar cartas também. vá em new game começa tudo de novo salve volte no titulo devolva as cartas e terá um deck bem poderoso ou faça tudo isso e pegue cartas fortes de um deck fraco para ter cartas otimas eu fiz isso e meu deck cost chegou a 1988 mais forte que o do Manawyddan Fab Llyr. tente

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  10. Como consigo o mirror force e o riryoku????? Tenho que zerar o jogo denovo várias vezes???

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