Esta é a análise de Shadow of the Colossus, lançado pela Sony Computer Entertainment em 2005 para o Playstation 2.
Introdução
Nem sempre obras grandiosas saem dos grandes estúdios. Foi com esse conceito que um pequeno grupo de artistas da Sony Computer Entertainment Japan se reuniu e formou a desenvolvedora Team Ico. Sua primeira obra, Ico, marcou gerações por ser simples mas ao mesmo tempo impressionante, inovador, apaixonante e atento aos mínimos detalhes, inclusive estética e imersão. Logo virou um ícone de referência e considerado uma verdadeira obra-prima dos games. Imagine agora os fãs quando souberam, em 2002, que uma sequência espiritual estava sendo produzida. Antes conhecida como "Nico", o jogo foi lançado como Shadow of the Colossus, sem ser uma sequência exata do anterior, mas ainda assim repleto de referências. Será que conseguiram agradar aos fãs? Será que o Team Ico repetiu o feito histórico e criou um jogo tão aclamado quanto seu anterior? É o que veremos nessa análise.
SHADOW OF THE COLOSSUS
Informações técnicas
Publicado por: Sony Computer Entertainment
Desenvolvido por: Team Ico
Gênero: Action-Adventure
Diretor: Fumito Ueda
Plataforma: Playstation 2
Data de lançamento: 18 de outubro de 2005
Faixa etária: Teen
Trilha-sonora da análise
Enquanto lê a nossa análise, que tal escutar o áudio que separamos mais abaixo?
Sobre a história (contém spoilers)
A Team Ico é conhecida por fazer histórias curtas e simples, mas ao mesmo tempo profundas e emocionantes. Seus enredos não são tão complexos quanto alguns poderiam desejar, mas são sempre bem elaborados, objetivos e cercados por muito mistério. Shadow of the Colossus é uma sequência espiritual ao grande sucesso Ico, mas não possui muitas relações distintas com seu antecessor. Seus enredos são paralelos e não há ligações visíveis, apesar de os produtores informarem que há uma profunda ligação. São locais diferentes, eras diferentes e personagens diferentes, de forma que pode jogar esse game e entender a história sem precisar ter jogado Ico. Além do mais, de acordo com a Team Ico, Shadow of the Colossus conta uma história anterior a Ico, então não deve ter muito problema.
A história gira em torno de um dos mais misteriosos personagens do mundo dos games: Wander.
Sim, é isso mesmo. O nome dele é Wander, uma estranha alusão ao verbo inglês "wander", que é simplesmente "vaguear", ou "sair por aí". Em nenhum momento do jogo seu nome é pronunciado. Só sabemos que seu nome é Wander porque seu nome está no título da versão japonesa ("Wander e os Colossos" é a tradução literal da versão japonesa) e porque a Team Ico revelou seu nome no manual e em sites da internet. Tão misterioso quanto seu nome é a sua origem e o que ele faz da vida. Não sabe de nada, exatamente nada. Mesmo ao final do jogo, nenhuma pergunta foi respondida. Bacana, né?
Pois então, Wander já começa o jogo chegando a um imenso templo. Ele carrega sobre seu cavalo uma moça aparentemente dormindo ou desacordada. Ele entra no templo, o qual está vazio, e coloca a garota sobre uma espécie de altar. Então, uma voz estranha começa a falar com ele. A voz fala em uma língua antiga indiscernível. Essa voz também não se apresenta (ninguém gosta de falar nomes nesse jogo), mas logo acusa Wander de ter invadido uma terra proibida e de estar profanando um templo sagrado.
Wander pede (a propósito, ele também fala a tal língua estranha e ininteligível) para a voz que ele o ajude com sua missão: ressuscitar a sua amada, que está morta. Sim, descobrimos aqui que ela está morta. Não faço ideia de quem ela seja ou porque ela esteja morta se parece ser bem jovem, mas é isso. O nome da garota é Mono:
Só sei o nome dela porque pesquisei na internet, porque no jogo mesmo o nome dela nem é citado, assim como todos os outros personagens importantes. Agora, não me pergunte o que ela faz, porque ela está morta e nem se os dois são namorados ou casados, porque não se sabe mais nada sobre essa misteriosa personagem.
A voz responde que tem uma forma de se conseguir ressuscitá-la, afinal, naquele templo, o poder é superior à vida ou à morte. Wander apenas precisa despertar o poder que foi perdido.
A voz orienta Wander a libertar os espíritos que aprisionaram o grande poder. Cada espírito foi aprisionado no corpo material de um colosso. Colosso, caso não saiba, é o nome que se dá para uma estátua de tamanho gigante. A Estátua da Liberdade, em Nova Iorque, ou mesmo o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, podem ser considerados colossos, devido ao seu porte e tamanho. A diferença é que, no jogo, os colossos possuem vida e são hostis contra adversários. De acordo com a voz, se derrotarmos todos os dezesseis colossos, iremos libertar um grande poder que é capaz de ressuscitar a Mono, se bem que ela também avisa que tudo na vida se tem um preço...
Wander então começa sua jornada em busca de eliminar os dezesseis colossos espalhados ao redor do mundo. Para isso, ele usa uma espada mágica e um arco poderoso de flechas infinitas que ele já possuía quando ele chegou ao templo. Como ele conseguiu uma espada mágica capaz de destruir colossos é uma incógnita, mas o que importa é que ele já tinha quando chegou ali. Para acompanhar Wander em suas aventuras, está um animal que é quase como um personagem no jogo: Agro.
Ironicamente, Agro é o único personagem do jogo que possui um nome que é informado no jogo, o que o coloca em um patamar superior aos demais. Ele é apenas um cavalo, não fala e nem faz nada que um cavalo comum não faça, mas é digno de nota devido à sua fidelidade a Wander, sua participação e seu laço emotivo com seu domador. Agro está sempre presente, acompanhando Wander, e chega a ajudá-lo em algumas lutas. Ele é muito ágil e forte, dificilmente se cansa e é capaz de se virar sozinho, buscando comida ou água quando necessário. Ele responde rapidamente ao mais breve assovio de Wander, o tornando peça fundamental no desenvolver do jogo. Ele ainda participa da trama ao demonstrar muito carinho não só por Wander, mas também pela Mono.
E assim o jogo prossegue. A cada colosso que Wander derrota, o espírito dele entra no corpo de Wander, que então adormece e desperta de volta ao templo para então seguir ao colosso seguinte.Durante a matança de colossos (após matar o décimo segundo colosso, para ser mais exato), podemos perceber a vinda de um grupo inesperado de pessoas. Wander, no entanto, não tem como perceber isso, e continua na sua missão infame de assassinar mais e mais colossos. A cada colosso que Wander derrota, o espírito dele entra no corpo de Wander, que então adormece e desperta de volta ao templo para então seguir ao colosso seguinte.
Então, Wander consegue por fim chegar ao último colosso. Ao atravessar uma ponte para chegar até ele, a ponte cai, e Agro consegue salvar Wander a tempo. Mas Agro não consegue salvar a si próprio, e cai da ponte bem alto para o riacho lá embaixo, em um dos momentos mais tristes do jogo.
Wander segue em frente, e consegue assassinar todos os dezesseis colossos. Com o espírito de todos os dezesseis colossos dentro de seu corpo, ele adormece e desperta mais uma vez no templo do início do jogo. Porém, para a sua surpresa, os visitantes conseguiram chegar até o templo. Trata-se de um grupo de soldados de um vilarejo local, de onde veio Wander. Quando eles descobriram que Wander estava vindo para essa terra proibida, eles vieram para impedir que ele realize a magia proibida, antes que seja tarde demais. O grupo é liderado por esse homem, que se chama Lord Emon:
Não, o nome dele também não é pronunciado no jogo.
Mas eles chegam tarde demais. Ao chegarem, eles percebem que Wander conseguiu realizar a magia proibida, que é nada mais, nada menos do que ressuscitar Dormin. Dormin é um deus antigo, patrono da vida e da morte e muitíssimo poderoso, que, após ter cometido um ato condenável (do qual não temos a menos ideia de qual seja), teve como punição o sono eterno. Ele perdeu sua forma etérea e teve sua alma dividida em dezesseis partes, as quais foram depositadas em dezesseis poderosos colossos e espalhados pela terra proibida. Sua voz ainda permanece no templo, atraindo aventureiros que queiram ressuscitá-lo em troca de um poder gigantesco. Todos os moradores da terra proibida fugiram do local, deixando o templo e a terra abandonados. Dormin desde então vem aguardando alguém corajoso o bastante para eliminar os colossos e libertar a sua forma física original, que é essa:
Ao perceberem que Dormin está para ser ressuscitado, Lord Emon tenta assassinar Wander antes que seja tarde demais, mas não adianta. Mesmo ferido com uma flecha na perna e com uma espada no peito, Dormin consegue ressuscitar dentro dele, transformando Wander em um monstrengo enorme. Mas os soldados conseguem roubar-lhe a espada mágica, e, ao jogá-la dentro de um poço mágico, eles liberam uma magia altamente poderosa. A magia suga Dormin para dentro do poço, levando Wander junto com ele. Tal poder acumulado quase destrói o templo, mas os soldados conseguem fugir a tempo. Durante a fuga deles, a ponte que liga a terra proibida ao resto do mundo é automaticamente destruída, impedindo que jamais alguma outra pessoa consiga chegar até a terra proibida.
Mas nem tudo foi em vão. Ao final, Mono finalmente desperta. Ressuscitada de sua misteriosa morte, ela nem sequer parece surpresa por ter sido revivida. Agro também aparece, após aparentemente ter torcido uma das patas traseiras naquela queda que quase resultou em sua morte. Mono e Agro se reencontram e aparentam estar feliz. Ninguém parece sentir a falta de Wander, que se foi para sempre. Momentos depois, em um jardim suspenso, Mono encontra um bebê que apareceu lá misteriosamente. Ela passa a cuidar do bebê como se fosse um filho dela. E o mais curioso é que esse bebê possui pequenos chifres, exatamente como Wander ficou após ter sido possuído pelo espírito de Dormin... Será que o bebê é uma "segunda chance" a Wander? Ou quem sabe Dormin? Só o tempo dirá.
Espero que tenham gostado dessa trama maluca, mirabolante e muito misteriosa.
Sobre o jogo
Shadow of the Colossus é um Action-Adventure atípico. Apesar de possuir todas as características que definem seu gênero, com direito a um sistema de batalha eficiente e inteligente, vastos cenários exploráveis e tudo o mais, ele consegue se impor de uma forma pouco tradicional de seus demais concorrentes. Não se trata da história, que é até simples, mas de seu foco. O nome do jogo, na versão japonesa, é Wander e os Colossos. E isso resume basicamente tudo o que encontrará no jogo. Só Wander e seus colossos.
O jogo é uma repetição básica do mesmo princípio: Wander tem a missão de destruir todos os colossos do jogo, um por vez. Cada colosso habita uma determinada região, que é o seu domínio. Nosso dever é ir até onde ele se encontra e derrotá-lo. Após derrotar um colosso, vamos para o próximo, e depois o próximo, e aí vem o outro, e assim por diante. Até que todos os colossos estejam derrotados e então o jogo termina. Simples, não é? Sim, muito simples, mais do que deve estar imaginando até. Mas nada fácil.
Nós sempre começamos em um templo no centro do cenário, e, de lá, temos de descobrir a localização do próximo colossos através de nossa espada, que reflete a luz na direção do colosso. Seguindo nossa orientação, podemos contar com nosso inseparável cavalo Agro para transpor rapidamente os obstáculos do cenário, que possui planícies, montanhas, florestas, pântanos, desertos, lagos, bosques e serrados. Para ajudar a transpor o vasto cenário do jogo, Wander possui vários movimentos úteis. Ele é capaz de correr, saltar, rolar, se dependurar em algumas quinas e ainda escalar diversos obstáculos. Essas habilidades são muito úteis para transpor adversidades e também para a batalha, como explanarei mais tarde.
No decorrer de todo o jogo, Wander possui apenas dois equipamentos com os quais ele pode contar: uma espada mágica e um arco com flechas infinitas. Apenas isso. Acostume-se a usá-las, já que terá de se conformar em usar apenas essas duas armas do começo ao fim. Nada que seja tão dramático a ponto de ficar entediante, mas, se estiver acostumado demais com aqueles jogos repletos de armas, acho que Shadow of the Colossus não é bem seu jogo.
Já que estamos falando de armas, vamos falar sobre as batalhas. Wander terá de enfrentar colossos, que são seres imensos. Quando digo imensos, quero dizer gigantescos, colossais mesmo. É daí que a palavra "colossal" vem: absurdamente grande. A diferença de altura varia de um colosso para outro. Os colossos menores são apenas 6 ou 7 vezes maiores do que Wander, mas os maiores podem chegar a mais de 20 metros de altura, daquele tipo que precisamos subir uns três andares de um prédio para conseguirmos chegar até a cintura dele. Pois é. Bom, pode parecer injusto uma batalha entre um ser humano franzino e baixo contra um ser feito de pelo e de pedra que é capaz de esmagá-lo com o dedão do pé. Mas é aí que entra a astúcia e inteligência do jogador.
Cada batalha é como se fosse uma luta entre davi e golias: um ser brutalmente forte contra um ser menor e fraco porém genialmente astuto. O jogador deve literalmente "se virar nos quinze", e usar de todas as habilidades possíveis para conseguir atingir um ponto fraco do colosso. Para isso, além de nossa espada e nosso arco, teremos de possuir boa capacidade de percepção, usar o cenário a nosso favor, e também às vezes compreender a fraqueza específica de cada um de nossos oponentes. Tudo isso, mesclado a boa velocidade de raciocínio, reflexo e coordenação e poderemos bolar um plano sobre como derrotar cada colosso do jogo de forma satisfatória.
Em si, derrotar um colosso é simples. Todos os colossos possuem pontos frágeis, identificados por sinais em forma de runas mágicas. Esses são os únicos pontos frágeis de seu imenso corpo. Só o que temos a fazer é chegar até o ponto marcado e cravar a espada nele repetidas vezes até ele morrer. Agora, é claro que nunca é tão fácil assim chegar até o ponto. Geralmente, esse ponto se encontra no ponto mais alto, como no alto da cabeça, por exemplo. E aí temos de bolar um plano de como chegar até lá, já que a cabeça se encontra a muitos e muitos metros de altura. E tudo fica pior ainda quando o colosso voa ou nada hiper rápido.
Basicamente, podemos escalar os colossos como se fossem parte do cenário. Os colossos possuem muito pelo em pontos estratégicos, e Wander é capaz de se agarrar aos pelos deles como se fosse um carrapato dos grandes. A princípio, parece muito simples escalar os pelos para se chegar aos pontos vitais, mas, conforme se avança, os pelos vão se tornando mais escassos, ou passam a ficar cobertos por armadura. E aí é que entra o plano. Afinal de contas, se nunca podemos usar a força contra os colossos, a inteligência é a única coisa que nos resta.
O jogo também não nos deixa abandonado o tempo todo no decorrer do jogo. Afinal de contas, às vezes fica um pouco difícil saber exatamente o que temos de fazer para derrotar um determinado colosso. Para facilitar o nosso lado, há uma voz especial de fundo que nos dá dicas, de vez em quando. Após ficar um tempo sem saber bem o que fazer, a voz nos dá uma dica. Geralmente, ela não ajuda muita coisa, mas às vezes ela pode sim ser bem útil, com enigmas aparentemente óbvios como "procure um lugar alto", "segure seu rabo", "use o arco" ou "ele tem medo de fogo", mas que podem fazer toda a diferença quando se está perdido.
Apenas é preciso tomar cuidado para não morrer, afinal, esse jogo não é um puzzle que você pode ficar parado olhando e pensando o que tem de ser feito. Os colossos atacam, machucam muito, e Wander é um ser bem frágil, podemos dizer assim. Sua barra de vida é bem pequena, e bastam poucos golpes para que ele morra e tenha que recomeçar a batalha do começo. É preciso conhecer o oponente para se esquivar de seus golpes, até porque não tem como se recuperar. Isso mesmo, não tem poções de cura, medkits, nada disso. A única forma de restabelecer a vida é se esconder do colosso e ficar parado por algum momento, que a barra de vida vai se enchendo sozinha.
Além da barra de vida, tem também a barra de stamina, que define o quanto de esforço Wander pode realizar. Gastamos stamina ao pular, nos agarrar nos objetos ou quando estamos escalando uma montanha ou um colosso. É preciso sempre se atentar à barra de stamina, pois, quando ela acaba, Wander imediatamente se cansa e larga aquilo que estiver segurando. Caso ele esteja em um local alto ou próximo a um colosso, isso pode ser fatal, então, cuidado. A stamina se enche sozinha, como a barra de vida.
Quando se começa o jogo e vê aquela minúscula barra de vida e de stamina, logo se pensa que ela vai aumentando conforme se avança no jogo e enfrenta mais colossos, certo? Errado. A barra permanece a mesma do começo até o final do jogo, se depender disso. Isso pode ser bem frustrante, é verdade, mas é assim que tem que ser. Isso vai deixando cada colosso mais difícil que o anterior, pois eles se tornam sempre mais perigosos e maiores, de modo que tenhamos que escalar mais, e, portanto, gastar mais stamina para chegar até o ponto vital.
No entanto, há uma forma de se aumentar a barra de vida e de stamina. Espalhados por todo o cenário, geralmente escondidos em locais ermos e pouco visitados, podemos encontrar lagartos com rabo acinzentado. Se derrotar um lagarto desses e obter seu rabo, sua barra de stamina irá se encher um pouquinho. Há dezenas de lagartos desses espalhados por aí, é só procurar. Da mesma forma, podemos encontrar árvores frutíferas, cujos frutos aumentam a nossa barra de energia. O problema é que, em nenhum momento do jogo, isso é explicado ou sequer informado. Isso significa que a maioria dos jogadores pode simplesmente fechar o jogo sem imaginar que isso era possível. Uma pena.
Shadow of the Colossus é simples e direto. É de um colosso para o outro, direto. Após derrotar um colosso, despertamos no templo no centro do cenário, e temos de ir até o próximo colosso. E assim sucessivamente até derrotar todos os dezesseis colossos e fechar o jogo. Caso queira explorar melhor o cenário (atrás de lagartos de rabo cinza ou árvores frutíferas, por exemplo), há vários templos espalhados pelo cenário, de modo que pode salvar o jogo em qualquer um deles. E assim sucessivamente até derrotar todos os dezesseis colossos e fechar o jogo. Não há mais nada a ser feito além disso. Contando o tempo que leva para se chegar a um colosso e descobrir como matá-lo (além de efetivamente matá-lo), poderá passar uns dez minutos em um colosso, ou mais de meia hora. Depende de sua velocidade de raciocínio.
Após fechar o jogo, habilitamos um modo de dificuldade superior e ainda um modo time-trial. Nesse modo, nossas habilidades são postas à prova com disputas especiais de tempo contra cada um dos 16 colossos. Se quebrarmos os recordes de tempo, habilitamos novos itens e armas para serem usadas no jogo em si, tornando nossas batalhas contra os colossos ainda mais divertidos. Vale a pena conseguir esses itens, para dar maior variação ao jogo, caso queira fechar mais do que uma vez.
Minha análise do jogo
Gráficos
Shadow of the Colossus possui gráficos estonteantes. O cenário é imenso e muitíssimo bem produzido, com belezas naturais que ficaram tão belas que parecem reais. Além de tudo, o cenário é completamente disponível, sendo totalmente mundo aberto, interativo e explorável. Por ser assim tão vasto, é claro que pequenas falhas de framerate podem acontecer aqui e ali, mas mesmo assim são raros os momentos em que isso se torna perceptível. Tudo se compensa quando vemos que tudo fica acessível, sem loadings, sem quebra de textura e nem nada. A animação dos personagens, tanto dos humanos quanto dos colossos, até mesmo do Agro, porque não, ficou perfeita. Não há o que reclamar: todos os movimentos são realistas e de acordo com as leis da física. As animações foram bem trabalhadas, e os efeitos de sombra e de luz também dão um charme ainda maior para o jogo. Mas o que chama a atenção mesmo é a concepção artística do jogo: quanto a isso, Shadow of the Colossus é quase insuperável. O design dos colossos e dos templos não deixam a desejar para qualquer jogo que possa imaginar, tornando esse um dos jogos de design mais original e criativo da era 128 bits. Vale a pena observar cada detalhe. Empenho máximo da Team Ico.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)
Som
Vou começar falando do aspecto sonoro do jogo ressaltando a genialidade de Kow Otani, o compositor do jogo. Todas as músicas do jogo foram brilhantemente selecionadas e compostas. Elas refletem os valores da natureza, todo o mistério e magia de se estar em um local sagrado, e a adrenalina de se estar enfrentando a batalha da vida contra um oponente vinte vezes maior do que você, tudo junto e misturado. São poucos os compositores que conseguiriam captar o sentido e o frenesi de cada momento tão bem. Quando tiramos então as belíssimas canções, os efeitos sonoros também arrebentam. Seja os sons da natureza, os efeitos de som da batalha, o som ambiente ou o clamor da batalha, tudo ficou muito bem interpretado e reproduzido. O jogo não tem dublagem, já que os colossos são falam e todos os personagens falam em uma língua ininteligível. Foi uma escolha do jogo; estranha, é verdade, mas ainda assim foi a opção deles. Acontece que algumas cenas ficariam muito melhores com uma dublagem em língua reconhecível. Afinal de contas, para um jogo com uma história tão bela, dramática e com forte apelo cinematográfico do começo ao fim, ouvir grunhidos e resmungos toscos o tempo todo tira todo o encanto. É o mesmo efeito tosco que fica em outros jogos igualmente clássicos, como The Legend of Zelda, por exemplo. Não tem quem me convença a aceitar uma coisa dessas, pois poderia ter ficado mil vezes melhor com uma dublagem em inglês. Uma pena, mas, se não fosse por esse detalhe, o empenho sonoro que a Team Ico teve com esse jogo seria perfeito. Por ora, fica ainda excelente.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)
Jogabilidade
Quando se olha Shadow of the Colossus por uma única perspectiva, ele não aparenta ser tão bom. Se formos ver apenas os movimentos de combate, por exemplo, o jogo não mereceria tanto crédito. O mesmo vale para exploração, ou para resolução de puzzles. Agora, quando se junta tudo em um jogo só de uma forma tão inusitada como acontece nesse jogo, não tem como não se sentir maravilhado. Mesclar movimentos de exploração e de puzzle games com combate é algo que não se vê todos os dias, e com certeza nenhum jogo conseguiu unir tudo tão bem quanto nesse jogo. São poucos comandos, que por si só são básicos, mas quando se juntam formam uma jogabilidade intuitiva, única e envolvente. Temos controle total sobre nosso personagem, que precisa usar de todas as suas armas e recursos para derrotar oponentes aparentemente invencíveis. O modo como o jogo induz o jogador a realmente parar e raciocinar antes de realizar cada movimento só torna esse jogo desafiador e complexo na medida certa, enquanto continua sendo simples e básico depois que se pega o jeito. A interação com o cenário e com os oponentes é a maior possível, dando uma liberdade imensa ao jogo. Apesar de possuir poucos comandos, o jogo faz com que tenhamos de variá-los bastante, de forma que isso mal é percebido pelo jogador, que logo se vê imerso no jogo de uma forma que é muito difícil de se ver. Alguns jogos brilham por ter muitos movimentos. Outros brilham por ter poucos movimentos, porém minuciosamente trabalhados. Só há uma coisa que impede a diversão de ser máxima: a câmera do jogo fica confusa e, em algumas batalhas contra colossos, chega a atrapalhar o suficiente para causar algumas mortes bobas. Isso poderia ter sido facilmente consertado com uma câmera melhor posicionada para movimentos bruscos. Mas é só um detalhe. Um jogo que não cansa de se jogar, e que é difícil de se enjoar. Empenho excelente por parte da Team Ico.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)
Longevidade
Shadow of the Colossus é um jogo muito centrado e objetivo. Como ele é focado apenas nas grandes batalhas, sem lenga-lenga e sem inimigos aleatórios, isso torna o jogo um tanto curto. Melhor do que aquela enrolação sem sentido, mas ainda assim é curto. Leva-se entre 7 e 9 horas para se fechar. Isso é pouco? Talvez. Longevidade não é o forte do jogo, sem sombra de dúvida, mas a Team Ico não menosprezou esse fator também. Ao fechar o jogo, é possível recomeçar em um modo de dificuldade mais difícil, e também jogar um modo especial no qual disputamos contra o tempo. Assim, podemos liberar novos itens e armas que são os extras do jogo. Uma pena que acaba por aí. Não há muitos motivos a mais para se voltar a jogar o jogo, pois não há outros finais, caminhos secretos, modos de jogo especiais ou novidades. Basicamente, fora as novas armas e itens, apenas fechar uma vez pode ser o suficiente para se ver tudo o que tinha para ser visto. Há muitos e muitos itens colecionáveis escondidos pelo cenário, mas não há necessariamente um porquê para encontrá-los, já que nem mesmo o jogo parece se importar em revelar ao jogador a sua existência. E, para um jogo de menos de 10 horas, isso chega a ser um pouco decepcionante. Para a maioria dos jogadores, esse jogo possui conteúdo para ser jogador por talvez uma semana, no máximo duas. O empenho que a Team Ico com a longevidade foi considerável apenas.
● Nota pessoal: 3/5 (Empenho Considerável)
Inovação
Virtualmente falando, não há parâmetros do qual eu consiga comparar Shadow of the Colossus. Sua concepção artística fora de série torna esse jogo imprescindível, algo único de se ver e de se jogar. Quando analisamos os comandos do jogo no papel, o jogo parece comum, básico, como todos os outros Action-Adventures. Mas, ao jogar é que percebemos o quanto ele se coloca acima dos demais. Mesmo sendo tão simplista, o jogo consegue agradar tanto os jogadores hardcore quanto os iniciantes em patamares semelhantes. Um jogo rápido, compacto, que não fornece menos do que aparenta, e que é tão desafiador quanto é simples. Um jogo de ação que exige mais raciocínio do que muitos puzzles no mercado, tudo associado a batalhas épicas do começo ao fim, com direito a excelentes cenas de ação, reflexo e coordenação, além de um trabalho de arte impecável. Não há outro jogo que eu possa comparar a esse, ele se distancia de tudo. Assim como a obra anterior, Ico, Shadow of the Colossus consegue um espaço só para ele por ter se libertado de tudo o que os demais jogos de seu gênero estavam fazendo, e por ter ousado deixar a criatividade fluir além do patamar comum. A Team Ico poderia ter feito aquilo que as outras produtoras estavam fazendo e ganhar dinheiro, mas ela se recusou a isso, e criou algo novo e fantástico. Ninguém jamais poderá dizer que o empenho do Team Ico de fazer um jogo surpreendentemente inovador não foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)
Diversão
E o que resta de tudo isso? Shadow of the Colossus é um jogo robusto porém compacto, ou seja, um jogo que se recusa a manter o jogador em um patamar abaixo da tensão total. Todos os inimigos do jogo são como se fossem chefões de fase. Imagine agora como é jogar um jogo no qual enfrentamos um chefão atrás do outro, sucessivamente! É adrenalina pura, até porque os colossos vão se tornando cada vez maiores, mais perigosos e mais difíceis. Não é um jogo para todos os públicos: ele não é centrado totalmente na ação, já que o jogador passará mais tempo explorando cenários e raciocinando sobre uma estratégia de luta do que efetivamente dando espadadas e flechadas. Trata-se de algo um tanto incomum para um Action-Adventure, mas não menos divertido. Apenas uma forma menos tradicional de diversão para um jogo desse gênero. Shadow of the Colossus contagia pela forma como ele demarca o jogo. Sua evolução foi brilhantemente pensada e conduzida, e tudo no jogo apenas o torna ainda mais empolgante de se jogar, desde as cenas marcantes até os cenários deslumbrantes. Um jogo épico com diversão colossal. Empenho máximo por parte da Team Ico.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)
Soma Final: 26/30 (Excelente)
Em resumo: Shadow of the Colossus fez jus ao status de obra-prima do jogo anterior, Ico. Tão sublime e icônico quanto seu antecessor, trata-se de um dos melhores jogos (e um dos mais criativos) do console, com design e direção de arte inconfundíveis. Um jogo que é desafiador na medida certa, e capaz de agradar a um grande público, mesmo que à primeira vista ele não demonstre ser nem 10% daquilo que realmente é. Ele surpreende, sendo superior até mesmo às mais otimistas expectativas. Uma peça rara, uma experiência única e um título obrigatório na sua coleção.
Análises profissionais
A média pela Metacritic para Shadow of the Colossus é 91/100.
Detonado em vídeo
Este é o melhor detonado em vídeo disponível na internet. Compactado em um único vídeo, esse detonado mostra como derrotar todos os colossos, sempre com as melhores estratégias. Além de tudo, o vídeo possui excelente qualidade de som, vídeo e edição. Esse detonado não mostra como conseguir os itens colecionáveis e secretos, mas mostra de forma rápida e resumida como fechar o jogo. Vale a pena conferir!
E aí, o que achou desta análise? Curtiu? Deixe-me seu comentário, ou entre em contato comigo pelo e-mail: adm_melhorfinal@hotmail.com ou pelo twitter: @AdmMelhorFinal.
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