sexta-feira, 29 de julho de 2011

Parasite Eve

Esta é a análise de Parasite Eve, lançado pela Square em 1998 para o Playstation.


Introdução

O gênero RPG veio se defasando cada vez mais no decorrer do tempo. Durante muitos anos, a Square foi a única empresa que se dedicou de fato a mudar, com cada novo game, a concepção que se tem de um RPG para console. Em 1998, ela tentou inovar mais uma vez, com uma criação que eles denominaram como o precursor de um RPG cinemático. O termo não pegou, e hoje é pouco conhecido, mas a ideia foi boa. Baseado em um romance homônimo japonês, Parasite Eve mistura RPG com estratégia com survival-horror, e traz um mix envolvente e uma história que é difícil de se esquecer. Vamos conhecer melhor esse clássico do Playstation?

PARASITE EVE


Informações técnicas

Publicado por: Square (agora Square Enix)
Desenvolvido por: Square (agora Square Enix)
Gênero: Role-Playing Game
Diretor: Takashi Tokita
Plataforma: Playstation
Data de lançamento: 29 de março de 1998
Faixa etária: Mature

Sobre a história (contém spoilers)

A história do game é totalmente baseada na obra de Hideaki Sena. Apenas foram alterados os personagens, a ambientação e alguns detalhes, para melhor adaptação a um público maior. No entanto, a obra é completa por si mesma, ou seja, mesmo que você jamais tenha lido ou sequer ouvido falar do romance (o que é bem provável, uma vez que o romance não é tão conhecido nem no Japão), poderá entender tudo sem problemas. Ainda assim, a trama envolve muitos detalhes e informações científicas, então preste muita atenção para não perder nada e ficar confuso:

A história gira em torno de Aya Brea, uma oficial novata da Polícia de Nova Iorque. Veja, esta é Aya Brea:


No começo do game, ela está tendo um encontro com um indivíduo tosco e sem emoção que o jogo nem se dá ao trabalho de indicar o nome. Ela não gosta muito dele, mas como o cara é importante, cheio da grana e a veio buscar de limusine, ela aceitou ir com ele a uma ópera.
Só que a noite não era uma noite normal. Era a véspera do natal de 1997. A ópera era uma tragédia sobre um rei que negava a mão de sua filha a um homem. A peça começa meio chatinha, até o momento em que a atriz principal, chamada Melissa Pearce, que interpretava a princesa, resolve cantar. Veja uma imagem de Melissa Pearce:


Ela até que canta bem, só que, no meio da sua peça, as pessoas começaram a entrar em um processo chamado de combustão espontânea. Ou seja: elas pegaram fogo sozinhas! Nem é preciso dizer que isso gerou o caos, né. Alguns conseguiram fugir, mas logo o teatro ficou em chamas. O ficante da Aya pediu para irem embora, mas como ela é uma policial, ela dá um soco nele e resolve enfrentar a moçoila. Ela tenta render a atriz incendiária, mas ela consegue fugir.
Aya consegue segui-la, enquanto ela começa a falar coisas estranhas. Primeiro, ela diz que seu nome é Eve. Depois, ela fala coisas sem sentido, como que "as mitocôndrias de Aya não estão prontas ainda". De qualquer forma, ela acaba se transformando nesse monstrengo aqui:


E ela foge. Em busca de alguma pista sobre o que é que Eve estava falando, Aya resolve procurar especialistas em mitocôndrias. Para isso, ela se junta ao seu inseparável parceiro, Daniel Dollis. Veja uma imagem de Daniel:


Juntos, eles começam sua busca pedindo ajuda ao doutor Hans Klamp, um cientista do Museu de História Natural de Nova Iorque que passou sua vida pesquisando mitocôndrias.


Klamp dá uma verdadeira aula sobre o que são mitocôndrias. Caso não saiba, aqui vai uma breve explanação (bem mais breve do que a de Klamp):
Mitocôndrias são umas das organelas celulares mais importantes. Elas se hospedam dentro do sangue dos seres eucariontes (ou seja, que possuem células com núcleo) e possuem seu próprio organismo e seu próprio DNA, ou seja, são como parasitas. Elas consomem nosso oxigênio e glicose e transformam em energia química, através de um processo chamado trifosfato de adenosina, ou ATP. Por esse motivo, elas são tão necessárias para nós quanto nós somos para elas: nós fornecemos o oxigênio e a glicose e elas devolvem em forma de energia. Simples assim.
Após essa aula chata que não esclareceu ou adiantou em absolutamente nada, eles descobrem que Eve está atacando o Central Park. Aya corre para lá e encontra Eve, mas não a tempo de evitar que ela transforme milhares de pessoas em uma gosma nojenta. Eve acaba por escapar, e Aya acaba desmaiando no processo de tentar detê-la.
Aya é tratada por um completo estranho chamado Kunihiko Maeda.


Maeda é um cientista japonês muitíssimo interessado no estudo sobre mitocôndrias. Ele diz que foi até a cidade para investigar o ocorrido no teatro. Apesar de a cidade estar sitiada e de o exército estar evacuando todos os habitantes, ele conseguiu entrar clandestinamente. Ele conta sua teoria maluca sobre o que pode estar acontecendo.
Maeda conta uma historinha sobre a origem das mitocôndrias. Atenção, tudo o que ele diz é ficção, e não possui qualquer embasamento científico! Foi criado apenas para propósitos do game, e nem adianta querer procurar no Wikipédia! Bom, aqui vai: ele diz que as mitocôndrias são capazes de se comunicar umas com as outras. Além disso, ele diz que, em cada organismo, há uma mitocôndria-mãe que governa sobre todas as outras, manipulando-as. Levando em consideração que as mitocôndrias possuem DNA e se reproduzem, teoricamente a mitocôndria-mãe de uma hospedeira mãe, por exemplo, teria controle sobre a mitocôndria-mãe do hospedeiro filho, que, por sua vez, teria controle sobre todas as outras mitocôndrias, e assim por diante. Uma ideia bem maluca que só poderia vir da mente de um japonês.
Mas e o que isso tem a ver com o que está havendo? Bom, aí ele continua. Ele explica que os cientistas acharam o cadáver de uma mulher pré-histórica na África, e eles assumem que ela é a primeira mulher que já existiu no mundo. Eles a nomearam Eve (uma homenagem a Eva, a primeira mulher de acordo com a Bíblia). Teoricamente, as mitocôndrias dessa mulher teriam poderes suficientes para controlar todas as outras mitocôndrias de todos os outros seres humanos, afinal, as mitocôndrias dela são as mães de todas as outras. Sendo assim, se ela pode controlar as mitocôndrias, ela consegue fazer com que elas produzam energia demais, capaz de fazer um ser humano entrar em chamas ou vire gosma, tamanha a energia dispersada (relaxa, isso é ficção e é impossível de acontecer na vida real).
E o que isso tem a ver com a história? Bem, aparentemente Melissa Pearce tem alguma ligação com a Eve, apesar de que ninguém sabe como ou porquê. Então, os três, Aya, Daniel e Maeda, voltam para o consultório do Klamp em busca de mais informações.
Quando Klamp fica sabendo que Aya é imune aos efeitos especiais de Eve, ele se interessa em pesquisar Aya, e retira uma amostra de sangue para análise. No decorrer da análise, ele descobre que Aya é realmente imune aos poderes de Eve, e mais do que isso: suas mitocôndrias de fato vencem as mitocôndrias de Eve sem problemas. Isso não deveria acontecer. Maeda avisa que Eve está enfraquecida, e que ela pode estar tentando engravidar para gerar um filho forte e saudável, de modo a manter suas mitocôndrias ativas. O grupo então corre para um hospital de fertilização.
Chegando lá, eles descobrem que é verdade: Eve sofreu uma fertilização em laboratório, e está grávida. E mais: o responsável pela fertilização é ninguém menos do que o próprio Dr. Klamp. Ou seja: o sabichão estava escondendo o jogo e enganando todo mundo desde o começo, uma vez que ele é o responsável pela cultura das células de Eve até os dias de hoje.
De quebra, Aya descobre muito mais coisas, que se referem ao seu passado. Aya descobre que sua irmã mais velha, chamada Maya, era para ser a verdadeira Eve. Ela foi criada com códigos de DNA semelhantes às de Eve, aquela primeira mulher do mundo. Só que ela morreu em um acidente de carro aos onze anos. Como a Aya precisou de uma córnea, decorrente de um problema de nascença, ela recebeu um transplante de uma córnea da Maya, a qual lhe concedeu as mitocôndrias poderosas. Só que Melissa Pearce, quando jovem, também precisou de um transplante de rim, e recebeu um rim adivinha de quem? De Maya. Ou seja: ela e Aya possuem as mesmas super-mitocôndrias. Sim, é uma confusão só. Bem, é por isso que as mitocôndrias de Aya são imunes ao controle das mitocôndrias de Melissa. Só que, no caso da Melissa, as mitocôndrias se rebelaram e tomaram conta do cérebro dela (mais uma viajada legal na maionese), e agora controlam o corpo dela. Portanto, ela pode fazer todos os outros seres humanos pegarem fogo, se ela quiser, menos a Aya, é claro.
Klamp morre logo em seguida, mas não antes de confessar todo o ocorrido. Aya então descobre que Eve se encontra no sistema de esgotos, escondida enquanto seu filho não nasce, e resolve ir até lá para impedir que seu filho nasça. Como a esperma era especial, a gestação leva apenas poucos dias. Aya consegue lutar contra Eve na Estátua da Liberdade, e ele consegue destruí-la usando uma arma com uma munição especial, desenvolvida por Maeda usando células degenerativas e supressores de mitocôndrias.
Eve morre, mas o bebê dela consegue nascer, e já nasce com poderes especiais. Após uma batalha final contra o bebê do mal, que ocorre em um porta-aviões, tudo enfim acaba. Fim da história.

Sobre o jogo

Parasite Eve é uma mistura de muitos estilos. A princípio, fica difícil dizer qual é o gênero do qual ele pertence. Trata-se, fundamentalmente, de um RPG com características de Action-RPG, com clima de Survival-horror e com um toque de Strategy.
A movimentação do personagem é semelhante à de qualquer survival-horror. A diferença está nos comandos de combate em si. Os inimigos surgem de forma randômica em locais específicos, como em alguns RPGs. Assim que eles surgem, delimita-se um espaço do cenário para o campo de batalha. Aya saca a arma e se prepara para a ação em um ponto em específico. Há uma Active Time Bar (Barra de Ação Ativa), ou ATB, que governa todas as ações de Aya. Enquanto a barra não enche, Aya apenas pode se locomover e desviar do ataque dos oponentes. Quando a barra enche, ela consegue acessar um menu de ações. Caso decida usar um item ou algo assim, ela pode abrir o menu normalmente. Se quiser atacar o oponente usando a arma que tem em mãos, o jogador aperta o botão de ação, e aparece uma redoma ao redor da Aya, correspondente ao alcance da arma que ela tem em mãos. Todos os alvos disponíveis dentro da redoma podem ser atacados, e, caso um inimigo tenha múltiplos alvos (vários membros do corpo, por exemplo), pode-se atacá-los em separado. Aya pode desferir quantos ataques quiser por ATB, contanto que a arma permita, é claro.
Aí entra a questão da estratégia. Quanto maior o alcance da arma equipada, mais distante Aya pode estar do oponente, o que é bom. Quanto mais balas a arma suportar, mais tiros ela consegue dar por ATB, o que lhe permite disparar contra múltiplos alvos de uma só vez. Não se trata apenas de sair atirando para todo lado: alguns inimigos exigirão estratégias melhores do que isso. Disparos mais precisos em algumas partes do corpo podem ser eficientes para se causar mais dano, ou para impedir um ataque iminente, e assim por diante.
Derrotando oponentes, Aya recebe pontos de experiência, como em quase todo RPG. Conforme acumula experiência ela passa de nível, e, ao passar de nível, ela recebe Bonus Points, que podem ser usados para se fortalecer alguns atributos da Aya, como velocidade da barra de ATB, mais espaço no inventário, coisas assim. Se preferir, também poderá usar esses pontos para fortalecer equipamentos, da mesma forma.
Aya possui super poderes, chamados Parasite Energies, e ela pode usar esses poderes em batalha. Ao fazer isso, ela gasta pontos de MP. São vários poderes, de diversos tipos. Alguns poderes permitem a Aya se curar, enquanto outros lançam bolas de fogo, criam campos de energia em volta de Aya ou a deixam mais veloz, entre outras coisas. Fãs de RPG irão reconhecer rapidamente esses poderes como sendo habituais de jogos de RPG, como Haste ou Cure, por exemplo. Conforme avança de nível, Aya aprende novos poderes automaticamente. E essas magias se fortalecem conforme usamos, como um incentivo à formação de estratégias ainda melhores.
Mas a estratégia de batalha vai muito além do campo de batalha, e se estende até a preparação pré-batalha. Há uma grande variedade de armas, armaduras e equipamentos, e muitos deles fornecem pontos fortes ou ruins. Cabe ao jogador selecionar o estilo de batalha que mais lhe agrada. A variedade de armas é excelente, indo de bastonetes, pistolas e espingardas a metralhadoras, rifles de precisão, lança-granadas e lança-foguetes. Cada arma possui características realistas, que não se reduzem simplesmente ao poder de fogo: não adianta uma arma possuir um excelente poder de fogo e ter um péssimo alcance ou pouco número de disparos. Depende da estratégia. Em uma batalha contra vários inimigos ao mesmo tempo, por exemplo, é preferível uma arma com poder de fogo menor, mas com mais velocidade e mais precisão. Além disso, podemos encontrar armas com características especiais, como tiro triplo, fogo rápido, tiro de gelo, tiro de fogo, entre outros atributos negativos que podemos causar nos inimigos. Isso faz com que o jogador tenha de elaborar estratégias engenhosas de combate. E não adianta ter uma bela arma equilibrada em mãos, se a armadura for péssima. Há muitos modelos e estilos de armadura que podemos utilizar, todas balanceadas, de modo a termos de escolher qual a armadura certa para cada situação. A armadura tem de ser resistente a ataques físicos, resistente a ataques mágicos, e também resistente a ataques críticos. Além disso, é preferível uma armadura que possua as características de auto-cura, anti-paralisia, anti-envenenamento, ressuscitação, entre outras.
Como em qualquer RPG, muitas vezes os inimigos causam status negativos com seus ataques. Pode ser envenenamento, confusão, cegueira, paralisia, retardamento de movimento, entre outros, e temos de nos curar usando magias ou itens específicos. Algumas de nossas armas também podem infligir esses status nos oponentes. Além disso, há armaduras especiais que podem prevenir Aya de receber esses status negativos.
Um dos pontos mais interessantes de Parasite Eve é a sua liberdade para a customização dos equipamentos. O jogo incentiva o jogador a  customizar nossos materiais. A maneira mais básica de se fazer isso é colocar os Bonus Points que ganhamos ao passar de nível para aumentar os atributos de uma arma ou armadura. Mas, além disso, podemos usar ferramentas chamadas Tools, escondidas pelas fases, para passar atributos extras de uma arma ou armadura para outra. Fazendo isso, o equipamento do qual retiramos os atributos irá desaparecer. Vale considerar que só podemos passar os atributos extras, não os atributos totais do equipamento. Assim, temos de dar preferência para armas com mais atributos reais que extras, e pegar atributos de armas que tenham mais atributos extras que reais. Algo um tanto complexo, o que pode deixar o jogador bem confuso na hora de selecionar os equipamentos. É bem comum cometer um erro e se arrepender de ter “descartado” uma certa arma, sem mais chance de volta. Além disso, usando as mesmas Tools, podemos transferir também as características adicionais de um equipamento para outro. Por exemplo: você encontrou uma armadura que é bem fraca, mas que possui auto-cura. Basta transferir a qualidade de auto-cura para a sua armadura, e pronto. Também podemos usar Super Tools, ferramentas ainda mais raras de se encontrar, para transferir atributos sem eliminar a armadura. Esta opção de customização é realmente interessante, pois permite ao jogador uma infinidade de possibilidades, moldando seu equipamento realmente de acordo com o seu gosto pessoal. No entanto, esse sistema é demasiadamente complexo, e poderia ter sido muito mais facilitado para os iniciantes.
Para dificultar um pouco as coisas, cada equipamento possui um número pré-determinado de slots, que podem ser preenchidos com características especiais transferidas de outras armas. Há a possibilidade de aumentar o número de slots de uma determinada arma, contanto que se mostre ao chefe do departamento de armas da delegacia uma permissão especial de modificação. Algo que parece inútil a princípio (quando nem temos muitas características interessantes para preencher), mas que pode sim ser muito bem-vindo na segunda metade do jogo, com a intenção de criar a melhor arma possível no jogo. Um trabalho de forja cansativo e pouco empolgante, mas que pode fazer a diferença na hora de se enfrentar aquele chefe de fase específico.
Como um survival-horror tem de ser, Aya possui um inventário limitado, e a munição das armas é controlada. Ela tem de carregar em seu inventário as armas, armaduras, munição, poções, itens e chaves de todos os tipos. Obviamente, não cabe tudo isso, e frequentemente teremos de deixar nossos itens no armazém da delegacia de polícia, para uso posterior. Como somente podemos acessar os itens armazenados no armazém da delegacia, isso se torna realmente chato, pois temos de voltar para a delegacia sempre que percebemos que deixamos alguma coisa importante, como uma arma que queríamos incrementar, ou um equipamento que tinha aquela característica que íamos usar. Não cabe quase nada em nosso inventário, então teremos de manter sempre um contato direto com a delegacia, ou, em casos extremos e muito infelizes, podemos acabar sendo forçados a descartar alguns itens do inventário. Isso é monótomo e, muitas vezes, irritante. Aya ganha novos espaços para inventário conforme avança de nível, mas, até que ela tenha uma boa quantidade de espaço no inventário (o que só vai acontecer lá pelo final), já teremos desperdiçado vários itens bons, por falta de espaço.
Para salvar o jogo, Aya precisa usar o telefone. Há vários telefones e orelhões espalhados pelo jogo, e ela pode salvar o jogo quantas vezes quiser. Aconselha-se a salvar o jogo sempre que possível, pois sempre haverá um telefone público antes de chefes ou de momentos importantes do jogo.
Como já é característico em jogos da Square, ao finalizar o jogo, temos a possibilidade de jogar o modo Ex Game. Esse modo é uma reconstituição do jogo original, mas com algumas diferenças que fazem valer a pena: podemos continuar com os atributos ganhos no jogo anterior, podemos usar os ganhos recebidos ao vencer o jogo, podemos acessar os itens do jogo anterior nas caixas da delegacia a qualquer momento, podemos recomeçar com a arma e a armadura com o qual derrotamos o último chefe do jogo, e ainda temos acesso ao mais extenso e interessante desafio do jogo: um edifício repleto dos mais poderosos monstros, os mais poderosos equipamentos e o último chefe verdadeiro do jogo, além do verdadeiro final. Enfim, para saber tudo que o jogo tem a oferecer, o jogador tem de, invariavelmente, fechar pelo menos duas vezes.

Análise do jogo

Gráficos
A Square caracterizou Parasite Eve como um RPG cinematográfico, e o motivo é óbvio: tudo se parece bem com um filme. Os cenários são bem feitos, os personagens são bem construídos, com detalhes e com movimentação realista e convincente para a maioria das animações, principalmente durante os diálogos, que muitas vezes acontecem dentro de carros, ou em meio a brigas e discussões severas. Não há som, tudo é imagético, exatamente como um livro (e é essa a ideia). Tudo flui maravilhosamente bem, inclusive com os inimigos, feios (no bom sentido) e detalhados. Mas o que rouba a cena, sem dúvida, são as várias cenas em CG, que surgem no decorrer de todo o jogo, esclarecendo a abrilhantando a história, com cenas fortes de mutações, mortes grotescas e também cenas interessantes que retratam Nova Iorque com focos dignos de um excelente diretor de imagem. Repetindo, tudo no jogo lembra um filme de ficção científica dos melhores, e merece nossa consideração. O empenho da Square foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Som
Simplesmente avassalador, afinal, uma dos pontos fortes de PE é o som. As músicas são únicas e incrivelmente belas. O estilo adotado foi uma mistura de ópera clássica com música eletrônica moderna, dando ênfase para os remixes. Algo inusitado e que contribui e muito para a adrenalina das ações e para o suspense das explorações. Uma obra-prima que virou um CD de áudio excepcional, e que pode ser, sim, comprado à parte pelas lojas da Square. Esta é apenas uma demonstração do excelente trabalho realizado pelo compositor Yoko Shimomura, responsável por esse brilhantismo sonoro. A única coisa que faz falta para a realidade da cena, e que não poderia ter faltado, infelizmente, é o trabalho de dublagem. A ideia é realmente passar a mensagem de um livro, mas a ausência de dublagem faz muita falta. É esse fator que separa o excelente do que poderia ter sido simplesmente perfeito.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Jogabilidade
As batalhas funcionam bem, mas são, infelizmente, complexas demais em sua essência. A movimentação e a exploração são simples e não apresentam qualquer problema, mas os combates podem, sim, afastar os menos habilidosos. Sendo um RPG de ação, a Square mesclou o estilo rápido e frenético dos combates com um sistema lento de acesso a menus e de incrementação de equipamentos. A combinação não ficou tão legal quanto poderia ter ficado. A falta de informações, principalmente no início do jogo, sobre como proceder com algumas funções básicas de combate fatalmente fará com que o jogador cometa muitos erros. Isso apenas complica e permite que o jogador fique confuso e não aproveite tudo o que ele poderia ter aproveitado se tivesse mais explicações.Além disso, o sistema de jogo chega a "incentivar" o erro do jogador. Não é raro quando o jogador percebe que descartou um item precioso, ou um equipamento útil, meramente por falta de informações acerca de como usá-lo melhor. Esses conjunto de defeitos poderia ter sido facilmente consertado, mas não foi por falta de vontade da Square. Eles tiveram uma excelente ideia, boa mesmo, mas se perderam na hora da execução. Empenho mediano por parte da Square.
● Nota pessoal: 2/5 (Empenho Mediano)

Diversão
Parasite Eve possui elementos interessantes de RPG, com toques fantásticos de survival horror, com direito a cenas horripilantes, monstros que aparecem de forma assustadora e com aparência terrível. A mistura inusitada funciona bem, e agrada aos principais fãs dos dois estilos. Matar monstros é bem interessante e diferente de outros jogos, com muito mais ação, mas sem perder o estilo RPG de ser, que pode conquistar novos fãs para a Square. Os chefes são, muitas vezes, difíceis, e temos de bolar estratégias de combate diferentes para cada um deles. Algumas vezes, basta se afastar, desviar de um ataque, esperar a barra ATB encher, chegar perto, atacar e repetir tudo de novo. Outras vezes, temos de atacar um certo ponto, de um certo local, com uma certa arma, o que não é assim tão simples de se ver. Muito interessante, mas que apenas não é perfeito por causa de alguns probleminhas. Algumas batalhas são lentas, chatas e repetitivas demais. Além disso,  encontros randômicos em survival-horrors não são a melhor coisa. É muito ruim, quando se está perdido e tentando descobrir o que fazer a seguir, ter de enfrentar um monte de inimigos que aparecem toda hora, e pior, sem chance de se escapar deles, ou evitá-los. Em resumo, a diversão é muito boa, mas poderia ter sido aperfeiçoada. Empenho excelente.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Longevidade
PE foi projetado para se jogar duas vezes, no máximo. Ao terminarmos o jogo uma vez, o que levará por volta de 12 horas, poderemos até mesmo jogar novamente, um novo Ex Mode, com alguns novos recursos, algumas coisas interessantes, e um local novo, com novos inimigos, novos equipamentos, novos chefes, além de um segundo final, mais profundo que o primeiro. Algo que mantém o jogador com vontade de terminar o jogo uma segunda vez, mas, uma vez terminado, será o fim. Não há, simplesmente, mais qualquer motivo para se jogar o jogo novamente. Nada mesmo, o jogo pode ser descartado depois disso. Uma pena, mas o empenho com a longevidade foi apenas mediano por parte da equipe de produção da Square.
● Nota pessoal: 2/5 (Empenho Mediano)

Inovação
A inovação em Parasite Eve é algo parcial. O sistema de batalha já é largamente conhecido pelos fãs de RPG da Square, e não apresenta nada de novo. As cenas de horror, sangue e violência são bem feitas, bem ao estilo Resident Evil, mas também não acrescentam nada de novo. A única coisa inovadora foi a junção, até então inesperada, de dois estilos bem diferentes. E não é que a tentativa deu certo? A Square abriu as portas para que outras produtoras tentassem mesclar esses dois estilos, provou que é possível, e foi sim copiada no futuro. Então, por esse motivo, não foi uma tentativa em vão. O empenho em inovar foi, no mínimo, considerável.
● Nota pessoal: 3/5 (Empenho Considerável)

Soma Final: 20/30 (Bom)

Em resumo: Parasite Eve é uma excelente adaptação de um romance de ficção científica. A tentativa de se apresentar todo o drama, os detalhes da trama, o suspense e o horror presentes no livro em uma versão gamística foi bem aproveitada. O jogo diz a que veio e cumpre seu papel, apesar de ter ocorrido uns problemas em sua concepção que o afastam de ser uma das melhores obras da Square. A ação cinematográfica do jogo é perfeita, e a história é muito bem contada. O jogo é indicado para todos os que gostem do romance, gostem de ficção científica, gostem de um bom survival horror ou mesmo de um RPG com muita ação. Enfim, um game que tem potencial para atrair muitos gostos e muitos estilos diferentes.


 
Análises profissionais

A média pela Metacritic para Parasite Eve é 81/100.

Detonado em Vídeo

Este detonado está completo, e mostra a localização de todos os itens e de todos os segredos do jogo, além de estratégias eficientes para cada inimigo e cada chefe. O vídeo foi compilado em  quatro vídeos. Divirta-se:

Parte 1



Parte 2



Parte 3



Parte 4


Entre em contato comigo pelo e-mail: adm_melhorfinal@hotmail.com ou pelo twitter: @AdmMelhorFinal.

2 comentários:

  1. Maravilhosa sua analise!
    Estava procurando a historia do jogo, pq eu jogava o 2 e fiquei curioso...
    Essa sua analise e o resumo da historia em si, não poderia ter ficado melhor, serio mesmo, parabéns e vlws!

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  2. Joguei o Parasite Eve em 1998 baita jogo o ultimo chefe o bebê é foda demorai uma manha inteira de domingo para mata-lo já o pe2 joguei pouco e não acabei, soube que sai em 2010 o pe 3 só para psp! agora estou na geração xbox que é bem melhor que ps!

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