sábado, 21 de janeiro de 2012

Blood Omen: Legacy of Kain


Esta é a análise de Blood Omen: Legacy of Kain, lançado pela Crystal Dynamics em 1996 para o Playstation.


Introdução

O gênero Action-Role-Playing Game foi um gênero muitíssimo bem explorado no console Playstation. Quando se avalia jogos como Castlevania: Symphony of the Night, ou Vagrant Story, é preciso antes reconhecer como tudo começou. Um dos primeiros Action-Role-Playing Games na história do console foi uma tentativa inusitada da Silicon Knights. Após três anos de preparativos sem nem saber para qual console estavam desenvolvendo o jogo, eles viram no lançamento do console da Sony um local ideal para começar a nossa tão adorada franquia Legacy of Kain. Vamos conferir juntos como foi esse game?

BLOOD OMEN: LEGACY OF KAIN


Informações técnicas

Publicado por: Crystal Dynamics
Desenvolvido por: Silicon Knights
Gênero: Action-Role-Playing Game
Diretor: Ken McCulloth
Plataforma: Playstation e PC
Data de lançamento: 1 de novembro de 1996
Faixa etária: Mature

Sobre a história (contém spoilers)

A história do jogo é macabra e repleta de elementos de mitologia e de magia negra. Se você não suporta esses assuntos, recomendo que não leia essa parte da análise. De qualquer forma, a história é belíssima, rica e muito bem estruturada. E também pode ser um pouco confusa, então preste muita atenção para não se perder. Vamos em frente!

A história se passa na terra fictícia de Nosgoth, uma terra sem lei repleta de personagens bizarros e praticantes de magia negra. O personagem principal da história é Kain. Kain é um nobre de Nosgoth que teve de fugir de sua cidade natal, Coorhagen, por causa de uma praga que estava atacando todo mundo por lá e os transformando em monstros (?). Fugindo, ele não consegue nenhum local para dormir ali por perto, e acaba passando a noite em um bar de Ziegsturhl, bebendo. O dono do bar começa a reclamar com ele, que ele deveria ir embora, e tal, pois já está tarde e é bem perigoso lá fora, e Kain decide mesmo ir embora. Para o azar dele, ele é encurralado do lado de fora do bar por um exército interminável de assassinos sanguinários que o matam sem nenhum motivo aparente.
Morto, Kain ainda jura vingança. Suas preces são ouvidas pelo famoso necromante Mortanius.


Mortanius, enxergando grande potencial em Kain, decide revivê-lo, mas não como um ser humano, e sim como um vampiro. Kain, a partir de então, assume a seguinte forma:


Kain aceitou de bom grado esse presente que lhe foi concedido, afinal, sua sede por vingança falava mais rápido. Kain então renasceu dentro de seu próprio mausoléu, como um vampiro, apenas quatro dias após a sua morte. Sedento por sangue e vingança, Kain volta até Ziegsturhl, e mata todos os assassinos que lhe mataram. Após cumprir sua vingança, Mortanius avisa Kain que esses assassinos não o mataram à toa: eles foram enviados por alguém. Para descobrir quem, Kain deve ir até os pilares de Nosgoth.
Os pilares de Nosgoth são a base central do mundo de Nosgoth. Eles são os responsáveis por manter a paz e a ordem no mundo, e representam o estado de espírito de Nosgoth. São nove pilares, e cada um possui um guardião. Se os nove pilares estiverem saudáveis, o mundo estará saudável. Caso contrário, o mundo entrará em caos. E acontece que os pilares não estão nada saudáveis.
Chegando ao local, Ariel é recepcionado pela Ariel.

Ariel.jpg

Ariel era uma das deusas protetoras de um dos pilares, do Pilar do Equilíbrio, para ser mais exato, mas ela foi assassinada. Após sua morte, todos os guardiões dos pilares foram corrompidos, e seus tokens, que representam seu poder, se tornaram elementos do mal. Ariel, em forma de fantasma, passou a amaldiçoar o local, então, esperando por uma alma que pudesse fazer justiça. Ela conta que Kain deve reaver os tokens e recolocá-los nos pilares de Nosgoth. Se ele fizer isso, além de restabelecer a paz para Nosgoth, ainda irá conseguir o que tanto quer: a sua paz espiritual. Ariel, então passa a servir como um guia de Kain, apontando a ele onde ele deve ir, e ele vai. Basicamente, a missão de Kain é uma só: encontrar e derrotar os nove usurpadores dos pilares de Nosgoth.
E o primeiro alvo de Kain é Nupraptor, o Mentalista. Veja uma imagem dele:

NUPRAPTOR SEWED SHOUT HIS EYES AND MOUTH.jpg

Nupraptor era o guardião do Pilar da Mente. Ele foi a causa da corrupção dos pilares. Ao ver sua grande amada, Ariel, morta, sua mente se corrompeu. Como a sua mente representava o estado de espírito de toda Nosgoth (por isso ele era o deus guardião do Pilar da Mente), sua loucura levou todos os outros guardiões a se corromperem também.
Quando Kain chega até ele para matá-lo, Kain é impedido por um espírito chamado Malek.

Malek.jpg

Malek era o espírito guardião do Pilar do Conflito. Ele foi brutalmente assassinado em um ataque que foi realizado ao Círculo dos Nove, por um vampiro poderoso chamado Vorador. Sem vida e ainda culpado pela corrupção dos pilares, sua alma foi aprisionada eternamente em uma armadura, por Mortanius, de modo que ele pudesse tentar reaver sua vingança.
Porém, Nupraptor recusa a ajuda de Malek e resolve enfrentar Kain. Após ser derrotado, ele aceita seu destino. Kain arranca sua cabeça, que é o token do Pilar da Mente, e restabelece a ordem neste pilar.
Em seguida, Kain segue em direção a Malek, deus guardião do Pilar do Conflito. Porém, sem saber muito bem como poderia encontrá-lo, Ariel orienta Kain que encontre Moebius, o Oráculo de Nosgoth.

Moebius.jpg

Moebius conta a Kain diversos elementos da trama, como por exemplo os ataques de um tirano chamado Nemesis. Nemesis é um dos principais vilões da história, e ele tem tentado dominar Nosgoth sob seu poder. O único que pode se opor a ele é Ottmar, rei de Willendorf, o mais poderoso reino de Nosgoth, mas, por aflição e egoísmo, se mantém neutro na guerra. Ele conta ainda que Kain não é forte o bastante para assassinar Malek. O único ser que já conseguiu enfrentá-lo e, de fato, derrotá-lo, foi um dos mais poderosos vampiros de todos os tempos: Vorador. Kain deve pedir a sua ajuda.
Kain, então, segue em direção à mansão de Vorador.

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Vorador foi o vampiro que atacou, logo no vídeo de introdução ao game, o Círculo dos Nove, que era o círculo ao qual pertenciam os nove guardiões. Vorador matou Malek anos atrás.
Kain pede a ajuda de Vorador, mas ele se recusa, e ainda afirma que Kain não deve se meter em assuntos que são perigosos demais para ele. Mesmo assim, Vorador ainda lhe entrega um anel, dizendo que esse anel lhe permite invocá-lo, caso ele precise de sua ajuda.
Saindo da mansão de Vorador, Kain avista ao longe uma grande emanação de energia. Pressentindo que tinha algo de errado ali, ele chega a uma espécie de fortaleza, onde se escondiam três guardiões. São eles: Bane, o Druida, guardião do Pilar da Natureza,

Bane-bio.gif

DeJoule, o Energista, guardião do Pilar da Energia, e Anarcrothe, o Alquemista, guardião do Pilar dos Estados.

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Os três se reuniram para juntar forças. Quando Kain aparece, Anarcrothe invoca Malek para enfrentá-lo, e, em contrapartida, Kain invoca Vorador. Vorador e Malek entram em combate, e Kain usa isso como vantagem para perseguir os guardiões. Ele consegue derrotar Bane e DeJoule, mas Anarcrothe fugiu. Kain consegue os dois tokens, e de quebra leva o token de Malek, que foi derrotado por Vorador. Aparentemente, no entanto, Vorador também foi morto na batalha.
Após restaurar os pilares do Conflito, da Natureza e da Energia, Kain segue em direção do próximo guardião; ou melhor, guardiã: Azimuth, a planadora, guardiã do Pilar da Corrupção.

Azimuth AzimuthCGI.jpg

Kain encontra, dentro da catedral onde está Azimuth, a arma mais poderosa do jogo, a Soul Reaver. Usando essa nova arma, ele consegue matá-la sem muitos problemas.
Kain então é avisado por Ariel que o rei Ottmar, de Willendorf, teve a alma de sua filha roubada por Elzevir, o fazedor de bonecos. Ele mandou um exército atrás dele.

Elzevir the Dollmaker.jpg

Elzevir capturou a alma da filha do rei Ottmar para fazer seu boneco mais poderoso. Kain chega até o templo no qual ele se esconde, e consegue matá-lo.
Com a morte de Elzevir, Kain consegue reaver a alma da filha de Ottmar. Ottmar, então, decide auxiliar Kain em sua busca, liderando o exército, que é o mais poderoso e mais bem-preparado de Nosgoth, a favor de sua missão. Juntos, eles lutam em uma batalha contra a legião de Nemesis. A batalha viria a ser conhecida para sempre como a Batalha do Último a Ficar.
Porém, as coisas não vão bem para o lado de Kain. O exército de Ottmar está em larga desvantagem, e logo é derrotado. Ottmar também é assassinado. Kain chega muito perto de ver sua morte, mas, no último momento, algo de estranho acontece. Um dispositivo que manipula o tempo leva Kain cinquenta anos no passado de Nosgoth.
Kain se encontra, então, cinquenta anos no passado. Nessa época, o perigoso tirano Nemesis era ninguém mais, ninguém menos do que o jovem William, o Justo. Kain vai até a sua mansão, para tentar assassiná-lo antes que ele se torne o temível tirano Nemesis, assim salvando Nosgoth de seu caos. Porém, para sua surpresa, ao chegar à mansão, ele consegue ver um encontro secreto de William com Moebius. Sim, Moebius, o Oráculo de Nosgoth, foi o principal financiador de William. Foi ele que providenciou muitas armas e homens para que William formasse sua legião temerosa. Ou seja, Moebius esteve do lado do mal o tempo todo, ele traiu Nosgoth!
Kain consegue se encontrar cara a cara com Kain, mas, para sua surpresa, ele também possui uma versão da poderosa espada Soul Reaver. Ambos entram em uma batalha feroz, do qual Kain sai vitorioso. Matando William, Kain cria um paradoxo no tempo. Afinal, não é possível que William se torne Nemesis e domine Nosgoth no futuro se ele foi morto por Kain no passado. Cria-se, portanto, duas realidades, dois mundos paralelos, coexistentes e paradoxais: um no qual William está vivo e outro no qual William está morto. Kain é cercado pelos soldados do exército de William, mas ele consegue um dispositivo do tempo e faz outra viagem temporal, desta vez retornando ao presente.
Trata-se do presente do mundo temporal do qual William está morto, no entanto. E essa era não está nada boa. Nessa nova realidade, sem William para se tornar Nemesis, o caos está ainda pior do que naquela realidade. Moebius liderou um exército de mercenários e mandou matar todos os vampiros sob a face da Terra. Kain consegue chegar a tempo de ver Vorador (o qual está vivo nesta realidade) morrer na guilhotina, diante de todos. Kain então desafia Moebius, e o enfrenta. Antes de morrer, Moebius diz que o destino de Kain é a morte. Kain diz que já está morto, e consegue o token de Moebius, já que ele é o guardião protetor do Pilar do Tempo.
Kain volta aos pilares de Nosgoth. Seis pilares já foram, e falta apenas três. E justamente dois desses três guardiões estão se enfrentando diante dos pilares de Nosgoth: Mortanius, o guardião do Pilar da Morte, e Anarcrothe, guardião do Pilar dos Estados. Mortanius consegue matar Anarcrothe, e então chega a vez de Kain enfrentar Mortanius. Ele o derrota, e descobre que Mortanius não era Mortanius. Seu corpo havia sido incorporado por uma entidade maligna conhecida como Hylden Lord.

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Kain derrota Hylden Lord, colocando um fim em seu plano maléfico e muito bem planejado de tomar Nosgoth. Afinal, tomando o corpo de Mortanius, Hylden Lord esteve o tempo todo em uma posição privilegiada, assistindo de perto o conflito dos pilares de Nosgoth. Na verdade, foi ele mesmo que matou Ariel, começando tudo isso. E ele ainda fomentou a sede de poder de Moebius, fazendo-o trair a todos e atraindo o atenção de todos para ele, enquanto Hylden Lord sagazmente manipulava tudo por trás dos panos. O plano perfeito, até Kain chegar, pelo menos.
Com Hylden Lord fora do caminho, Kain percebe que oito dos pilares de Nosgoth foram recuperados. Falta um. E o pilar que falta é justamente o Pilar do Equilíbrio. Ariel era a guardiã do pilar, mas ela morreu, então, o que falta? Nesse momento, então, Kain descobre a verdade. A partir do momento em que um guardião morre, ela escolhe o próximo ser que será o guardião. E Ariel escolheu Kain. Kain é o guardião do Pilar do Equilíbrio. E isso quer dizer uma coisa: o futuro de Nosgoth depende unicamente dele.
Kain se encontra diante de um dilema, agora. Se Kain quiser salvar Nosgoth e exterminar para sempre a raça vampiresca, ele deve se suicidar. Com isso, o último token será liberado, e os pilares de Nosgoth serão restabelecidos, trazendo paz e harmonia para Nosgoth. Porém, se Kain resolver que vai continuar viver, ele poderá reinar absoluto em Nosgoth, afinal, ele é o mais poderoso vampiro, e aquele que detém o poder maior sobre o futuro do mundo. Cabe ao jogador escolher o destino que quiser.
Mas, só para saber: o verdadeiro final do jogo é o mal, ou seja, Kain não se mata coisa nenhuma. Kain decide continuar vivo, e aceitar que os vampiros não são uma ameaça à raça humana, e sim uma benção, um sinal claro de que são superiores aos seres humanos. É assim que a história termina e dá origem aos demais jogos da franquia.

Espero que tenham gostado!

Sobre o jogo

Blood Omen: Legacy of Kain é um jogo 2D, com perspectiva superior, muito semelhante ao que podemos encontrar em outros jogos desse gênero, como The Legend of Zelda: A Link to the Past e Alundra. Focando em uma ação rápida, o jogador possui os comandos de ataque direto, bem semelhante a um jogo de ação mesmo. Os elementos de Role-Playing Game são muito sutis nesse game, mas estão presentes.
Trata-se de um jogo comum, no qual o principal objetivo é atravessar grandes dungeons com vários desafios, recolhendo itens e resolvendo quebra-cabeças. Além dos dungeons, há um enorme cenário que pode ser explorado. O jogador é instigado e explorar tudo que ele puder do cenário desde o princípio. É óbvio que muitas das áreas são fechadas a ele no princípio, mas, conforme ele vai adquirindo novos poderes e novas armas, mais áreas vão se tornando acessíveis. Sendo um mundo fechado e não progressivo, o jogador pode trilhar vários caminhos diferentes para se chegar ao mesmo objetivo, e ele sempre pode voltar para uma área já visitada anteriormente, para explorar novamente.
A forma de progresso é através de dungeons, como já foi dito. O jogador recebe a localização de um dungeon, no qual deve ir, e então tem de trilhar um caminho que o leve até lá. Geralmente, são castelos, fortalezas, igrejas, mansões ou templos. Para que o jogador possa saber qual caminho trilhar para chegar onde quer chegar, há uma tela de mapa geral que mostra todo o mundo de Nosgoth, e também pequenas telas individuais para cada tela, muitíssimo bem explicativas, contando com a localização exata de cavernas, pontos secretos e tudo o mais.
É claro que nem sempre teremos de ir a pé. Afinal, o mundo é grande demais para isso. Kain aprende, logo no começo do jogo, a habilidade de voar. Mas ele não sai voando por aí: Kain apenas pode voar até algumas áreas pré-determinadas, que são disponibilizadas pelo jogador conforme explora o mundo. Isso facilita bastante ao jogador a locomoção pelos cenários.
Mas há uma coisa que atrapalha bastante o caminhar pelo jogo: o excesso de loadings. Sempre que transitar de uma tela para outra, verá um loading. Veja bem: eles não demoram tanto assim, geralmente de 2 a 6 segundos apenas. Até é compreensível quando estamos atravessando aquelas salas enormes, cidades, florestas ou coisas do gênero. Porém, muitas vezes, temos apenas de atravessar uma sequência de breves salinhas, dentro de um dungeon qualquer. E ter de aguentar um loading de cada salinha em salinha chega a tirar a paciência. Isso incomoda e atrapalha bastante, frustrando a diversão.
Tem uma coisa que tem de ser mencionada: a passagem de tempo. Blood Omen: Legacy of Kain possui um relógio interno que faz a passagem do tempo. Além de um relógio de sol que mostra a hora do dia, há ainda uma passagem dos dias, que é contada através das luas. Poderemos ver, portanto, quando é dia e quando é noite, e, além disso, quando é noite de lua cheia, lua minguante, lua crescente ou lua nova. Não se trata de uma futilidade do jogo: essa passagem faz diferença no jogo. Há algumas áreas secretas que só se abrem em noites de lua cheia, por exemplo. Sem contar que o jogo responde bem ao tempo. Quando está de dia, o jogo fica claro, enquanto, à noite, vemos tudo mais escuro e com mais dificuldades. Em algumas cidades, podemos ver pessoas caminhando de dia, enquanto vemos apenas soldados patrulhando à noite, entre outras diferenças que são interessantes de se ver. Só para constar, leva-se cerca de duas horas para se passar um ano completo (entre duas luas novas, por exemplo), e cerca de quinze minutos entre um dia e outro.
Não é só na passagem do dia e da noite que o jogo tenta se mostrar realista. O jogo ainda obedece aos princípios da natureza. Em cenários externos, pode ser que aconteça algo horrível: a chuva. Eu digo horrível porque vampiros odeiam a água, e isso quer dizer que Kain irá perder vida sempre que sair na chuva, limitando seus movimentos. A chuva é esporádica e totalmente aleatória, assim como na vida real. Trata-se de um toque bem interessante. Além de poder ocorrer chuva em algumas áreas, há alguns cenários no jogo em que poderá nevar: o que vampiros também odeiam. Fique de olho no clima!
Agora, vamos falar sobre os combates. Kain terá de enfrentar diversos oponentes que são tirados dos filmes de terror, como vampiros, lobisomens, fantasmas, espíritos, golems, esqueletos, e muito mais, além, claro de soldados e cavaleiros humanos. Os combates são simples e rápidos. Aparece um inimigo na tela, Kain pode golpeá-los com comandos simples e rápidos. Os comandos de golpe são o mais simples possível, de forma bem genérica: há apenas um botão de ataque com a arma e um botão especial, que pode ser usado para usar um item ou uma magia. Personagens humanos podem ter o sangue sugado por Kain, depois que forem enfraquecidos. Quando Kain suga o sangue de seus oponentes, ele ganha uma boa quantidade de vida. Da mesma forma, Kain pode ainda sugar o sangue de prisioneiros que ficam espalhados pelos dungeons. Eles são uma fonte muito interessante de vida, mas só podem ser usados uma vez.
O jogo fornece uma boa variedade de itens e de magias. Kain encontra os itens pelos cenários, e pode aprender as magias em santuários específicos dentro de dungeons ou em locais especiais. Os itens podem ser usados em batalha, para atacar o oponente (alguns são tão poderosos que matam qualquer oponente direto, e de forma bem grotesca), para curar o personagem de veneno ou encher a vida. Já as magias possuem um papel ainda mais importante. Kain possui uma grande variedade de magias. Tem algumas que podem ser usadas para atacar, enquanto há outras que lhe permite fazer uma variedade de coisas, como iluminar a área, criar casulos de energia em volta de Kain, fazer com que todos os oponentes lutem entre si, ou controlar oponentes. Tem até uma magia que mata qualquer oponente com uma carga só, mas consome uma boa quantidade de mana. Vale lembrar que os itens são limitados, e que as magias são infinitas, porém consomem mana.
Mas o mais interessante não são nem as magias e nem os itens, e sim as transformações. Conforme avança pelo jogo, Kain aprende a se transformar em outros seres. Transformar-se em morcego permite a ele voar. Transformar-se em lobo permite a ele saltar grandes distâncias, escalando áreas antes inacessíveis ao mesmo tempo em que pode atacar usando suas garras. Transformando-se em névoa, poderá atravessar a água, espinhos ou a lava sem tomar dano, além de poder atravessar inimigos e outras armadilhas. Por fim, disfarçar-se de humano permite a Kain andar entre os oponentes humanos sem causar qualquer suspeita, perfeito para ataques furtivos.

Como já foi fito, Kain usa o mesmo botão para usar itens ou lançar magias. Isso faz com que o jogador tenha de ficar sempre intercalando entre um ou outro, conforme a sua necessidade. O jogador pode selecionar quatro ou cinco itens ou magias para comporem uma espécie de menu rápido de acesso. Através desse menu rápido, ele poderá selecionar qual magia ou item ele quer. Fazendo isso, ele irá parar o jogo. Caso queria uma outra magia ou item que não esteja nesse menu rápido, terá de equipar manualmente pela tela de START. Essa dificuldade a mais, que pouco faz proveito da versatilidade de comandos do controle do Playstation, não é a melhor forma possível, e poderia ter sido bem melhorada nesse aspecto.
Como em todo bom RPG, Kain também pode se envenenar. Isso acontece quando Kain suga sangue verde de oponentes mortos-vivos, ou quando é atacado por ataques venenosos de determinados monstros. O veneno suga a energia de Kain aos poucos, e pode ser realmente fatal. Ele se cura sozinho após um tempo, mas é melhor contar sempre com itens de cura na reserva, para esses momentos.
Falando em equipar, não é só magias e itens que podemos equipar. Kain pode adquirir, no decorrer da aventura, uma boa quantidade de armas e armaduras para usar um batalha. Cada equipamento possui uma vantagem e uma desvantagem (o que é clássico em RPGs). A maça, por exemplo, consegue atordoar oponentes humanos rapidamente, permitindo a Kain sugar-lhes o sangue, mas é ineficiente contra inimigos não-humanos. Já o machado é uma arma fortíssima, mas, enquanto estiver equipado com ela, não poderá usar itens e nem magias. E assim por diante. O mesmo vale para armaduras. Tem uma armadura que causa dano nos oponentes que atacarem Kain, uma que suga automaticamente o sangue dos oponentes e há outra que divide o dano tomado entre a barra de vida e de mana. Cada equipamento é bom para cada momento, portanto é sempre bom ir trocando de acordo com a necessidade. Infelizmente, não tem como colocar equipamentos em um menu rápido, então terá de pausar o jogo sempre que quiser trocar de equipamento, o que, em alguns momentos, chega a atrapalhar também.
Há algumas áreas, no cenário, em que Kain pode sacrificar uma boa quantidade de vida em troca de itens especiais. Esses itens podem ser conseguidos quantas vezes quiser - contanto que se tenha sangue o bastante - então vale a pena pegar quantos puder. Há salas especiais como essa para quase todos os itens do jogo, até mesmo os mais raros e eficientes.

O modo de evolução de Kain é diferente de RPGs tradicionais: Kain, o personagem principal, não evoluiu através de níveis ou de experiência, e sim através de itens que ele encontra pelo cenário e o deixam mais forte, novamente semelhante a Alundra e Zelda. É possível encontrar, muito bem escondidos pelos cenários, itens que aumentam aos poucos a vida e a mana de Kain. Há muito mais itens desses do que o necessário, de modo que Kain pode ficar com a vida e a mana completa sem pegar todos os itens.
Há ainda algumas salas especiais no qual Kain pode beber de um sangue especial e adquirir novos poderes. Kain pode ficar mais fortes, causando golpes mais poderosos e empurrando pedras maiores, pode lançar magias mais poderosas, pode ficar resistente a diversos atributos, imunidade à chuva ou neve além de diversos outros benefícios. Muitas dessas salas são necessárias de se encontrar para prosseguir com a aventura.
No decorrer do jogo, há nada mais, nada menos do que 100 secrets. Os secrets são botões secretos, áreas secretas ou itens escondidos que podem ser desvendados. Eles ficam muito bem escondidos, e o jogador terá de ter atenção para localizá-los. Eles podem existir dentro de dungeons ou no campo aberto, e quase sempre revelam excelentes surpresas. Muitos desses secrets são necessários, mas a maioria é opcional. Vale a pena localizar todos, é claro. O jogador vai subindo de ranking conforme o número de secrets que consegue, mas esse ranking não interfere de forma alguma no final do jogo, e nem libera qualquer extra ou premiação. É apenas para complementar, mesmo.
Além de tudo, o jogo possui dois finais. Ao final do game (bem ao final do mesmo) o jogador se deparará com uma importantes escolha. Decidir por um final ou outro irá acarretar em diferentes visualizações de cenas, mas nada além disso. O jogo não possui qualquer extra, ou coisa que faça o jogador querer jogar novamente depois de fechar, a não ser o outro final e os secrets. Mas o jogo é tão grande e tão denso que isso nem chega a comprometer a longevidade do game.

Minha análise do jogo

Gráficos
Blood Omen: Legacy of Kain é em 2D, assim como a grande maioria dos jogos desse gênero lançados para o console. Isso se deve ao fato de que as produtoras já desenvolviam esse game antes de saber para qual console iriam portá-lo. Por isso, os gráficos do jogo ficaram destoados e bem abaixo daquilo que poderíamos esperar para um console de 32 bits. Apesar de ser ainda o segundo ano do console, já se poderia esperar efeitos de luz mais bonitos, personagens melhor modelados e cenários mais interessantes de se ver. Mas nada disso chega a chamar a atenção, infelizmente. Porém, para salvaguardar o trabalho da Silicon Knights, as cenas de animação em CG foram muitíssimo bem feitas, ficando no mesmo nível do apresentado por outros jogos contemporâneos. É o típico jogo que, se eles tivessem se focado no port para 32 bits, teria saído melhor, mas eles ficaram em cima do prazo para lançar o game, e não tiveram tempo de caprichar muito. Mesmo assim, posso afirmar que o empenho da Silicon Knights com os gráficos do jogo foi considerável.
● Nota pessoal: 3/5 (Empenho Considerável)

Som
A qualidade sonora de Blood Omen: Legacy of Kain é surpreendentemente boa. Os dubladores que foram chamados para dublar os personagens ficaram um pouco espantados perante a perspectiva do jogo, afinal de contas, a narração do jogo possui uma função vital no desempenho do game. Mas eles fizeram um excelente trabalho, e realizaram uma das melhores dublagens até então. Sendo para um dos primeiros videogames a permitir longas dublagens, isso é um diferencial e tanto. E, como se não fosse o bastante, os efeitos sonoros do jogo, desde as batidas de espadas, os gemidos dos prisioneiros, os gritos dos inimigos, enfim, os uivos e sim ambiente, enfim, tudo está perfeito. Empenho máximo da Silicon Knights.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Jogabilidade
A jogabilidade do game é simples, como é a da maioria dos games desse gênero. O problema é que ela foi pensada para ser parada demais. Há apenas dois comandos principais, um para ataque e outro para especial, e o botão especial intercala itens com magias. Temos de parar o jogo a todo momento para abrir menus e escolher novos itens ou magias. Até aí, tudo bem, mas ter de apertar START para trocar de armadura ou de arma? A questão é que o jogo pede por uma rapidez maior de comandos. O jogo clama que o jogador seja capaz de trocar de armas com eficiência (afinal, ele coloca monstros de diferentes tipos na mesma área, sendo que há armas diferentes que são efetivas contra eles, quase obrigando o jogador a trocar de arma dentro de batalha), mas ele não fornece essa rapidez e essa eficiência. Acredite, esse jogo seria muito melhor se pudéssemos realizar essas trocas com o mínimo de botões possível, e sem precisar parar o jogo a toda hora. Isso complica a jogabilidade, pois dá a impressão que o jogo foi feito para ser de um jeito, mas acabou ficando de outro bem diferente. Em um parâmetro comparativo com outros jogados do mesmo gênero lançados na mesma época, Blood Omen: Legacy of Kain se mantém ainda em um patamar um pouco inferior aos demais, quando era para ser o contrário. Empenho considerável por parte da Silicon Knights, que tentou, mas não conseguiu adequar bem o controle da Sony ao que ela queria.
● Nota pessoal: 3/5 (Empenho Considerável)

Diversão
Blood Omen: Legacy of Kain é divertido. Os combates são interessantes, a variedade de armas, itens e magias torna tudo mais variado e ajuda a não dar aquela impressão de estarmos fazendo a mesma coisa todo o momento. O jogo traz variação o bastante para se manter divertido quase o tempo todo. A história aterrorizante também contribui para o clima e para momentos de suspense muito bem planejados. Mas, nem tudo é perfeito. O game seria mais divertido se tivesse menos loadings. É realmente muito frustrante ter de atravessar uma área para chegar até um dungeon, e ter de encontrar um loading de cinco segundos a cada dez ou vinte passos. Tem áreas do jogo, principalmente dentro de dungeons, no qual os loadings são excessivos e desnecessários. A equipe da Silicon Knights poderia ter maneirado um pouco mais nos loadings, e deixando o jogo mais fluído e dinâmico. Porém, do jeito que tá, até dá para suportar em alguns momentos, mas chega a hora em que dás raiva parar o jogo a toda hora. Empenho excelente da Silicon Knights, por isso.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Longevidade
A longevidade de Blood Omen: Legacy of Kain é surpreendente à primeira vista. Apesar de possuir um enredo simples e de o jogador não precisar se desviar muito de seu caminho para prosseguir com a história, mesmo assim será necessário mais de 35 horas para se fechar o jogo, e isso caso o jogador saiba o que fazer. Um jogador comum poderá levar tranquilamente por volta de 50 horas para conseguir fechar o jogo apenas. Trata-se de uma quantidade considerável. O jogo ainda possui dois finais, portanto, é preciso fechar duas vezes para se ver tudo o que tem para ser visto. Sem contar que ainda é possível procurar por 100 secrets muito bem escondidos pelos cenários, que garantem várias horas a mais de gameplay. No todo, isso pode ampliar o número de horas para cerca de 60 ou 70 horas, dependendo do jogador. Trata-se de uma quantidade muito interessante de conteúdo extra, que pode manter esse game dentro do seu Playstation por algumas semanas, até ver tudo o que tem para ser visto. Empenho máximo da Silicon Knights.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Inovação
Blood Omen: Legacy of Kain foi ousado em diversos aspectos. Apostando em uma história inovadora e em uma ideia que tinha tudo, mas tudo mesmo para dar errado, eles conseguiram criar um excelente game. E não é só a história que é peculiar: o jogo traz diversos elementos até então inusitados para um Action-Role-Playing Game. O clima de terror, suspense e as cenas muito fortes de violência explícita são algo que merecem ser mencionados, também. Ele apostou em algumas coisas que deram certo (como a passagem do dia e da noite, e do realismo dos cenários, com momentos aleatórios de chuva e neve, por exemplo), e outras que nem tanto (como a falta de flexibilidade na escolha de magias e itens). Mas não podemos afirmar que um dos primeiros Action-Role-Playing Games do Playstation não tentou ser original. O jogo se distanciou bastante daquilo que poderíamos esperar. Apenas não conseguiu se posicionar em um nível tão bom quanto alguns de seus maiores concorrentes de outros consoles, mas reinou absoluto no console. Empenho excelente por parte da Silicon Knights.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Soma Final: 24/30 (Muito Bom)

Em resumo: Blood Omen: Legacy of Kain consegue se destacar perante os demais. Trata-se de uma obra rara, difícil de se ver, e uma tentativa surpreendente. Um jogo capaz de manter o jogador embasbacado com o clima de suspense, e repleto de ação. Vale a pena conferir esse jogo se você curte o gênero, se curte o clima ou mesmo se está procurando por referências para bons games que muita gente nem sabia que existia. Uma boa pedida para sair da mesmice!


Análises profissionais

O Metacritic não possui uma média para Blood Omen: Legacy of Kain.

Detonado em vídeo

Este é o melhor detonado em vídeo disponível na internet para esse game. Completíssimo, e muito bem executado, esse detonado irá mostrar como fechar o game e como encontrar a grande maioria dos secrets. A qualidade de imagem é bem razoável, mas o vídeo está bem compactado. Vale a pena conferir.


Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5


Parte 6


Parte 7


Parte 8


Parte 9


Parte 10


Parte 11


Parte 12


Parte 13


Parte 14


Parte 15


Parte 16


Parte 17


Parte 18


Parte 19


Parte 20


Parte 21


Parte 22


Parte 23


Parte 24


Parte 25


Parte 26


Parte 27


Parte 28


Parte 29


Parte 30


Parte 31


Parte 32


Parte 33


Parte 34


Parte 35


Parte 36


Parte 37


Parte 38


Parte 39


Parte 40


Parte 41


Parte 42


Parte 43


Parte 44


E aí, o que achou desta análise? Curtiu? Deixe-me seu comentário, ou entre em contato comigo pelo e-mail: adm_melhorfinal@hotmail.com ou pelo twitter: @AdmMelhorFinal.

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