quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Chrono Cross

Esta é a análise de Chrono Cross, lançado pela Square em 1999 para o Playstation.


Introdução

A Square conquistou o mundo com a beleza artística e de concepção do RPG Chrono Trigger, lançado em 1995 para Super Nintendo. E ela estaria disposta a conquistar mais uma vez, cinco anos depois. A sequência começou a ser produzida ainda em 1998, depois do lançamento de Xenogears. E o mundo aguardou com muita expectativa que esse novo épico fosse lançado, um clássico instantâneo. Embalado pelo sucesso de outras franquias do gênero na empresa, e pelo nome da série Chrono, a Square tinha a faca e o queijo na mão para produzir um sucesso simplesmente pelo nome. A Square poderia ter feito uma continuação simples, com os mesmos personagens, uma continuação na história e todo o apelo da reanimação dos personagens. Mas, se tivesse feito isso, não seria a Square. Chrono Cross veio ao mundo trazendo um novo game, mas, ao mesmo tempo, todas as referências que uma continuação precisa ter. A Square mostrou como uma continuação de uma série deve ser, marcada pela constante inovação e pela conquista de fãs e desconhecidos da série, através do próprio mérito, e não através do nome apenas. Nasceria um dos maiores RPGs do Playstation, que veio para entrar para a história.

CHRONO CROSS


Informações técnicas

Publicado por: Square (agora Square Enix)
Desenvolvido por: Square Product Development Division 3
Gênero: Role-Playing Game
Diretor: Masato Kato
Plataforma: Playstation
Data de lançamento: 18 de novembro de 1999
Faixa etária: Teen

Sobre a história (contém spoilers)

A história de Chrono Cross é uma história extremamente complexa de se contar. A princípio, porque ela possui quarenta e cinco personagens, e também porque possui diversos finais diferentes possíveis. Além disso, a história possui algumas relações interessantes com o jogo anterior, Chrono Trigger. Nada que possa impedi-lo de entender a história desse game se você não jogou o antecessor, mas, se você jogou, poderá compreender melhor alguns fatos que ocorrem. Em si, podemos dizer que a história de Chrono Cross é um complemento bem-vindo à história de Chrono Trigger, retirando algumas dúvidas pendentes.
Para facilitar o meu trabalho e a sua compreensão, explicarei a história de um modo geral, com o máximo de detalhes pertinentes dos personagens mais importantes, e, com o traçar da história, conforme ela pode acontecer (não que seja o único desenrolar da história). Prestem atenção:

Bom, a história toda gira em torno de Serge, um jovem boa vida de sete anos que vive com a mãe em um vilarejo de pescadores chamado Arni. Trata-se do protagonista mudo da história. Veja-o:


Pois bem. Serge tem uma paquerinha no vilarejo: a jovem e bela donzela que é babá de crianças nos fins de semana, a Leena.


O problema é que a Leena faz o pobre coitado de gato e sapato o tempo todo. Ela até aparenta gostar dele, mas ela o convence a arriscar a vida por ela de forma inútil, como por exemplo, mandando o rapaz ir até uma floresta repleta de monstros para arrancar o couro de dragões de comodo apenas para ela fazer colares para si própria. Muita mesquinha, não é mesmo?
Bem, tudo ia bem, até que, um dia, Serge e Leena estão na beira de uma praia, observando o mar e falando abobrinhas quando, bem no momento em que Serge estava perto de pegar a menina, surge um tsunami vindo do nada para a costa. O tsunami acerta Serge em cheio.

Serge desperta momentos depois, sem estar ferido e nem nada. Porém, tudo se alterou em sua volta. Serge continua na mesma praia, do mesmo jeito, mas ninguém mais, nem mesmo em seu vilarejo, continuou o mesmo. Apesar de manter a mesma aparência, ninguém lhe reconhece mais. Serge se encontra agora com 17 anos, e, procurando pela área, ele encontra uma lápide que diz que ele morreu dez anos atrás, por causa de um tsunami. Estranho isso, não?
Como se não fosse o bastante, Serge ainda é procurado por soldados das forças armadas locais, os Acacia Dragoons, acusado de ser um fantasma e que tem de ser eliminado. Esses soldados são, na verdade, apenas três. Este é Karsh:


Karsh é um dos quatro Devas, os principais soldados entre os valorosos Acacia Dragoons. Ele recebe esse título por ser muito forte e por ter vencido diversas guerras e torneios de espada. No entanto, ele anda sempre acompanhado de dois verdadeiros patetas e iniciantes no grupo, Solt e Peppor. Eles são os dois de armadura dourada nessa imagem aqui (Solt é o mais magro, e Peppor o gordinho):


Para se livrar desses soldados, Serge recebe ajuda de uma garota que aparece do nada, chamada Kid.


Kid é uma ladra que pertence a um grupo de ladrões chamado Radical Dreamers (esse grupo aparece em um FMV e no jogo Radical Dreamers, que faz parte da série). Ela se junta a Serge em sua busca pela verdade sobre o que está acontecendo com o pobre garoto, mas também aproveita essas aventuras para descobrir o paradeiro de um tesouro escondido e misterioso chamado Frozen Flame e se vingar de alguém até então desconhecido, chamado Lynx.
Unidos, os amigos planejam invadir o templo onde mora o tal de General Viper, que é o bã-bã-bã do local.


Viper é o lorde e o cara que manda em El Nido, que é o continente em que se passa a história. Ele também é o líder dos Acacia Dragoons, os cavaleiros que protegem o continente.
Com algum planejamento, eles conseguem invadir o templo. Após caírem em armadilhas idiotas e serem descobertos facilmente, eles zanzam pelo templo até que encontram um velhinho que se auto-entitula como um profeta do tempo. Ele explica a Serge um pouco sobre sua existência. Preparem-se para a explicação... O velhinho diz que Serge não é desse mundo, e sim de um outro mundo.  Porém, naquele mundo, aconteceu um fato no qual ele tinha 50% de chances de morrer e de viver (o tsunami). Esse fato fez abrir um portal dimensional, separando a alma de Serge em dois. Uma fração da alma dele se encontra em um mundo no qual ele está morto e enterrado há dez anos (chamado de Another World), enquanto a outra parte se encontra em um mundo no qual ele misteriosamente continua vivo (chamado de Home World). E então, o vácuo criado pela ausência do Serge no mundo em que ele está morto, em um momento decisivo no qual a presença dele é importante, fez com que esse mundo trouxesse Serge de volta do mundo no qual ele estava vivo para o mundo no qual ele está morto. Bem, parece uma história maluca, mas é bem por aí mesmo. E tem mais: há artefatos que podem ajudar Serge a atravessar os mundos.
Logo após essa narrativa, o grupo tem de enfrentar um dos Acacia Dragoons, a Marcy.


E então, após esse encontro com esse velhinho, eis que o grupo acaba por encontrar a sala oficial de Viper, onde se encontra o próprio Viper. A Kid pergunta a ele porque ele mandou prender Serge, e então o Viper anuncia que ele não sabe de nada a respeito disso, e nem sequer faz ideia de quem é Serge. Nesse momento, entra em cena outro personagem da história, o misterioso Lynx.


Kid imediatamente reconhece Lynx como sendo aquele do qual ela jurou vingança. Lynx parece conhecer bem Serge, e diz que foi ele quem mandou prendê-los. Sem dizer nenhum motivo para tal ato (e também sem a Kid explicar do porquê de querer vingança contra ele), eles entram em uma luta e os heróis vencem, só que aí Lynx revela que era apenas uma sombra que estava lutando com eles... Serge olha firmemente para um objeto azul esquisito em cima da mesa, e tem visões, incluindo uma explosão em um local distante e uma metamorfose dele mesmo. Percebendo que a vitória estava longe ali naquele local, o grupo do bem parece perdido, mas aí entra em cena a filha dele, Riddel.


Riddel sagazmente tem a ideia de sequestrar Riddel e usá-la como refém. Aparentando ameaçar a vida da garota, ela consegue levar o grupo em segurança até um parapeito sem saída. O grupo ainda estava decidindo o que fazer a seguir quando Lynx se aproveita de uma distração de Kid para arremessar uma adaga em direção a ela. A adaga a acerta em cheio, e ela cai desmaiada no rio abaixo. Lynx vai em direção a Serge, chamando-o de coisas estranhas, como "assassino do tempo", e "chrono trigger", e entao Serge e companhia se jogam no rio junto com Kid.

Todos são resgatados por um rapaz que estava passeando de barco ali pelas redondezas, um jovem chamado Korcha.


Korcha não passa de um navegador que cobra para levar as pessoas de um local a outro. Ele é falastrão e boca-dura.
Korcha leva os amigos para seu vilarejo, o Guldove. Lá, Kid é tratada por um médico chamado Doc.


Doc é um surfista que decidiu virar médico. Ele até possui algum talento para a coisa, mas ele possui uma péssima auto-estima. Após ter sido o responsável pela morte por negligência, ele se considera inapto para a profissão, e se desespera perante a possibilidade de ser novamente o responsável pela morte de alguém.
Doc começa a tratar de Kid, mas ele descobre que ela está morrendo. Não por causa da ferida, que, aliás, nem foi tão forte assim, mas por causa de um veneno que estava presente na adaga. Esse veneno raro é poderosíssimo e mata muito rapidamente. A única forma de se conseguir um antídoto para essa coisa é com um líquido raro chamado Hydra Humour. O problema é que esse líquido não existe mais, uma vez que as hidras, os seres que fornecem esse líquido, deixaram de existir da face da Terra há muitos anos, devido à caça predatória e inescrupulosa dos caçadores de hidras. Doc se sente frustrado por não poder ajudar, e Korcha se convida para ajudar. Nesse momento, Serge pode escolher ajudar Kid ou não, depende dele.
Vamos ignorar que essa escolha de fato existe, e supor que ele quis ajudar Kid. Então, eles conversam com o camã de Guldove para que ele os ajude com a questão, e o xamã lhes revela que o local em que o acidente divisor de mundos aconteceu é o local onde poderemos transitar entre um mundo e outro. Hum, interessante.
Com essa informação, e de posse do Astral Amulet, um amuleto que a Kid carregava com ela o tempo todo, eles retornam até a praia onde caiu o tsunami que matou Serge em Another World. Usando o Astral Amulet, eles conseguem retornar para Home World, o mundo no qual Serge está vivo e possuía apenas 7 anos na época do acidente.
Nesse mundo, as hidras ainda existem, porque se trata de uma outra época em relação a Another World. Assim, eles encontram nos pântanos e conseguem encontrar uma hidra. Eles encontram ainda uma série de monstros e de anões, que acusam os seres humanos de estarem acabando com a vida na Terra. Com um discurso bem próximo do Green Peace, o anão acusa os seres humanos de estarem caçando animais e poluindo o mundo de forma indiscriminada, causando a morte da maioria dos seres vivos sobre a face da Terra. (não que isso não seja verdade).
Ignorando o anão e até mesmo enchendo o coitado de porrada ao final, encontramos a hidra, a matamos e conseguimos o Hydra Humour. Com esse líquido, Doc é capaz de fazer o seu precioso antídoto, o qual consegue curar completamente Kid de seu veneno fatal.
Com Kid de volta ao grupo, eles descobrem que Viper, Lynx e os Acacia Dragoons se esconderam em algum lugar. E começa a caçada para saber aonde eles foram. O grupo consegue extrair essa informação convenientemente de um soldado iniciante dos Acacia Dragoons, o Glenn.

Glenn.jpg

Glenn é um cavaleiro forte, mas, por algum motivo, ele foi deixado para trás pelos companheiros quando eles foram embora para seu esconderijo. Bravo com isso, ele está disposto a contar a Serge o local aonde eles foram, e até mesmo pode se oferecer a ir junto com o bando.
Bem, Glenn revela que Lynx e seus amigos foram para Fort Dragonia, um esconderijo secreto deles que fica bem no meio de um vulcão inativo chamado Mount Pyre. Só que o local está repleto de névoa, e as lendas dizem que o local esconde um navio pirata. Contrariando essas lendas, o grupo vai até o local, e é abordado por um navio de piratas de verdade. Trata-se do S.S. Invincible, um navio comandado pelo pirata Fargo.

Fargo.png

A princípio, Fargo pensa que o grupo está do lado de Lynx, e os colocam à prova invocando vários monstros. Ao final, Fargo seda Serge e seus amigo usando sedativos. Durante a noite, como não poderia deixar de ser, o navio é atacado pelo tão afamado navio fantasma.
O grupo consegue lutar contra os fantasmas e libertar o navio da maldição. Satisfeito, Fargo agradece e então lhes incentiva a enfrentar o Lynx. O grupo então resolve ir para Fort Dragonia, mas, antes disso, eles precisam passar pelo Mount Pyre. Para facilitar as coisas, eles resolvem pedir ajuda ao Dragão da Água. O grupo segue então para a ilha do Dragão da Água.
A ilha possui o vilarejo das fadas, o qual está sendo atacado por anões que querem sair dominando as terras dos outros, aparentemente incentivados pelas atitudes humanas. Serge e seu bando conseguem livrar as fadas dos anões e encontram o Dragão da Água, recebendo sua bênção.
Com a bênção do Dragão da Água, eles atravessam o Mount Pyre e entram em Fort Dragonia, onde está Lynx e os outros. Eles chegam a um andar no qual se deparam com o General Viper e com Lynx. Viper tenta nos deter, mas é humilhantemente derrotado. Lynx então se aproveita da situação a apunhala Viper pelas costas, já que essa era a intenção dele o tempo todo. Sem Viper em seu caminho, ele enfrenta o grupo, mas é derrotado. Lynx começa a desabafar sobre seu passado. Ele revela que, dez anos atrás, Lynx sofreu um acidente que o colocou entre a vida e a morte, e isso dividiu a sua alma em dois. Por acaso, o Lynx que vemos aqui nesse mundo é o Lynx que teoricamente já está morto nesse mundo. Por isso ele não tem medo da morte: não se pode morrer quando já se está morto.
Serge se aproxima do objeto azul esquisito mais uma vez, da mesma forma como ele fez lá na sala do General Viper. Só que, desta vez, ele não tem apenas visões. Por algum motivo, as almas dos dois cruzadores de mundos trocam de corpo. Isso mesmo, Serge e Lynx silenciosamente trocam de corpo. Como Serge teoricamente morreu em um outro mundo e está vivo neste, e Lynx teoricamente morreu neste mundo e está vivo naquele, ambos trocaram de corpo para arrumar as linhas do destino. Tudo foi feito pelo tal objeto azul, que se chama Dragon Tear. E ninguém percebeu o feito.
Lynx, sob a pele de Serge, ordena a Kid que mate Lynx, que, na verdade, é Serge. Ela não percebe o que se passa, até que Lynx comete um equívoco: ele diz para Kid vingar alguém chamado Lucca. Kid se lembra muito bem de jamais ter mencionado para Serge o nome de Lucca, de modo que não tinha como ele saber sobre vingança alguma. Percebendo seu erro, Lynx apunhala Kid. Serge, no corpo de Lynx, nada pode fazer. Lynx ainda pensa em matar Kid, mas ele a deixa viva. Antes de ir embora, ele afirma que Serge pode procurá-lo em Sea of Eden.
Serge vai parar em um mundo atemporal, onde ele conhece um ser esquisito chamado Sprigg.


Sprigg é um ser que habita o mundo atemporal, e que nem se lembra da última vez no qual esteve no mundo real. Pouco se sabe sobre seu passado ou sua história.
Serge também consegue a ajuda de um outro ser tão esquisito quanto, a Harle.


Harle é essa fêmea (?) vestida de harlequim que fala um inglês misturado com francês e que tem uma queda pelo estilo largadão de Serge.
Juntos eles conseguem sair do mundo atemporal de volta ao mundo real. O problema é que Serge está na pele de Lynx, o vilão mais odiado do local, e é difícil explicar uma coisa dessas. Para piorar as coisas, o portal que alterna entre Home World e Another World está fechado. O motivo é que não há mais motivos para se alternar os mundos, uma vez que o quebra-cabeça está completo (aqueles que foram dados como mortos retornaram aos seus mundos característicos).
Voltando para Arni, eles encontram a mãe de Serge, que custa a acreditar que seu filho trocou de corpo com um ser metamorfoseado com um lince. Ela ainda conta a Serge uma história interessante sobre seu pai, Wazuki. Ao que tudo indica, o pai de Serge também saiu para navegar em busca do tesouro de Frozen Flame. Quando Serge possuía apenas três anos de idade (ou seja, catorze anos atrás), Wazuki foi dado como desaparecido em um mar que era muito difícil de se navegar. A esse mar foi dado o nome de Sea of Eden. E é justamente esse mar que Lynx nos disse que temos de encontrar! Interessante, não?
De qualquer forma, eis que aparece no local Radius, o velho cuidador da área, um ex-Acacia Dragoon.


Radius enfrenta o grupo, e então, ao ser derrotado, percebe que Lynx está diferente de antes. O grupo explica o que aconteceu, e então Radius diz que o General Viper está desaparecido neste mundo também, misteriosamente após Lynx ter se aproximado dele. O grupo tem de descobrir o paradeiro de Lynx e de Viper nesse mundo, e, para isso, eles seguem em frente.
Usando a aparência de Lynx para conseguir acesso a regiões protegidas pelo exército de Porre (o qual dominou as principais localidades de El Nido em Home World), eles descobrem que o Templo de Viper foi completamente destruído. Eles encontram um soldado do Acacia Dragoons, Norris, no local.


Norris lhes contam que Viper mudou muito depois da vinda de Lynx. Lynx apareceu de um lugar até então desconhecido, sem passado e sem origem, e começou a encher a cabeça do General Viper com uma história de encontrar um tesouro chamado Frozen Flame. Viper caiu em sua história, e então ambos abandonaram tudo e todos e partiram em direção ao local onde esse tesouro foi visto pela última vez: Dead Sea. Temos de ir atrás deles. Norris nos arruma um barco para que possamos navegar.
Navegando para Marbule, encontramos um explorador chamado Toma que nos fornece uma dica interessante: ele nos diz que há uma entrada para Dead Sea, chamada Death's Door. Ele não sabe onde fica essa entrada, mas o sábio de Marbule, agora trabalhando no cruzeiro S.S. Zelbess, pode nos informar a respeito de sua localização. O grupo segue para lá.
Chegando a Zelbess, o grupo descobre que o capitão Fargo (o mesmo do S.S. Invincible em Another World) está aprisionando diversas criaturas nesse navio para trabalho escravo. Tanta maldade vem do passado de Fargo, que, aparentemente, se apaixonou por uma sereia, mas como é proibido sereias namorarem humanos, ela foi punida por isso. Tanta má-sorte no amor o tornou um ser desprezível. Ele tenta nos enganar com um jogo barato de roleta viciada, mas o grupo descobre sua tramoia e consegue permissão dele para explorar o navio. Encontrando o sábio, temos de forçá-lo a falar usando de violência, e, então, ele nos revela o que queremos saber. Ele nos entrega o item Fiddler Crab, que é capaz de abrir um caminho para Dead Sea.
O grupo abre tal caminho, mas apenas para descobrir que há uma espada maligna impedindo o caminho, chamada Masamune. Para derrotar o poder da espada, precisamos da espada sagrada, a Einlanzer, que foi enterrada junto com seu antigo dono, Garai. Radius ainda conta uma história sobre como ele e Garai treinavam juntos, até que eles encontraram a Masamune. Radius usou a espada, e se contaminou com o ódio e desespero que ela possuía, mesmo contra a vontade de Garai. E esse ódio fez com que ele acabasse por matar Garai pelas costas, por pura inveja do fato de ele ser o melhor espadachim do mundo.
Bom, o grupo vai até onde a Einlanzer está enterrada, e lá eles enfrentam o espírito de Garai. Após derrotá-lo, eles pegam a espada e destroem a Masamune. Fazendo isso, eles entram em Dead Sea.
Em Dead Sea, um cenário pós-apocalíptico, eles chegam a uma sala de controle onde Norris consegue captar uma notícia sobre um ser que está se alimentando da energia da Terra, chamado Lavos... Sim, é o mesmo Lavos do Chrono Trigger. Pois bem, sem saber muito sobre esse ser, eles chegam a um cenário destruído, uma cidade chamada Nadia (referência direta à personagem Nadia, de Chrono Trigger). Nessa cidade, podemos ver três crianças, que são a imagem e semelhança dos três principais protagonistas do primeiro game, Crono, Lucca e Marle, e elas chamam Serge de assassino por motivos desconhecidos. Elas informam que Serge irá matar alguém e ocasionar esse apocalipse que vemos hoje. Sem entender nada, aparece então um tal de Miguel, que se diz amigo de Wazuki, o pai de Serge. Ele conta a história de 14 anos atrás, quando ele e Wazuki foram para aquela região. Ele conta que Wazuki veio junto com Serge, que, na época com 3 anos de idade, parecia estar muito doente. Por causa da tempestade, eles estavam presos naquele local, então Wazuki tentou curar Serge ali mesmo.
Então, Miguel explica que aquela cidade onde eles se encontram está no futuro. É a cidade do futuro apocalíptico, das escolhas que foram feitas no tempo em que Serge vive. Cabe a Serge escolher se o futuro será daquela forma ou melhor. Depois, ele começa a falar um monte de besteira, sobre ficar ali para sempre, e tal, e o grupo se vê forçado a enfrentá-lo. Após derrotá-lo, ele conta a destruição do mundo. De acordo com ele, Lavos, um alien que caiu na Terra cerca de 65.000.000 de anos antes de Cristo, está se alimentando da energia da Terra. Em 1999, ele estará forte o bastante para tomar de assalto todo o planeta Terra, de uma única vez, causando a destruição do planeta inteiro, um verdadeiro apocalipse. Alguns garotos conseguiram detê-lo uma vez (em Chrono Trigger), mas, ao fazerem isso, eles acabaram por libertar  um mal ainda pior. E o mundo está mais uma vez prestes a ser destruído. Cabe a nós derrotar o mal mais uma vez. Antes que ele possa nos dizer mais, o local está prestes a ser demolido.
O grupo é resgatado pelo Dragão do Céu, e levado a Marbule. O Dragão nos diz que devemos voltar ao Sea of Eden e derrotar a Deusa do Destino, mas, antes, precisamos da bênção dos cinco dragões adormecidos em toda El Nido.
O grupo consegue voltar a Another World. Aqui, eles descobrem que Serge, ou melhor, Lynx no corpo de Serge, está iniciando uma guerra, pretendendo tomar o poder e matar a todos. O grupo se reúne em um bar, junto com Zoah e Karsh. Zoah é outro Acacia Dragoon. Veja-o:


Zoah e Karsh entraram em Fort Draconia pouco depois de Serge e sua turma. Ele resgataram o General Viper, que está muito ferido, porém vivo. Viper está descansando, e ele os informou a respeito dos planos de Lynx e da troca de corpo com Serge, por isso eles sabem a real identidade de Serge. Ele diz que Lynx dominou o Templo de Viper, e sequestrou a filha dele, Riddel. Eles estão planejando um ataque ao Templo para resgatar Riddel.
O grupo consegue resgatar Riddel com a ajuda de Norris. Eles são cercados dentro do Templo, e conseguem escapar pelos fundos. Chegando ao esconderijo onde está Viper, o General Viper já estará bem melhor. Lynx ainda consegue cercar o esconderijo, e Kid está com ele, ainda acreditando que o Lynx está dentro do corpo de Lynx, e não Serge. Mas Fargo consegue resgatar todos a tempo.
Bem, agora o objetivo do grupo é conseguir a bênção dos 6 dragões, para que possa se abrir o caminho para Sea of Eden mais uma vez, e também encontrar a Dragon Tear, que é capaz de transformar Lynx de volta em Serge.
Após navegar em diversas ilhas e conseguir uma a uma a bênção dos seis dragões, eis que Serge consegue ainda a Tear of Hate, que se torna na Dragon Tear. Usando esse artefato lá de volta a Fort Draconia, Serge consegue reaver o seu corpo de volta. Ele aparece completamente nu depois da transformação, mas ele encontra as roupas dele antigas pelo local (?). A Dragon Tear se parte ao meio, mas ele consegue a Tear of Love para que possa reconstruí-la mais uma vez.
Agora, o objetivo do grupo do bem é entrar em Sea of Eden. Eles entram e descobrem um laboratório chamado Chronopolis, onde reside um super-computador chamado FATE. FATE foi programado para manter a integridade entre os universos paralelos, de modo a evitar que um desastre possa ocorrer. Cabe a FATE manipular todos os habitantes do continente de El Nido, sem que eles saibam, para que eles não interfiram na linha do tempo e não causem prejuízos irreversíveis. Uau. Caso não tenha percebido, Serge já causou distúrbios temporais o bastante para causar uma nova Guerra Mundial. Por isso, Serge é a origem do caos neste universo.
Serge consegue acesso a uma sala em que Lynx espera por ele junto com a Kid, que está desmaiada. Lynx explica que ele precisava do corpo de Serge porque apenas Serge é capaz de abrir a porta dessa sala. Ele explica porquê: quando Serge possuía apenas três anos de idade, ele foi atacado por um demônio em forma de pantera. O veneno do demônio era incurável pela medicina. Wazuki, pai de Serge, ficou desesperado e saiu com o filho e com o seu amigo Miguel em busca de alguma cura. Chegando a essa ilha, eles encontraram esse laboratório, fundado há muito tempo por Belthasar (confira a história do jogo anterior para mais detalhes sobre quem é ele). Ele desenvolveu o computador FATE, para monitorar Lavos, o ser que desceu do espaço há 65.000.000 de anos atrás. FATE possuía controle total sobre os mundos. Porém, ele foi contaminado propositalmente por Lucca (também do jogo anterior) com um circuito que lhe permitia conceder seu comando a um novo "árbitro". Wazuki, chegando a essa ilha, religou o computador, e colocou Serge como seu árbitro. Usando o Frozen Flame, que é um fragmento de Lavos que se desprendeu dele na queda, ele conseguiu curar o veneno de Serge. Porém, com  isso, ele também mudou o destino do mundo, colocando Serge como o único ser que teria acesso ao Frozen Flame, dentro da FATE. A própria FATE então tratou de trazer Serge de volta à FATE, para consertar o problema. Por isso todos os outros eventos aconteceram, desde o começo do jogo.
E onde entra Lynx nessa história? Ora essa, Lynx é a versão física de FATE, uma encarnação criada pelo próprio computador. Sua intenção não era matar Serge, e sim, tomar seu corpo, para que ele pudesse reaver o controle sobre o computador, ou seja, sobre si mesmo. Lynx tenta deter Serge, mas acaba sendo eliminado pelo grupo. Kid, então, desliga FATE, o que faz com que Chronopolis inteira se desligue e uma torre imensa, chamada Terra Tower, apareça do nada. Sem FATE para dominar o mundo e proteger Lavos, os seis dragões se metamorfoseiam em um só, e então se dirigem à Terra Tower.
Kid, para variar, entra em coma de novo. O grupo consegue então fusionar a Tear of Love e a Tear of Hate em um único elemento, o Chrono Cross. Usando desse artefato, o grupo consegue retornar ao passado, dentro da casa de Lucca, personagem do Chrono Trigger. O grupo descobre que o causador do incêndio no local foi, na verdade, Lynx e Harle. Não se conhece o motivo, mas Serge consegue resgatar do incêndio uma garotinha loira, que não é ninguém mais e ninguém mais do que a Kid. Ou seja, Kid e Lucca moravam no mesmo orfanato (Lucca não é órfã, ela possui um orfanato), Serge e Kid já se encontraram novamente, e Serge já a salvou uma vez.
Kid acorda de seu coma milagrosamente e volta ao grupo. Ela encontra uma carta que foi enviada por Lucca. Na carta, ela deixa claro que pode correr risco de vida. O fato de eles terem retornado ao passado para mudar um futuro catastrófico só lhes dá uma certeza: alguém um dia pode vir do futuro também e mudar mais uma vez o futuro, desta vez para pior. Nunca se sabe o que pode acontecer amanhã.
Bem, agora nosso objetivo é chegar à Terra Tower. Só que não podemos voar. Para isso, o grupo usa a ajuda de um extra-terrestre chamado Starky. Veja-o:


Pois é... Pegando emprestado uma máquina que permite ao nosso barquinho de madeira voar, o grupo chega à Terra Tower. Lá dentro, descobrimos que a torre foi erguida pelos dinossauros. Sim, isso mesmo, pelos dinossauros... Quando Lavos desceu à Terra, 65 milhões de anos atrás, ele aniquilou quase todos os dinossauros, com a exceção de um pequeno grupo, liderado pelo dinossauro Azala (confira a história de Chrono Trigger para mais detalhes). Só para constar, esse é o Azala:


O grupo de Azala foi enviado ao futuro por Lavos, para que não atrapalhassem. E eles fundaram essa Terra Tower, em rebelião contra Lavos, que consequentemente se tornou em uma rebelião contra FATE. Só que então o grupo se encontra com aquele profeta do tempo, que encontraram lá no Templo de Viper. Acontece que esse profeta se apresenta, dessa vez, como ninguém mais, ninguém menos do que Belthasar, de Chrono Trigger.


Belthasar lhes faz a maior revelação de todas. Na verdade, o grupo foi, até o presente momento, enganado pelos dragões. FATE não é do mal. FATE esteve tentando proteger os seres humanos do ataque dos dragões. Na verdade, antigamente, antes da vinda de Lavos, existia apenas um dragão. Esse dragão foi dividido em sete, e cada um se espalhou pelo mundo, com a queda de Lavos. Nós só conhecemos seis dragões porque o sétimo está no espaço, em forma de lua. E esse sétimo dragão esteve tentando libertar os outros dragões usando o poder de Lavos, o Frozen Flame. FATE foi criado por Belthasar e por Lucca para controlar o Frozen Flame e salvar o mundo. Como os dragões queriam o poder sobre o Frozen Flame, que estava de posse de FATE, eles tramaram um plano para fazer entender que FATE era uma coisa maligna. Assim, eles convenceram Serge e seus amigos a lutarem contra FATE, de modo a fazer o plano deles. Ou seja, Serge foi enganado e esteve do lado do verdadeiro inimigo o tempo todo.
Agora que FATE e Lynx foram destruídos, os dragões puderam se reunir em um só novamente, e estão dispostos a usar o poder de Frozen Flame para governar o mundo, destruindo toda a raça humana. Adivinhe só? Agora, nosso objetivo é deter os sete dragões... Ai, ai...
Serge encontra o Frozen Flame e consegue enfrentar a fusão de dragões. Após derrotá-lo, Belthasar aparece novamente, para dizer que cabe a Serge unir os dois universos. Serge tem então de voltar até o ponto em que os dois universos se entrecruzam, para que ele possa uni-los. Chegando ao local, ele descobre a origem dos universos. Há muito tempo atrás, quando o reino mágico de Zeal foi destruída (consulte a história de Chrono Trigger para mais detalhes), Schala, a feiticeira e princesa do reino, foi sugada por um vórtex. Veja Schala, caso não se lembre dela:


Pois bem. Schala, sugada pelo vórtex, acabou sendo sugada (sim, no sentido mais literal e pornográfico que você puder imaginar) por Lavos, criando assim um filho. Bem, não é necessariamente um filho, é mais uma fusão, uma criação espiritual de um ser completamente novo. Unindo os poderes imensos e a fúria de Lavos com a benevolência e força de espírito de Schala, criou-se um novo ser, chamado Devourer of Time. Esse ser se tornou dividido em dois: metade dele é maldoso, e quer acabar com a humanidade. E a outra metade é bondosa e quer acabar com a fúria de Lavos e salvar a humanidade. Essa dicotomia fez com que o próprio universo se dividisse em dois: um mundo bom e um ruim. Quando esse ser ouviu o choro de Serge, infectado com um veneno que acabaria por matá-lo, ela se compadeceu e decidiu que aquele pequeno ser humano seria o escolhido, entre milhões de pessoas, para ser o líder de sua raça. O ser que encontraria o Frozen Flame, que teria o poder de decidir, ele mesmo, o destino da humanidade. Mas não é só isso. Eles descobrem ainda que Kid é filha de Schala. Não uma filha direta, mas uma filha-clone, ou seja, uma criação feita à própria imagem e semelhança, com o propósito de guiar a humanidade. Schala criou Kid para que ela encontrasse Serge, e que pudesse conviver com ele, lutar com ele, amá-lo e guiá-lo. Kid recusa tal ideia, mas é bem por aí mesmo. E agora chegou a hora do acerto de contas.
Enfrentando o Devourer of Time, Serge consegue derrotá-lo. então, Schala se liberta. Com o Devourer of Time destruído, a divisão de universos deixaria de existir. Os universos se uniriam em um só. Schala e Lavos ainda existirão, cada um na sua essência, mas sem se cruzarem mais. O universo passaria a ser um só, e tudo voltaria a ser como era antes. Tanto é que Serge desperta de volta à praia em que houve o tsunami, quando ele ainda tinha 7 anos de idade. Leena o desperta na praia. Serge se lembra de tudo que ocorreu, mas Leena diz que foi apenas um sonho. Finalmente, Serge e seus amigos poderiam viver a vida que eles sempre sonharam, longe de preocupações e de medos... Quer dizer, não sei porquê, uma vez que Lavos continua vivo e forte, mas pelo menos é assim que o jogo termina.

Ufa. Essa foi uma das maiores sínteses de história que eu já fiz para um game. Espero que tenham gostado, deu muito trabalho fazê-lo! ^^

Sobre o jogo

Chrono Cross apresenta um formato peculiar de evolução. Não se trata de uma sequência simples, direta, e sim de um processo de evolução. tudo que Chrono Trigger possuía, o Cross possui, mas em maior escala, e feito com ainda mais capricho e de forma ainda mais envolvente. Mas Cross ainda usa essas características como elementos que trazem um saudosismo aos jogadores que curtiram o Trigger. Trata-se de um game capaz de atender aos fãs tradicionais da mesma forma que os iniciantes no gênero.
Para aqueles que jogaram Chrono Trigger, é difícil não se lembrar do antecessor ao ver o personagem principal, Serge, correndo em um tela de mundo com a visão recaída e miniaturizada em 2D. Isso foi feito propositalmente para trazer o saudosismo à tona para os fãs da série. E as semelhanças não estão só por aí: o sistema de navegação sem inimigos aleatórios, as músicas trazidas do antecessor, mas remasterizadas, enfim, a sensação de nostalgia no jogo é constante.
Uma coisa que difere esse jogo de diversos outros jogos do gênero, até mesmo de jogos bem atuais, é o sistema de navegação pelo cenário. Ao invés de os inimigos aparecerem de repente, sem nenhum tipo de aviso, como na série Final Fantasy, em Chrono Cross os inimigos aparecem na tela. Você pode desviar deles, se quiser (e, muitas vezes, recomendável), ou pode ir e enfrentá-los para conseguir itens e atributos. Isso permite ao jogador escolher se ele prefere passar logo pelas fases, ou gastar tempo treinando. É perfeito, e funciona muito bem para manter o jogo com um ritmo sempre constante e interessante ao jogador. Alguns poucos inimigos ainda aparecem de surpresa, dando sustos e criando um clima de expectativa, mas nada que seja demasiado. Trata-se de um método que não foi muito copiado por outros RPGs, mas que deveria ser, pois representa um avanço necessário para manter o gênero sempre ativo.
O sistema de combate de Chrono Cross é igualmente inovador. Cada personagem possui um nível de stamina, que deve ser usado conscientemente nos ataques. Ao invés de um único ataque físico, o jogador pode escolher entre três ataques físicos: um fraco, um médio e um forte. Quanto mais forte, mais dano causado, mais stamina usada, mas menor a chance de acertar o golpe. Podemos criar combos entre os golpes, isso é, enquanto ainda restar stamina. Isso nos permite usar uma estratégia de ataque diferente para cada inimigo. Se um inimigo possui boa agilidade, portanto desvia bastante dos golpes, compensa mais dar um combo de ataques fracos, que possuem mais chances de atingir. Mas se o inimigo for lento, podemos fazer um combo poderoso, mesclando ataques fracos, médios e poderosos, retirando muito dano. Depois, para recuperar stamina, basta usar os outros personagens do grupo. Mas um ataque inimigo pode acontecer no meio do seu ataque, tirando a sua vez. Você ainda pode mesclar os ataques com todos os personagens, em um mesmo turno, ou seja, criando um combo com todos os personagens em um único inimigo, causando danos incríveis. Tudo isso de forma simples, afinal, podemos trocar de personagem a qualquer momento (até no meio de um ataque), com apenas um botão, o que dá às batalhas um aspecto mais moderno, de batalha em tempo real.
Mas nem apenas de ataques físicos se formam as batalhas. Aí é que entram os elementos. Elementos são itens que podem ser encontrados pelas fases e atribuídos aos personagens para serem usados em batalha. Cada personagem possui os espaços característicos no qual ele pode incluir elementos à sua vontade. Há elementos que curam, elementos que golpeiam o inimigo, elementos que atingem todo o cenário, elementos que invocam monstros, elementos que revivem, e até elementos que roubam outros elementos. São seis cores de elementos, sendo que eles possuem uma cor rival. Branco e preto são cores rivais, assim como vermelho e azul e verde e amarelo. Cabe ao jogador saber usar os elementos, de forma a tomar vantagem contra o oponente. Conforme evolui, o personagem recebe mais espaço para elementos. Além disso, cada personagem possui afinidade com uma cor de elemento, então temos de saber equilibrar bem os elementos com os personagens, pois cada inimigo possui fraqueza contra um elemento, e, portanto, temos de estar prontos com elementos de praticamente todas as cores. Isso cria uma variedade quase infinita de estratégias.
Como cada elemento só pode ser usado uma única vez na batalha (com exceção dos elementos consumíveis), não há necessidade de toda aquela coisa manjada de MP e tal. Funciona assim: ao se disferir ataques físicos no oponente, o personagem vai ganhando estrelas. Quanto mais estrelas, mais poderosos são os elementos que ele pode usar. Cabe ao jogador mesclar ataques físicos e elementos para sempre ter estrelas, e assim sempre poder lançar elementos. Trata-se de uma nova forma de se encarar os poderes mágicos. Essa inovação é interessante, e funciona bem para o desenrolar das batalhas, principalmente contra chefes.
Outra característica é a cor do terreno. Conforme os elementos são usados - tanto pelos personagens controlados quanto pelos inimigos - o terreno vai se alterando de acordo com a cor. Isso torna os elementos daquela cor em específico ainda mais poderosos. Portanto, dominar a cor do terreno é importante para se armar uma boa estratégia. Principalmente porque alguns elementos - como os que invocam monstros poderosos - só funcionam quando o terreno todo está em uma determinada cor.
No todo, os elementos funcionam como as magias em outros RPGs. Mas o modo como elas são usadas é muito mais funcional, e mais dinâmico também. Diferente de outros jogos, o jogador não fica "com pena" de usar as magias por medo de ficar sem medo: use os elementos à vontade, pois, na batalha seguinte, eles estarão de volta (menos os consumíveis, é claro). Trata-se de uma evolução nesse quesito.
Ainda sobre os elementos, há um detalhe a ser dito: os espaços que o personagem possui são separados em níveis diferentes. E os elementos possuem um alcance de níveis. Explicando: um elemento 1-5 pode ser colocado em um espaço de nível 1, 2, 3, 4 ou 5. Quanto maior o nível do espaço em que o elemento é colocado, mais poderoso será o efeito do elemento, e vice-versa. Podemos organizar os elementos com certa liberdade, dependendo do seu estilo de batalha.
Algumas características também inovadoras trazem ainda mais diversão para o jogo. Por exemplo: agora é possível fugir do jogo a qualquer instante, até mesmo de chefes, com 100% de chances de acerto. Descobriu que a sua estratégia não está funcionando bem? Saia da batalha, reorganize os grupos, os equipamentos e os elementos e volte, sem problemas. Além disso, há mais uma coisa que é tão legal que merece ser comentado: ao final de todas as batalhas, todas mesmo, há a opção de usar as estrelas não gastas no decorrer da batalha para curar os personagens. Assim, podemos nos curar ao fim da batalha e estar pronto para a batalha seguinte. Muito interessante essa ideia, e merece ser comentada e elogiada!
O sistema de progresso dos personagens também é diferente. Eles não ganham experiência e evoluem, como nos RPGs convencionais. Para aumentar atributos e tal, nós temos de conseguir estrelas de evolução, que só podem ser adquiridas se derrotarmos chefes de fase e alguns inimigos especiais. Assim, não é necessário ter de gastar um tempo enorme lutando contra inimigos pelo cenário para ganhar aqueles níveis a mais para derrotar certo chefe: isso é coisa do passado. Após ganhar uma determinada estrela, ganhamos atributos, e podemos ganhar ainda mais atributos lutando contra os inimigos pelo cenário. Mas isso dura apenas um determinado tempo: após algumas batalhas, já não se ganha mais atributos. Isso impede que os jogadores se sintam motivados a ficar treinando e treinando por muito tempo no mesmo local. O jogo decide o quão forte você pode ficar, e vai nivelando os personagens, tanto para a comodidade do jogador quanto para manter a dificuldade dos próximos inimigos em um nível estável. O jogo controla o progresso do personagem, de modo que não podemos estar “poderosos demais” em um determinado chefe. Isso deixa as batalhas mais dinâmicas, pois o que leva à vitória é a tática de jogo, e não o tempo que se dedica ao treino individual, como em outros RPGs.
Vale ressaltar que a evolução que acontece para um acontece para todos. Isso é importante quando se pensa que o jogo possui quarenta e cinco personagens controláveis, e cada um deles possui habilidades únicas e intransferíveis. Convenhamos: ter que treinar com cada um deles individualmente seria uma tarefa chata demais. Afinal, não dá para usar todos a todo momento (máximo de três personagens no grupo, e um deles obrigatoriamente tem de ser o Serge), então naturalmente acabaríamos "excluindo" alguns personagens por não termos tido tempo de treinar com ele. Porém, isso não acontece. Quando derrotamos algum chefe, todos os personagens evoluem, estejam eles no grupo ou não. Isso faz com que todos os personagens estejam sempre prontos para ser usados a qualquer momento, sem criar grandes disparidades entre um ou outro personagem. Assim, a escolha entre um personagem e outro se dará apenas por características individuais de estratégia, e não por conta de falta de treino ou algo parecido.
Ainda falando sobre os personagens, essa é uma das características mais famosas desse jogo. São nada menos do que 45 personagens que podem integrar seu grupo. Cada um deles possui uma característica especial, uma participação no jogo, uma história própria, animação própria, envolvimento particular com os outros personagens, modo de falar particular, afinidade com uma cor de elemento, técnicas próprias, e tudo o mais. Todos os personagens são úteis para o desenrolar do jogo, e podemos criar uma infinidade de estratégias usando todos eles. É sempre comum termos nossos personagens favoritos, mas vale a pena conhecer melhor o que cada personagem tem de único, pois todos eles são bons, e todos podem ser colocados no grupo, assim que encontrados. Além disso, eles podem interagir entre si, realizar ataques em conjunto, e alguns personagens podem mesmo levar a mini-dungeons secretos, o que nos revelará novas e poderosas técnicas especiais de cada personagem.
Mas o modo de recrutar esses personagens é que merece atenção também. Afinal, poucos desses 45 personagens é obrigatório de se conseguir. A grande maioria é opcional, e precisa ser recrutado. Muitos exigem que você complete uma side-quest para consegui-los, como conseguir algum item específico, derrotar algum chefe opcional, encontrar uma passagem secreta, ou coisa parecida. A maioria deles pode ser perdido, e é preciso muita atenção para ser recrutado. Alguns exigirão um bom esforço por parte do jogador, mas geralmente eles valem a pena. No entanto, não é possível ter todos os personagens de uma só vez. Às vezes, é preciso fazer escolhas, e, conseguindo um personagem, excluímos outro.
Vamos falar agora sobre as tomadas de decisão. Durante algumas partes do jogo, temos de tomar decisões, que podem incluir a vida ou a morte de determinados personagens. Isso traz toda uma gama de particularidades, pois cada escolha nos traz personagens únicos, itens únicos, locais únicos. Sempre tem algo que poderíamos ter feito diferente, e essa sensação de “algo perdido” contribui muito para que possamos voltar a jogar o jogo, só para saber o aconteceria se tivéssemos escolhido a outra opção. Não é à toa que o jogo possui nada menos do que 12 finais. A escolha entre um final e outro se deve às escolhas e ações que realizamos no decorrer do jogo.
Um detalhe interessante é que, ao fecharmos o jogo, podemos recomeçar em um modo chamado New Game Plus. Com esse modo, retornamos com os personagens do mesmo modo como fechamos, com os equipamentos e tal. Assim, poderemos continuar progredindo com os personagens, e tal (os inimigos se tornam mais fortes, para que não fique desinteressante enfrentá-los). Para recrutar todos os personagens em um único save, teremos de fechar o jogo, no mínimo, três vezes. E, mesmo assim, o jogo possui tantos extras, mas tantos extras e coisas secretas, que será preciso fechar muitas, mas muitas vezes, para se ver tudo o que tem para ser visto.

Minha análise do jogo

Gráficos
Os gráficos de CC são coloridos e belos. Os cenários são muito bem trabalhados, os personagens possuem suas personalidades muito bem definidas através de suas roupas e das cores de seus trajes. Tudo flui muito bem no jogo, desde a movimentação dos personagens nos combates (com movimentos únicos, expressões e luzes bem trabalhadas), até as animações em CG, um dos pontos fortes da Square. Esses elementos deixam para trás até mesmo diversos outros jogos da Square que já eram considerados fantásticos. O número de detalhes e de elementos em tudo e em todos deixa o jogo tão belo que se apresenta, muitas vezes, como uma pintura de arte, indo além do conceito comum de um jogo de videogame. Capricho e perfeição com a assinatura da Square.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Som
As músicas de CC são tão memoráveis quanto as de outras séries da Square (vide Final Fantasy), e exercem com brilhantismo seu trabalho de passar a emoção ao jogador. As cenas tristes e as cenas de maior apelo emotivo são transmitidas com músicas que passam exatamente essas emoções, de uma forma perfeita e sincronizada. O som atribui ao jogo muito mais riqueza de conteúdo emotivo do que a maioria dos RPGs. Algumas trilhas vieram do antecessor, Chrono Trigger, e outras foram trabalhadas exclusivamente para esse jogo, com uso de alta qualidade de efeitos sonoros. O uso de instrumentos não tão típicos nas composições e o som contagiante são obras de mestre, que merecem ser ressaltadas com elegância. Porém, a falta de dublagem ainda incomoda por não atender às expectativas dos jogadores, que quer ver conversas narradas, completas. A música apenas no decorrer das longas conversas passam bem o clima, mas a ausência das vozes ainda é algo que tem de ser reclamado. Em uma época no qual a dublagem poderia ter sido feita (e foi feita pelo menos de forma parcial em outros RPGs), sua ausência apenas demonstra uma falta de capricho. Empenho excelente da Square, por causa disso.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Jogabilidade
Está na jogabilidade uma das maiores inovações de CC. O manuseio do personagem no decorrer do jogo é simples e divertido, e as batalhas não enjoam, de forma alguma. Apenas o fato de se poder derrotar um oponente de centenas de formas diferentes, usando muitos personagens distintos, muitas técnicas singulares e descobrindo um ponto fraco para humilhar o oponente, isso é fantástico. Tudo flui muito bem no decorrer da batalha, é impossível não se apaixonar pelo modo de combate de CC, e desejar que os outros RPGs fossem assim. Todas as noções básicas são ensinadas em tutoriais e em treinamentos logo no começo do jogo, não deixando o jogador na mão. Há rapidez e dinamismo no novo modo de batalha, mas ainda exige muita técnica e raciocínio para se criar as estratégias mais elaboradas. Por criar um sistema de batalha tão perfeito, podemos afirmar que o empenho da Square foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Diversão
Chrono Cross é um dos RPGs mais divertidos de se jogar da história de todos os videogames. Seu estilo de batalha e seu modo de navegação mantêm o jogador atento durante todo o tempo. Não cansa, não enjoa, e em nenhum momento o jogo fica enfadonho, mesmo quando estamos revisitando um local pela terceira ou quarta vez – porque estamos sempre tentando desviar dos inimigos que não queremos, e prestando atenção minuciosa no cenário, para não cair em armadilhas. Não se trata de simplesmente andar por aí, enfrentar um bando de inimigos e depois enfrentar um chefe: precisamos de estratégias para atravessar os locais evitando os piores inimigos, e precisamos desenvolver táticas de combate que se encaixem com cada um dos inimigos, muitas vezes tendo de se preparar antecipadamente a cada batalha, usando equipamentos e elementos certos para uma melhor performance. Cada chefe é único, e temos de pensar bem antes de realizar nossos movimentos. Temos de escolher bem os elementos a serem usados, o momento de usá-los, prestar atenção à fraqueza dos inimigos, e tentar usar sempre o campo a nosso favor. E os quebra-cabeças bem elaborados espalhados pelo jogo, as armadilhas, e os itens escondidos, tudo isso contribui para que nós mal percebamos o tempo passar enquanto estamos jogando. Empenho máximo da Square.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Longevidade
O jogo em si pode levar de 25 a 40 horas para se fechar, dependendo do desempenho do jogador e de se ele resolver completar as side-quests ou não. Trata-se de um tempo considerável, mas ainda assim não é tanta coisa, quando comparado com outros RPGs, até mesmo da Square. Porém, o jogo tem 12 finais. Isso significa que, para compreendermos tudo o que o jogo tem a nos oferecer, temos de fechar o jogo no mínimo 12 vezes. A exemplo do jogo anterior, a maioria dos finais apenas pode ser conseguido quando se joga o jogo pela segunda vez. Sem contar que o modo de jogo New Game Plus praticamente obriga o jogador a jogar e jogar diversas vezes, seja para conhecer melhor a história, para conseguir todos os personagens, ou para ver todos os finais. Uma vez que podemos usar esse tempo para fortalecer nossos personagens à beira do infinito, o jogo nunca fica enfadonho. A Square, mais uma vez, teve todo o cuidado em fazer com que esse jogo pudesse ser jogado de forma agradável e prazerosa durante muitos e muitos meses, então esse jogo merece sim a nota máxima em longevidade.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Inovação
Esse é o quesito mais impressionante desse jogo. Uma sequência que não precisava inovar em nada, mas que resolveu inovar em tudo, trouxe um paradigma que deveria ser usado por todas as produtoras: é preciso sempre fazer mais e melhor. Tudo o que podia ser melhorado foi, e novas características foram atribuídas para tornar esse RPG memorável na história da plataforma. Um novo sistema de combate maravilhoso, uma história ainda mais intricada e personagens ainda mais carismáticos demonstram um jogo que foi projetado em prol da evolução do gênero para a posteridade, e marca o quanto um RPG pode, sim, ser inovador, fiel às suas origens, diferente de tudo e ainda estupendo. Uma verdadeira aula dada pela Square. Empenho máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Soma Final: 29/30 (Excelente)

Em resumo: Só para resumir, há algumas obras que são um referencial básico na compra de um console. E Chrono Cross pode ser enquadrado como uma pedida essencial para amantes de RPG, e um dos motivos para se adquirir um Playstation. Afinal de contas, trata-se de um dos melhores RPGs já lançados na história, e não é à toa que ele é uma figurinha carimbada em diversas listas dos melhores games já produzidos. Uma obra-prima da Square, em seus tempos áureos, e uma obrigatoriedade não só para amantes de RPG como para todos que podem usufruir de um excelente jogo de videogame.


Análises profissionais

A média pela Metacritic para Chrono Cross é 94/100.

Detonado em vídeo

Este é o melhor detonado em vídeo disponível na net atualmente para Chrono Cross. O detonado está completo, sem comentários e com qualidade razoável. Não está necessariamente perfeito, mas pelo menos está completo, mostrando excelentes estratégias para derrotar os inimigos e a localização de vários itens secretos. E ele mostra como fazer o melhor final do jogo, também. Confiram, e divirtam-se:


Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5


Parte 6


Parte 7


Parte 8


Parte 9


Parte 10


Parte 11


Parte 12


Parte 13


Parte 14


Parte 15


Parte 16


Parte 17


Parte 18


Parte 19


Parte 20


Parte 21


Parte 22


Parte 23


Parte 24


Parte 25


Parte 26


Parte 27


Parte 28


Parte 29


Parte 30


Parte 31


Parte 32


Parte 33


Parte 34


Parte 35


Parte 36


Parte 37


Parte 38


Parte 39


Parte 40


Parte 41


Parte 42


Parte 43


Parte 44


Parte 45


Parte 46


Parte 47


Parte 48


Parte 49


Parte 50


Parte 51


Parte 52


Parte 53


Parte 54


Parte 55


Parte 56


Parte 57


Parte 58


Parte 59


Parte 60


Parte 61


Parte 62


Parte 63


Parte 64


Parte 65


Parte 66


Parte 67


Parte 68


Parte 69


Parte 70


Parte 71


Parte 72


Parte 73


Parte 74


Parte 75


Parte 76


Parte 77


Parte 78


Parte 79


Parte 80


Parte 81


Parte 82


Parte 83


E aí, o que achou desta análise? Curtiu? Deixe-me seu comentário, ou entre em contato comigo pelo e-mail: adm_melhorfinal@hotmail.com ou pelo twitter: @AdmMelhorFinal.

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