Esta é a análise de Tomb Raider: Anniversary, lançado pela Eidos Interactive em 2007 para o Playstation 2 e PC.
Introdução
Todo aniversário merece ser comemorado. Afinal de contas, não é todos os dias que uma franquia faz 10 anos de existência. Até porque, para uma franquia manter 10 anos de sucesso, é porque realmente os jogos são bons. O sucesso que a franquia Tomb Raider teve é relativo: a franquia passou por muitos altos e baixos. Começou como algo inovador, formidável, fora dos padrões e uma grande referência dentro de seu gênero, mas, com cinco jogos em cinco anos, a série acabou perdendo popularidade e caindo na mesmice. Mas seguiu em frente, com novos jogos pouco triunfais, mas convincentes. E, no seu aniversário de 10 anos, a primeira musa gamer digitalizada em 3D da história, Lara Croft (ou Lady Croft, se preferirem) ganhou um jogo à altura de sua grandiosidade. Um remake do clássico que foi seu primeiro jogo, o de maior sucesso e o mais querido de toda a sua série. Vamos matar a saudade das aventuras (e das curvas também) dessa eterna musa nesse jogo.
TOMB RAIDER: ANNIVERSARY
Informações técnicas
Publicado por: Eidos Interactive
Desenvolvido por: Crystal Dynamics
Gênero: Platformer
Diretor: Toby Gard
Plataforma: Playstation 2 e PC
Data de lançamento: 1 de junho de 2007
Faixa etária: Teen
Trilha-sonora da análise
Enquanto lê a nossa análise, que tal escutar o áudio que separamos mais abaixo?
Sobre a história (contém spoilers)
A história de Tomb Raider: Anniversary é exatamente a mesma do primeiro jogo, lançado em 1996. Os mesmos personagens, os mesmos locais, os mesmos acontecimentos. Portanto, se você conhece a história do jogo anterior, não há nada de novo aqui. Se não conhece, é a sua chance de conhecer, também.
Como não poderia deixar de ser, a história gira em torno da protagonista, a heroína que é a arqueóloga mais gata que o mundo já viu, Lara Croft. Como todos os personagens do jogo, ela foi totalmente repaginada. Ela era assim, no jogo original:
E, com a ajuda das novas tecnologias, ficou assim:
Uau, hein? Se ela já era uma gatinha nos gráficos 32 bits, agora ela está simplesmente perfeita. Com o corpo escultural remanejado e com feições mais robustas do que as apresentadas em Legends, por exemplo, ela está magnífica. Ela foi feita para ser uma sex-symbol, desde sua concepção, na verdade.
O jogo começa com a imagem de uma explosão, ocorrendo em Novo México, no ano de 1945. Esse acontecimento inicia uma cadeia de eventos que só serão explicados no final do jogo.
Pois bem. Lara estava de boa, descansando em sua mansão, quando ela recebe uma visita repentina de um homem chamado Larson Conway. Ele era assim no jogo original:
E ficou assim, no jogo atual:
Larson nada mais é o do que um capanga a serviço de uma grande empresária chamada Jacqueline Natla. Natla era assim no jogo original:
E ficou assim, no atual:
Ela até que não era tão feia no original, chegava a ser maldosamente charmosa, mas, na versão atual, Natla é simplesmente a dona da empresa Natla Technologies, uma das maiores companhias de eletrônicos do mundo. Esnobe, antipática e altamente determinada, essa mulher é totalmente oposta à Lady Croft.
Larson indica a Lara que Natla quer conversar com ela. Natla diz que encontrou a localização de um artefato antigo muitíssimo raro, chamado Scion. Ele estaria escondido nas tumbas fictícias de Qualopec, nas montanhas do Peru. Ela está disposta a pagar uma fortuna pelo artefato. Lara aceita ir, mas não pelo dinheiro, e sim pela aventura. Lara e seu falecido pai passaram boa parte de suas vidas procurando evidências dos artefatos Scion, e nunca encontraram, portanto, ela não pode perder essa chance única.
Lara etão vai até o Peru, e consegue invadir o templo sagrado de um antigo deus chamado Qualopec. Acredita-se que esse deus pertencia à trindade de deuses reis que governavam a terra mística de Atlantis antes de ela ser afundada. Dentro do templo, ela encontra um artefato Scion.
Esse é um artefato místico de poder incalculável. Cada um dos três deuses que governavam Atlantis possuía uma parte do Scion, e, quando ele era unido com suas três partes, qualquer desejo poderia ser realizado. Trata-se de um artefato ficcional, vale a pena ser dito, ele só existe no jogo.
Com o artefato em mãos, eis que aparece Larson para roubá-lo dela. Ele tenta tomá-lo à força de Lara, mas, para ela, trata-se de uma questão de honra localizar os três Scions. Lara consegue se livrar das garras de Larson, mas descobre que a Natla já contratou outro famoso caçados de tesouros para ir atrás dos outros dois artefatos Scion, um homem chamado Pierre DuPont. Ele era assim no original:
E ficou assim no original:
Sim, sem sombra de dúvida, DuPont foi o personagem que teve a maior alteração física na passagem do original para esse. Seu porte e seu aspecto físico não lembram em nada um ao outro. Não se sabe muito sobre Pierre, além de que ele é bem inteligente, e faz qualquer serviço em troca de dinheiro. Um mercenário nato, está mais para caçador de tesouros do que um hábil revirador de tumbas. Suas habilidades rivalizam apenas com as de Lara Croft.
Lara invade a Natla Technologies e descobre, dentro de um livro, para onde ela enviou Pierre Dupont. Assim, ela pode ter uma pista sobre onde se encontram os outros artefatos. Ela descobre que uma peça do artefato se encontra dentro da tumba fictícia de Tihocan, dentro do antigo monastério de São Francisco, na Grécia. Tihocan era outro deus da tríade de deuses reis de Atlantis.
Dentro do templo de Tihocan, ela consegue o segundo fragmento do Scion, mas logo depois ela é interceptada por Pierre. Pierre ordena que ela entregue seu fragmento do Scion a ele, e o consegue. Ela o derrota em uma luta, mas ele foge. Durante a fuga, no entanto, ele acaba sendo morto por centauros guardiões do templo, e Lara reavê os dois fragmentos do Scion.
Com os dois artefatos, Lara começa a ter visões sobre uma discussão com os três deuses reis de Atlantis: Qualopec, Tihocan e Natla. Eles governavam Atlantis. Já deve ter ouvido falar de Atlantis, não é? Uma ilha lendária lá na Grécia, que era um imenso império naval por volta de 9.600 A.C.. A lenda diz que, após uma tentativa de invadir Atena, Atlantis desapareceu do mapa por completo. Uns dizem que a ilha inteira afundou em um maremoto, e se encontra debaixo do Oceano. Outros dizem que um meteoro caiu no local e não deixou nada em pé. Porém, de qualquer forma, ninguém sabe até hoje se essa história é verdadeira ou não. Nenhum historiador jamais conseguiu descobrir se Atlantis de fato existiu, apesar de a lenda inspirar dezenas de filmes e livros ao redor do mundo.
Após essa pequena aula de história, de volta ao game. Na visão de Lara, ela enxerga os três governantes de Atlantis, cada um com seu artefato. Um dos governantes tenta travar uma guerra, aparentemente para dar início à "sétima era", mas os outros dois governantes o impedem. Em meio a essa visão, ela descobre que o terceiro e último Scion se encontra dentro do templo de Khamoon, no Egito.
Após reaver o terceiro Scion, ela tem outra visão, desta vez mais clara e mais duradoura. Trata-se daquela cena da luta entre os deuses de Atlantis. Em meio à luta pelo poder, Natla foi banida do reino dos deuses e foi transformada em cristal, forma do qual ficou durante muitos anos, até ter sido libertada após um terremoto em 1945 (aquele do começo do jogo). Sim, Jacqueline Natla é a reencarnação da deusa Natla de milênios atrás. Após sair de sua forma de cristal, aparentemente ela estudou administração e virou a líder de uma empresa de sucesso e questão de anos.
Enquanto estava absorta na visão, Lara foi rendida pelos capangas de Natla, que conseguiram lhe roubar os artefatos. Entre os capangas de Natla, está Kold Kin Kade. Essa é a sua versão original:
E essa é a sua versão atual:
Logo ela se livra dos capangas, mas já era tarde demais. Ela vê Natla fugindo de iate, e, usando sua motocicleta, ela consegue segui-la e se esconder no interior do iate. Assim, ela acaba descobrindo o esconderijo secreto de Natla. Aparentemente, as escavações das minas da Natla Technologies descobriram a pirâmide de Atlantis (não se deixe enganar, Atlantis não existe!).
Dentro da pirâmide, Lara precisa enfrentar Larson corpo a corpo. Ela consegue matá-lo, mas ela se sente culpada por ter matado um homem com suas próprias mãos. Pouco depois, ela tem de enfrentar Kold e Kid, outros dois capangas de Natla. Os próprios dois acabam se matando, de forma que Lara não precisa se sentir culpada por mais ninguém.
Mais à frente, Natla reaparece, e tenta impedir Lara de reaver os artefatos. Natla e Lara caem no abismo, e então se enfrentam. Lara consegue derrotar Natla de uma vez por todas, e então ela consegue escapar da pirâmide antes que ela explodisse por completo. E ela usa o próprio iate de Natla para conseguir escapar do local. E assim a história acaba.
E aí, gostaram? Espero que sim.
Sobre o jogo
Tomb Raider: Anniversary, como o próprio nome já diz, é uma homenagem feita pela Eidos Interactive aos fãs apaixonados pela franquia, em comemoração aos 10 anos da série. Trata-se de um Remake do primeiro jogo, lançado lá em 1996. A mesma história, porém com novas cenas, novos cenários, nova jogabilidade, novo sistema de combate, novos puzzles e itens, enfim, muita coisa nova. Trata-se de um remake bem feito, uma adaptação do jogo para os padrões modernos de Platformer com Action-Adventure.
Todas as fases do original estão presentes. Peru, Grécia e Egito estão de volta, e com muito mais detalhes. A sensação de nostalgia do jogo é contagiante, principalmente se você teve o privilégio de ter jogado o original. Eles tiveram o cuidado de manter tudo aquilo que tornou o jogo original um clássico memorável intacto, ao mesmo tempo em que incluíram muitas coisas novas, oriundas de sucessos mais recentes, como o de Legends, por exemplo. Afinal de contas, é isso que deveria ser um remake, não é mesmo?
Para quem veio direto de Legend, perceberá a mudança drástica na quantidade de batalhas. Enquanto, em Legend, o tempo todo estávamos trocando tiros com bandidos e era bala para tudo o quanto é lado, Anniversary possui um combate a cada quinze ou vinte minutos, no máximo. Tudo isso se deve ao fato de que, no jogo original, realmente o foco era a resolução de puzzles, deixando o combate em segundo plano. O mesmo se atribui aqui, no remake, não tem como escapar disso. São poucos os oponentes que encontrará pelas fases, de modo que é mais provável perder vida para os espetos e armadilhas das fases do que para os oponentes em si. Não há homens armados dessa vez: os adversários de Lara se resumem a animais selvagens, de lobos a panteras, de ursos a leões, de morcegos a gorilas, passando ainda por algumas criaturas estranhas, como gárgulas e centauros.
Portanto, Anniversary é uma confortável "volta às antigas" para os padrões atuais. Enquanto os Platformers aos poucos foram perdendo suas características essenciais para dar espaço a uma jogabilidade mais aberta e mais ação, jogos que realmente permitem a livre exploração e o raciocínio para a resolução de intrincados quebra-cabeças passaram a se tornar raridades. A própria franquia começou a sofrer desse mau com o tempo, perdendo suas raízes. Tomb Raider não conquistou fãs do mundo todo por ser cheio de ação; pelo contrário, foi por ser um jogo inteligente e assustadoramente complexo. A Crystal Dynamics não iria trair seus fãs deixando isso de lado, não é? Se você prefere resolver puzzles e explorar os vastos cenários em busca de itens escondidos, Anniversary é sue jogo. Agora, se prefere trocar tiros com oponentes, talvez seja melhor ficar com o Legends ou mudar logo para outro gênero, porque esse é um legítimo Platformer.
Sendo um legítimo Platformer, passará mais da metade do jogo entre saltos e pendurado em coisas. Afinal de coisas, como uma desbravadora de tumbas, Lara passa muito tempo confinada em templos, cavernas, cidades antigas, ruínas e pirâmides. São locais imensos, repletos de perigosas armadilhas, itens escondidos e muitos detalhes. Cabe a Lara observar e compreender bem para onde tem de ir. Nem sempre é algo fácil traçar um caminho exato até o local onde temos de ir, principalmente tendo de escalar grandes estruturas, pular de vários lugares para outro e passar por trechos quase imperceptíveis. As declives e beiradas dos cenários, peças fundamentais para que Lara possa atravessar os locais, estão bem escondidos nos cenários, assim como as alavancas e tesouros. Prepare sua intuição e seus olhos de águia para essa aventura.
Mas não é por ser mais puxado para o Platformer que o jogo precisa ter uma jogabilidade do século retrasado. Para incrementar o padrão moderno de Platformer, novos movimentos considerados essenciais hoje em dia foram colocados. O controle integral da câmera, por exemplo, foi uma belíssima aquisição, pois auxilia muito no momento de olhar ao redor e verificar para onde temos de ir, por exemplo. A "rolada 180º" deu lugar a um comando de esquiva. Lara também se move livremente agora, sem aquele estilo antiquado de "controle de tanque", que era como chamávamos o controle truncado ao estilo Resident Evil. A mira em primeira pessoa também foi uma interessante incrementação, bem pensada. Além disso, ela continua bem versátil, podendo nadar com velocidade, pendurar-se, andar agachada, realizar saltos diversos e se pendurar em todo tipo de corda ou coluna, além de poder se equilibrar brilhantemente.
E tem mais. Entre essas inovações, está o auto-grab, que já marcou presença no jogo anterior. Ele faz com que Lara automaticamente busque se agarrar a alguma beirada ou coisa sempre que possível, não havendo a necessidade de se pressionar um outro botão apenas para isso. Como alguns jogadores veteranos da franquia reclamaram da imposição do auto-grab, sem chance de voltar a jogar como era antes, a Crystal decidiu agradar a gregos e a troianos: desta vez, o auto-grab é opcional. Caso você queira jogar à moda antiga, pode desativar o auto-grab a qualquer momento no menu de opções.
Outra incrementação que não deixa de ser interessante foi a do adrenaline dodge. Lembra-se que, em Legends, quando saltávamos sobre os oponentes podíamos matá-los com cenas legais em câmera lenta? Esse princípio voltou, só que um pouco diferente. Agora, após sofrer algum dano, os oponentes entram em fúria e correm em sua direção. Caso Lara consiga esquivar-se de seu ataque no momento exato, o oponente ficará em câmera lenta, o que lhe permitirá realizar um head shot que mata com um único disparo. Isso vale para todos os inimigos comuns do jogo, e também é muito utilizado em chefes de fase.
Outra novidade são as cutscenes interativas com Quick-Time Events. A exemplo do jogo anterior, as animações do jogo não são mais apenas puramente estáticas: elas possuem momentos especiais de ação em que o jogador deve pressionar alguns botões na hora certa, para que Lara execute alguns movimentos legais. Não é lá grande coisa, mas é melhor do que nada.
Lembrando que o jogo trouxe de volta a mansão da Lara como fase treino aos iniciantes. Então, caso queria aprender os novos movimentos, ou mesmo desenferrujar, nada melhor do que os tutoriais da mansão de Lara, que desta vez está bem maior e com mais desafios. A mansão está como se fosse uma fase mesmo, vasta, com cenários variados e com puzzles para resolver. Tem até artefatos escondidos!
Mas nenhuma alteração que esse jogo teve poderá ser melhor do que essa: checkpoints. Isso mesmo. Nada como checkpoints para tornar um jogo tão difícil e frustrante quanto o Tomb Raider original em uma obra divertida e cativante. Foi uma jogada de gênio deles. Afinal de contas, vale lembrar que o primeiro jogo era um dos mais difíceis da era Playstation. Com armadilhas e perigos por todos os lados, o jogador era sempre pressionado a não errar, e a manter a concentração e o reflexo em dia. Bastava um erro de cálculo em um salto, um segundo de distração diante de uma armadilha ou uma pressa desnecessária em um momento-chave, e pronto, game over. Não tinha choro, só o que se podia ser feito era recomeçar do último save (que, muitas vezes, era lá atrás). Precisávamos avançar na ponta dos dedos, pois era bem chato ter de morrer assim. E a Crystal resolveu isso de forma simples e eficiente: colocando vários checkpoints no jogo. Não precisa mais chorar sempre que ver Lara despencar para a morte devido a um salto mal planejado: o jogo possui checkpoints a curtíssimas distâncias. Junte isso ao fato de poder salvar o jogo quantas vezes quiser e a qualquer momento e pronto, sinta-se libertado dos pesadelos que assombravam o passado. Agora ficou bem mais fácil explorar todas essas tumbas, não é mesmo?
O problema é que talvez tenha ficado fácil demais. Permita-me explicar porquê. Quando comparamos esse jogo com a versão original de 1996, a primeira coisa que pode vir à cabeça de alguns é a dificuldade. Enquanto no jogo original a dificuldade era absurda, os enigmas eram perigosos, os oponentes podiam matar com poucos golpes e a morte era uma constante, isso mudou muito nesse remake. Não que os quebra-cabeças tenham se tornado inocentes: eles continuam mortais, apenas em uma quantidade bem menor. Sem contar que os checkpoints a cada cinco minutos ajudam o jogador a se sentir menos tenso na hora de experimentar caminhos novos, pois sabe que, se errar, não precisará retroceder tanto. Agora, a diferença mais gritante está nos combates em si.
Os combates são poucos. Passará muito mais tempo explorando cenários e resolvendo puzzles do que com a arma empunhada, isso eu já explanei aqui anteriormente. Mas acontece que alguns momentos de combate podem acabar bem mais rápido do que imagina. Veja bem, os inimigos aparecem de surpresa e correm em sua direção, mas é raro aparecerem em grande quantidade, geralmente são um ou dois de uma vez. Com os novos movimentos de salto e de esquiva, fica até difícil conseguir tomar um golpe deles, que dirá morrer. Sem contar que a inteligência artificial é estúpida, de modo que eles são incapazes de passar pela maioria dos obstáculos. Lara está sendo atacada por uma manada de raptors, ou de tigres? Não tem problema, basta subir em uma pedra e pronto. Eles não alcançam Lara lá, então pode permanecer lá em cima e atirar neles até acabar com eles um por um. Simples assim. E preciso mencionar que em quase todos os inimigos do jogo podem ser mortos dessa forma infalível?
Mesmo quando Lara se deparar com seus oponentes em campo aberto, sem nenhum objeto que possa escalar e trapacear,eles não são difíceis. Sabendo usar o adrenaline dodge a seu favor, basta um único disparo, mesmo da arma mais fraca, para matar qualquer inimigo do jogo. E se o adrenaline dodge não for a sua praia, o jogo fornece um arsenal interessante para usar (espingardas, revólveres .50 e uzis) em momentos de necessidade, com munição espalhada pela fase inteira. Se souber usar bem as armas, encontrará muito mais munição nas fases do que precisará usar contra os oponentes, então pode usar as armas mais fortes sem medo. Ah, e, caso se machuque, também não tem problema, pois Lara poder usar seus kits médicos imediatamente, sem precisar menus para isso, através de botões de ação rápida. E o jogo ainda faz o favor de fornecer muitos kits de vida. Quando digo muitos, são muitos mesmo, a ponto de Lara poder chegar ao final do jogo com um estoque de mais de 30 kits de cura pequenos e uns 15 kits de cura total sobrando. Basta procurar que o jogo fornece itens de cura adoidado.
É claro que essa facilidade toda que estou mencionando vale para a dificuldade normal e para a maioria do jogo, e não para todos os momentos. Em certas situações, principalmente nas últimas fases, os inimigos podem se tornar realmente cruéis. Eles atacam em bandos, cercam Lara e tentam atraí-la para armadilhas, como penhascos e espinhos. Nas dificuldades mais avançadas, eles tiram muita vida de Lara, e realmente sua aventura se tornará bem mais difícil do que a experiência inicial na dificuldade normal. Recomendado para aqueles que já estão acostumados com os jogos de Lara Croft e querem sentir um gosto pelo desafio que se compare aos jogos anteriores.
As batalhas contra chefes também estão mais legais do que nunca. Todos os chefes foram reimaginados do jogo original, mas foram repaginados, como novo design, novos golpes e novas situações. O lendário tiranossauro rex, os centauros, e até mesmo a Natla estão legais de se enfrentar. Uma novidade na luta contra eles é a barra de rage, que, quando completa, faz com que eles usem ataques especiais, o que abre brecha para que Lara use sua inteligência. Em quase todos os chefões, terá de usar de perspicácia para bolar uma estratégia que funcione contra determinado chefe. Geralmente, isso envolve falhas do cenário, como armadilhas pré-dispostas, locais de difícil acesso ou precipícios. Isso deixa o jogo um pouco mais diferente do que aquele "atira, atira, esquiva, atira, atira, esquiva" dos jogos anteriores. Sem contar com os Quick-Time Events que aparecem ao final de cada chefe para coroar a vitória com uma animação bacana.
Tecnicamente falando, Tomb Raider é bem linear. Lara avança de sala em sala, sempre com um puzzle novo para resolver. O puzzle faz com que ela abra uma passagem para uma nova área e assim por diante. Às vezes, apenas conseguimos um item, e, com esse item, podemos voltar para a área já visitada de modo a usar esse item para disponibilizar novas áreas, e assim por diante, até acabar a fase. O jogo não abre muito espaço para caminhos alternativos, ou escolhas, mas ele compensa isso com cenários vastos e misteriosos, repletos de lacunas e locais escondidos. Jogadores mais pacientes aproveitarão para fuçar em cada cantinho do cenário, e esse sentimento natural de desvendar o desconhecido renderá muitas coisas boas. É possível acumular muitos itens de cura fazendo isso, assim como munição. Sem contar que as armas mais fortes se encontram bem escondidas no cenário, então apenas os olhos de águia ou os persistentes conseguirão encontrá-las.
Agora, os itens mais interessantes de se encontrar não são os itens de cura, nem a munição e nem as armas. Lara é uma arqueóloga, então, para ela, nada melhor para ser encontrado do que artefatos raros e relíquias preciosas. Cada fase possui um número determinado de itens escondidos, e esses itens estão em locais realmente secretos. Às vezes, é preciso ir e voltar diversas vezes pelo cenário apenas para se encontrar um deles. Como esses itens brilham, é possível localizar alguns deles à distância, mas chegar até eles nunca será uma tarefa fácil. Exige um certo estudo do cenário para compreender o modo mais rápido e simples de se conseguir chegar até aquele local tão complicado. E isso tudo tomará muito tempo, mas valerá a pena.
Conseguindo acumular artefatos e relíquias, o jogador irá liberar uma quantidade enorme de coisas secretas e legais. Como esse é um jogo comemorativo de aniversário, ele veio repleto de extras, contendo imagens oficiais, concept arts, mensagens dos desenvolvedores, fases que foram pensadas e não foram colocadas no jogo, músicas, cenas especiais, roupas secretas, comparações do atual com o original, cheats e muito mais. São muitos e muitos extras desbloqueáveis apenas pelos mais ávidos de aventura. Para um fã e colecionador, será um paraíso poder assistir as cenas e ouvir suas músicas prediletas sempre que preferir, além de poder observar as concept arts e jogar as fases "apagadas". Mas, para o jogador comum, não será nada de tão imperdível assim. Talvez os trajes mais sumários e provocantes da Lara, mas é só...
Uma coisa extra que poderá fazer também são os time trials. Ao se completar uma fase normal, terá a oportunidade de jogá-la novamente quando bem quiser. Além de jogar a fase normalmente, poderá jogar no modo time trial, no qual Lara possui um tempo cronometrado para chegar até o final. Não pense que será fácil: o tempo é curto, e não para nunca! Lara tem de percorrer toda a extensão da fase, derrotar os oponentes e passar pelos puzzles, tudo antes do tempo acabar. Completando os times trials, irá revelar mais extras secretos e alguns chetas. Esses cheats podem ser usados para se jogar o game com fôlego infinito, armas douradas, munição infinita, entre outras facilidades.
Não se trata de um jogo curto, e a quantidade de horas que passará por ele varia muito de acordo com seu desempenho e seu gosto pelo gênero. Caso queira apenas passar pelo jogo, fechar mesmo, não precisará de mais que 15 horas. Mas, se quiser explorar tudo e adquirir todos os itens secretos e escondidos, pode colocar umas 30 horas de reserva para poder explorar tudo mesmo. Agora, caso queira conhecer tudo o que o jogo tem para oferecer (e isso incluiu fechar o jogo em todos os modos de dificuldade e completar todos os time trials, para poder habilitar todos os extras e cheats), talvez 50 horas seja a quantidade mais aproximada. Pois é, fãs de Lara Croft, preparem-se.
Minha análise do jogo
Gráficos
Os gráficos de Tomb Raider: Anniversary não são ruins, mas também não são necessariamente excepcionais. Os cenários são imensos e muito belos, e a animação dos personagens estão bem feitos. O que estraga são os efeitos, que foram pouco caprichados. Os efeitos de água, de luz e de sombra são muito simplistas, pouco dignos da época em que o jogo foi lançado. Posso nomear aqui uns trinta jogos para Playstation 2 lançados na mesma época que capricharam mais nos efeitos especiais do que esse. Quando se compara com outros jogos, aliás, percebe-se diversas falhas do jogo, principalmente nas animações, e também no modo como a névoa é utilizada no jogo. Faltou um pouco mais de empenho para que esse jogo tivesse o mesmo visual que outros jogos lançados na mesma época. Eles se preocuparam demais em deixar as curvas de Lara Croft realistas e espetaculares, mas se esqueceram de caprichar também em outros fatores. Empenho considerável por parte da Crystal Dynamics.
● Nota pessoal: 3/5 (Empenho Considerável)
Som
Esse é um jogo de exploração que tenta passar uma sensação claustrofóbica e tensa ao jogador. A música possui um papel fundamental nisso! Mas não nesse jogo. A música de Tomb Raider: Anniversary é omissa na grande maioria do tempo. Isso quer dizer que passará boa parte do jogo apenas ouvindo o som de passos, do vento, e fogo e os gemidos de Lara quando ela salta ou se agarra a alguma coisa. A Crystal Dynamics optou por deixar o som ambiente se sobressair de modo que o jogo pudesse ficar o mais natural possível. Bem, não sei quanto a você, mas eu preferiria muito mais que eles tivessem colocado pelo menos uma musiquinha de fundo. Para não dizer que o jogo não possui música, nos momentos-chave ela aparece. Quando inimigos entram em cena, quando ocorrem as animações ou as batalhas contra chefe, aí é que poderá sentir a presença das composições de Troels Brun Foelmann. São boas composições, e mereciam uma posição de destaque um pouco maior do que a que lhes foi concedida. Os efeitos sonoros do ambiente e das armas foi bem feito, também. A dublagem dos personagens também foi produzida com muita qualidade. No todo, o desempenho sonoro que eles tiveram foi bom, apenas ficou bem mais ausente do que eu gostaria. Eles poderiam ter caprichado um pouco mais e colocado mais músicas para passar as sensações que eles relegaram apenas ao som ambiente. Empenho considerável.
● Nota pessoal: 3/5 (Empenho Considerável)
Jogabilidade
Esqueça a jogabilidade dos primeiros Tomb Raiders, no entanto: Tomb Raider Anniversary possui um sistema de combate e de jogabilidade que é muito semelhante ao empregado em Legends. Aliás, semelhante é pouco, já que a jogabilidade permaneceu praticamente a mesma ao Legends, o que fez com que todo o jogo tivesse de ser repensado para se adequar ao novo padrão de movimentos. No todo, a jogabilidade está excelente e tão funcional quanto sempre foi. Ampla variedade de movimentos de exploração e de combate. O auto-grab continua presente, junto com o sistema de mira em primeira pessoa. O adrenaline dodge também traz ainda mais emoção para as batalhas, principalmente nas lutas contra chefes, que estão mais legais do que nunca. E, claro, todos os movimentos são muito bem explicados através de tutoriais, então não se assuste com as novidades. A movimentação livre de Lara e o controle da câmera simplesmente tornaram tudo o que já era bom ainda melhor. Se gostava do padrão antigo, essa jogabilidade vai agradar, e, se gosta de jogos com uma pegada mais moderna, esse jogo não irá decepcionar. Enfim, pelo menos nesse quesito, a Crystal Dynamics conseguiu agradar a gregos e a troianos, pelo menos na minha opinião. A única coisa que atrapalha a jogabilidade é a câmera, que segue a personagem muito de perto, tornando alguns saltos muito mais difíceis do que eles poderiam ser se a câmera fosse um pouquinho menos balançante e mais afastada (principalmente quando em cordas ou colunas). O jogador errará alguns saltos e se frustrará um pouco por causa da câmera, mas, fora isso, tudo certo. Empenho excelente com a jogabilidade.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)
Longevidade
Tomb Raider: Anniversary foi recheado de muitos extras e conteúdo especial para poder compensar a duração do jogo. Não que a duração do jogo seja pouca, diga-se de passagem: as fases são enormes e repletas de puzzles complicados. Mesmo que o jogador apenas queira seguir em frente, sem ligar para itens escondidos e tal, ele irá gastar cerca de 12 a 15 horas para se fechar o jogo. Isso se o jogador possui alguma experiência com Platformers e tiver o raciocínio rápido exigido para Puzzle Games. Se for um iniciante na franquia, pode contar mais de 20 horas. Caso o jogador queira vasculhar cada canto dos cenários atrás de itens escondidos, artefatos e relíquias, pode contar com umas 30 ou 35 horas de jogo. Sim, chegamos a uma quantidade digna de alguns RPGs da era moderna, e só estamos falando do jogo em si. Vale a pena recolher os itens especiais escondidos em cada fase porque eles liberam um conteúdo extra muito bacana, contendo imagens, músicas, vídeos, roupas novas e mensagens especiais dos produtores. Para quem é fã, trata-se de um prato cheio, sem sombra de dúvida. Isso sem contar com os novos modos de dificuldade e com os modo time-trial, que vai ocupar ainda mais tempo do jogador, e, assim, irá liberar novos cheats, que nada mais são do que atributos especiais fornecidos ao jogo, como "todas as armas", "fôlego infinito", "munição infinita" ou "armas douradas". Vale a pena jogar várias vezes só para se conseguir liberar tudo o que é possível liberar. E é bastante coisa. Mesmo um jogador habilidoso precisará de algo em torno de 50 horas para conseguir liberar tudo no game. Vale ou não vale a pena? Fica a seu critério, mas não podemos dizer jamais que a Crystal Dynamics menosprezou o quesito longevidade. Empenho máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)
Inovação
Analisar a inovação de um jogo como Tomb Raider: Anniversary é algo um tanto quanto injusto. Afinal de contas, o jogo é um remake de um jogo de 1996. A história e acontecimentos são conhecidos, mas a jogabilidade, os gráficos e os puzzles são novos. Quer dizer: novos? Bem, novos talvez não seja a palavra certa, pois tudo aquilo que não veio do jogo de 1996 veio do jogo anterior, o Legends. A jogabilidade foi completamente inspirada no jogo anterior, de um modo que quem jogou o Legends não verá nada de novo em Anniversary. Tanto a jogabilidade comum como o sistema de combate sofreu poucas variações do jogo de 2006 até 2007. Tudo está lá: as pistolas com munição infinita (marca registrada da série), o auto-grab (a habilidade de se agarrar automaticamente na borda das coisas, que teve seu início no Legend) e o Grapple, a ferramenta de Lara que lhe permite agarrar coisas à distância, puxar coisas ou alcançar locais mais complicados. Não há nada de novo. Até os Quick-Time Events continuaram. O Headshot Dodge do jogo anterior se tornou o Adrenaline Dodge nesse jogo, com quase o mesmo princípio. Portanto, quando comparamos o jogo de 1996 com o de 2007, a evolução é evidente e surpreendente, mas quando comparamos o jogo de 2006 com o de 2007, não encontramos nenhuma variação notável. Apenas muda-se o design das fases e um ou outro detalhe. Uma pena para quem esperava um jogo surpreendente ou que apresentasse algo novo. Nesse quesito, a Crystal Dynamics mandou muito mal. Só não dou a nota máxima porque pelo menos eles se deram ao trabalho de fazer um bom redesign das fases e de correr atrás de conteúdo muito bacana para colocar como extras, com imagens, músicas e cenários projetados porém não utilizados. O empenho deles com a inovação foi mínimo.
● Nota pessoal: 1/5 (Empenho Mínimo)
Diversão
Tomb Raider: Anniversary pode parecer bem old school quando o colocamos frente-a-frente com tudo o que temos de mais moderno no gênero Action-Adventure puxado para o Platformer, como a franquia Prince of Persia, por exemplo. A intenção é justamente essa mesmo, então não tem muito o que reclamar a esse respeito. Foi a clara intenção da Crystal Dynamics trazer de volta o feeling dos primeiros Tomb Raiders, em que o combate ficava em segundo plano, priorizando a exploração e o suspense. Para os padrões modernos, chega a ser retrógrado e um tiro no pé, mas, na intenção de causar o saudosismo dos jogadores veteranos, até que funciona bem. A atmosfera claustrofóbica continua presente, é claro. A diferença é que esse é um jogo bem mais fácil do que o anterior, que era considerado por muitos como uma tortura em forma de jogo. Isso tira um pouco aquela tensão e medo de morrer que eram um charme dos primeiros jogos, mas abre portas para jogadores novos, que não precisam mais se assustar com a caótica dificuldade do jogo, o que seria péssimo para a imagem de um jogo que precisa tanto de publicidade para lavar a alma. A inteligência artificial dos inimigos é fraca demais, e a alta quantidade de munição e itens de cura apenas tornam tudo um pouco "fácil demais", o que pode frustrar o jogador que esperava um pouco mais de dificuldade no jogo. Todos esses fatores pesados lado a lado não conseguem apagar a sensação que o jogo passa, a sensação de um verdadeiro Tomb Raider. A Crystal Dynamics conseguiu captar bem a diversão que tornou essa franquia muito importante no passado. Não é o jogo da redenção da franquia, mas o empenho que eles tiveram com a diversão foi excelente.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)
Soma Final: 20/30 (Bom)
Em resumo: Tomb Raider: Anniversary acabou se tornando uma homenagem razoável para a heroína, que representa bem a franquia até aqui, seus altos e baixos. O espírito Platformer que tornou essa série tão conhecida e tão importante para o universo gamer está de volta com o tom de antes, mas com uma nova roupagem. Bem mais fácil e palatável do que o jogo anterior, e portanto disponível a um público maior, torna-se uma boa pedida caso queira conhecer a franquia (se bem que alguns fãs ainda recomendam o Legends). Item essencial na coleção de qualquer fã apaixonado de Lara, por seus muitos extras e valor histórico de colecionador; mas talvez um título dispensável para a grande maioria, por não se tratar necessariamente de uma grande obra. Dentro de seu gênero, a franquia hoje perdeu muito espaço, e há diversos outros jogos que recomendaria antes desse sem pensar duas vezes.
Análises profissionais
A média pela Metacritic para Tomb Raider: Anniversary é 83/100.
Detonado em vídeo
Esse é o melhor detonado em vídeo disponível na internet para esse jogo. Ele mostra como passar por todos os desafios de Tomb Raider: Anniversary, além de como derrotar os chefões, resolver os puzzles e alcançar os locais mais difíceis. Ele também mostra a localização de diversos itens escondidos e de quase todas as relíquias e artefatos do jogo (não são todos). Ele foi gravado na versão para PC, mas essa versão é idêntica à versão do Playstation 2. Sem contar que o vídeo está muito bem editado e com excelente qualidade de vídeo e de som. Vale a pena conferir:
Parte 1
Parte 2
Parte 3
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